Marília Arraes entrega título de cidadão do Recife a Jaime Amorim
O vereador Ivan Moraes (Psol) presidiu a sessão solene e a mesa foi formada pelo coordenador nacional do MST, João Pedro Stédile; senador Humberto Costa (PT); a deputada estadual Tereza Leitão (PT) e o presidente do PT em Pernambuco, Bruno Ribeiro. Na abertura da solenidade um grupo apresentou duas canções do MST. Em seguida, Marília Arraes fez seu discurso de saudação e disse que era importante homenagear Jaime Amorim “neste momento de criminalização dos movimentos sociais. Jaime esteve presente em todos os momentos importantes de lutas populares de Pernambuco“, disse. Marília Arraes contou que Jaime Amorim nasceu em 7 de abril de 1960, em Guaramirim, Santa Catarina, que é formado em pedagogia pela Fundação Catarinense de Ensino, e foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT) em Joinville (SC).
O novo cidadão recifense é casado com a baiana Rubneuza Leandro de Souza, com quem teve quatro filhos, dos quais três são caruaruenses. “Em 1985 Jaime Amorim começou sua militância no MST. Dois anos depois, em maio de 1987, iniciou o trabalho de expansão e consolidação do Movimento no Nordeste. De 1989 a 1991, coordenou a Secretaria Nordeste do MST em Maceió; neste mesmo período, coordenou a primeira ocupação de terra do MST em Pernambuco, realizada num engenho onde hoje está localizado o Complexo Portuário de Suape“, contou a vereadora. Em 1992, Amorim assumiu a missão de organizar o MST em Pernambuco. Fixou residência em Caruaru, onde passou a funcionar a sede estadual do movimento. “Em Caruaru, teve participação essencial na fundação de um dos maiores e mais importantes assentamentos do Brasil, a Fazenda Normandia. Jaime teve ainda participação decisiva na expansão do diálogo do MST em Pernambuco, junto ao meio acadêmico, artístico e cultural“, acrescentou.
“Sempre numa perspectiva de diálogo com a sociedade sobre a luta pela reforma agrária popular e construção coletiva de um projeto de nação, Jaime esteve à frente de mobilizações importantes que ocorreram na cidade do Recife“, disse Marília Arraes. Em 1991, ele participou da organização da primeira marcha em Pernambuco, quando trabalhadores e trabalhadoras rurais sem terra caminharam da cidade de Pombos até o Recife. A vereadora lembrou, ainda, que em 1996, Jaime esteve entre os sem terra que realizaram uma greve de fome, que durou 10 dias, até ser conquistada a desapropriação de alguns imóveis, entre eles a Fazenda Normandia, onde hoje funciona o Centro de Formação Paulo Freire. Em 1998, foi um dos organizadores da grande marcha do Nordeste, que culminou com a ocupação da Sudene, como forma de denunciar a problemática da Seca. “O MST é herdeiro das Ligas Camponesas e conhece bem de perto a ira, a e violência do latifúndio, um latifúndio que não se envergonhou de aparecer publicamente e oficialmente, como a União Democrática Ruralista (UDR) e posteriormente como a bancada do boi e da bala, defendendo a violência armada contra a reforma agrária e a todas e todos aqueles que lutavam por ela”, afirmou a vereadora.
Em seu discurso de agradecimento, Jaime Amorim considerou que a entrega do título de cidadão recifense foi um reconhecimento da sociedade por aquilo que ele realizou à frente de um movimento que luta pela reforma agrária. “Nós realizamos muitas atividades nestes anos, muitas lutas foram feitas. Temos somente em Pernambuco 226 assentamentos e pouco mais de 14 mil famílias que vivem nessas áreas de reforma agrária. Isso significa cerca de 70 mil pessoas que se fixaram na terra deixaram de vir para os grandes centros urbanos, onde inevitavelmente viveriam nas periferias de forma indigna. Nas áreas de reforma agrária, vivem de forma digna, produzindo para a sociedade na agricultura agroecológica”, disse.
Para Jaime Amorim, o título foi mais do que uma homenagem a ele, mas uma “legitimação da reforma agrária”. Ele analisou que em Pernambuco, a luta do MST está muito imbricada com a sua história. “O reconhecimento é para mim, mas a simbologia é o reconhecimento e a legitimação pela reforma agrária. Tudo foi necessário para chegar neste momento, mas há muito para fazer por uma sociedade mais justa e igualitária. A homenagem, portanto, é antes de tudo um reconhecimento por uma luta legal e legítima realizada aqui em Pernambuco. Nós fazemos parte deste processo, e por isso agradeço à vereadora Marília Arraes, a todos os vereadores do Recife, que aprovaram o requerimento. Agradeço, ainda, à sociedade e ao povo, que reconhecem oficialmente a premissa de que a reforma agrária é um ato importante e que contribui para o desenvolvimento econômico desta terra”, afirmou.
Em 14.06.2017, às 18h38.