Marília Arraes debate situação do Casarão Magitot

----------------------Informações da Assessoria Gabinete Marília Arraes/ Crédito da foto: Matheus Bernardes ----------------------- De olho na preservação do patrimônio público da cidade, a Câmara Municipal do Recife realizou, na noite de ontem (16), uma audiência pública para debater a necessidade de ações de restauro e a revisão do projeto da Prefeitura do Recife de construir uma feira livre na área onde está localizado o Casarão Magitot. A iniciativa foi da vereadora Marília Arraes (PT). O evento foi realizado no prédio do próprio casarão, localizado no bairro da Várzea e contou com a participação de um grande número de moradores, trabalhadores do entorno e pessoas ligadas aos movimentos culturais, de cidadania e de preservação e valorização dos espaços públicos urbanos.

Marília Arraes lamentou a ausência dos representantes do Poder Executivo municipal – que, segundo frisou a vereadora,  foram convidados com mais de 15 dias de antecedência para a audiência. “Infelizmente esta tem sido a prática desta gestão que comanda a Prefeitura do Recife. A PCR elaborou um projeto sem ouvir a população e sem levar em conta o cuidado e a necessidade de preservação do patrimônio público. Fez uma licitação e uma contratação nas quais já identificamos vários problemas e simplesmente se omite. É um desrespeito com a população e com a cidade”, destacou a parlamentar.

Entre os questionamentos que seriam direcionados para a PCR, segundo a vereadora, está o fato de que o projeto de construção da feira livre não contemplaria nenhuma ação de restauro e preservação do casarão, que foi transformado em Imóvel Especial de Preservação da cidade pela própria Prefeitura em maio de 2015. “A PCR fala em R$ 1,3 milhões para a aplicação exclusiva na obra de construção da feira livre. Mas poderia ter feito um projeto bem mais amplo, como sempre foi o desejo da população, que englobasse a construção não de uma feira que não atende as demandas dos comerciantes e muito menos da comunidade, mas de um espaço muito mais amplo, que agregasse gastronomia, lazer e cultura”, explicou Marília.

A parlamentar destacou ainda, durante a audiência, a necessidade de união da comunidade. “Não estamos aqui contra ninguém. Hoje um grupo de resistência ocupa o casarão para garantir que ele não sofra novas intervenções bruscas do poder municipal, sem a necessária discussão com a comunidade. Não podemos deixar que interesses que não são coletivos façam com que as pessoas achem que quem é a favor da transformação do espaço em um projeto amplo, que conte com um mercado, um espaço cultural e de lazer, é contra os comerciantes. Muito pelo contrário. O que queremos é o melhor para todos. Dividir a comunidade é uma estratégia de quem não consegue trabalhar para o bem comum”, afirmou ao responder ao questionamento de um grupo de pessoas que estavam com os ânimos mais acirrados.

Integrante do Movimento Direitos Urbanos, o professor Leonardo Cisneiros, que integrou a mesa, lembrou a necessidade de mobilização popular como garantia da defesa dos direitos coletivos. “Esse casarão está abandonado há muito tempo. Em junho deste ano, em mais uma rodada de questionamentos que fizemos à PCR eles foram enfáticos em afirmar que não havia nem projeto e nem recursos para fazer qualquer intervenção aqui.  De repente, em setembro deste ano, às vésperas das eleições, a prefeitura aparece para iniciar uma obra que não foi debatida com a comunidade e os movimentos que militam na defesa do patrimônio público. De imediato ocupou-se o casarão e acionamos o Ministério Público de Pernambuco, que determinou a imediata suspensão das obras, que inclusive ameaçavam colocar abaixo parte das estruturas auxiliares do imóvel. Posteriormente o MPPE ajuizou uma ação civil pública para obrigar a PCR a fazer o que tem que ser feito e não um projeto qualquer”, destacou Cisneiros.

Moradora da Várzea e militante do movimento “Salve o casarão”, Priscila Tamar, também alertou para a necessidade da abertura da discussão do projeto proposto pela PCR. “A dimensão que a PCR e seus aliados políticos querem dar é que quem está lutando pela construção do mercado e do espaço cultural é contra os comerciantes. Isso é mentira. Nós estamos lutando para o que é o melhor para todos. Mas infelizmente nós que estamos lutando para preservar o que é de todos estamos sofrendo perseguição e ameaças constantes”, contou.

No final dos trabalhos da audiência foram adotados alguns encaminhamentos que serão conduzidos pela vereadora Marília Arraes. “Vamos sistematizar todas as propostas aqui apresentadas e encaminharemos esse material para a prefeitura, cobrando que ela se pronuncie sobre tudo. Além disso, vamos repassar todos os relatos aqui colhidos para o MPPE para que eles possam ter a noção exata das dificuldades e problemas enfrentados  pela população que está lutando pela preservação do bem público. O casarão, a população e a Várzea merecem respeito e por isso não vamos desistir de lutar pelo que é de todos”, concluiu a vereadora.

Memória - Construído em 1905 o casarão sediou o primeiro hospital odontológico da América Latina, o Hospital Magitot, em meados da década de 60. Em meados de setembro, a Prefeitura do Recife iniciou a demolição de parte da estrutura que circunda o Casarão Magitot para a construção de uma feira livre.

No último dia 28 de setembro, um grupo de moradores da área e ativistas de movimentos populares ocuparam o prédio e acionaram o Ministério Público de Pernambuco, que determinou a suspensão das obras e da demolição de parte da estrutura das torres onde estavam localizadas as antigas caixas de água da construção. O MPPE também ingressou com uma Ação Civil Pública cobrando da PCR ações imediatas que garantam o restauro e preservação do prédio.

Em 17.11.16, às 17h15.