Marília Arraes questiona contratos de Saúde

Depois de quatro meses afastada da Câmara Municipal do Recife por conta de uma licença maternidade, a vereadora Marília Arraes (PSB) voltou ao plenário da Casa de José Mariano nesta terça-feira (8), onde destacou possíveis irregularidades na Secretaria de Saúde do Recife. De acordo com a parlamentar, a Prefeitura celebrou contratos, um deles sem licitação, com dois sócios de uma empresa envolvida na Operação Assepsia, deflagrada no Rio Grande do Norte, em 2012, pela Polícia Federal.

“Venho fazer uma grave denúncia, exigir uma resposta à altura e pedir aos órgãos de controle e fiscalização que apurem estas flagrantes irregularidades”, disse a vereadora. De acordo com ela, o prejuízo aos cofres da cidade poderia somar cerca de seis milhões de reais. Marília Arraes relembrou os detalhes da Operação Assepsia, que  envolveu a empresa ICTI.

“Pois bem, vocês sabiam que os dois sócios desta empresa estão, digamos, prestando serviços à Prefeitura do Recife? Mais especificamente, à Secretaria de Saúde?”, indagou. Ainda segundo ela, os sócios provavelmente compraram a FK Tecnologia e Assessoria em Informática LTDA para realizar contratos com a Prefeitura. “Eles chegaram aqui em fevereiro de 2012  e foram, aos poucos, tomando conta da FK, que deixou de ser uma empresa de informática para ser uma empresa de terceirização de serviços de saúde”, expôs.

A empresa, disse Marília Arraes, agora se chama Mais Vida Serviços de Saúde e chegou a realizar um contrato sem licitação com a gestão municipal. “Em outubro de 2013, celebrou um contrato de 708 mil reais para alugar ambulâncias à Secretaria de Saúde”. A vereadora afirmou que dará entrada amanhã em quatro pedidos de investigação junto aos órgãos competentes: Tribunal de Contas da União, de Pernambuco e Ministério Público Estadual e  Federal.

O pronunciamento causou uma série de pedidos de aparte de vereadores que, além de darem boas vindas a Marília Arraes, comentaram sua denúncia. O primeiro deles foi o vereador Jurandir Liberal (PT). “Sou servidor público e sei que, quando se tem algum problema de ordem na justiça, ou algum problema nas contas públicas, a ficha fica suja e  não se pode ser servidor público em outro local”, disse.

Osmar Ricardo (PT) citou casos recentes do que considerou ser mau uso do dinheiro público e falou da reforma administrativa da atual gestão municipal. “Isso precisa ser apurado pelo prefeito. É preciso que ele tome uma atitude".

Isabella de Roldão (PDT)  também falou sobre a  reforma  administrativa em seu aparte. “Como é que só depois de dois anos, o governo diz que faz um corte de 50% da publicidade? A denúncia que Vossa Excelência traz a essa casa é gravíssima. Mas que seja esclarecido o envolvimento dessas duas pessoas”.

Vera Lopes (PPS) questionou se haveria participação de  organizações sociais (OS) no caso citado. “Quanto ao contrato de ambulâncias, acho que o prefeito não tem conhecimento disso”, acrescentou a vereadora. O líder do governo na Câmara, Gilberto Alves (PTN), também se pronunciou. “Todos conhecem a honradez do prefeito Geraldo Julio, que jamais compactuaria com uma coisa desse tipo. Ainda não tive acesso às informações. Existem procedimentos que não necessariamente precisam ser feitos com licitação. O que queremos dizer é que vamos trazer a conhecimento todas as informações que vão dirimir quaisquer dúvidas quanto a esse contrato ou a qualquer outro”, declarou.

Em 08.09.15, às 20h16.