Múcio lembra dia de combate à violência contra idosos
“Essa discussão tem como objetivo provocar uma reflexão sobre um grave problema, além de divulgar os direitos dessas pessoas e os mecanismos existentes para se combater esse tipo de violência. Cada vez mais a gente vai percebendo o valor que tem essa batalha e a compreensão de que a pessoa idosa é um tesouro que a gente tem que tomar conta. Precisamos envolver a sociedade, tanto as instituições públicas quanto a população em geral, para prevenir a violação dos direitos dos idosos”.
Múcio também fez questão de alertar para o preconceito contra o idoso que se manifesta de várias formas, muitas vezes de pessoas próximas e até da própria família. “A falta de paciência e respeito com eles é algo ainda muito comum em nossa sociedade e também uma forma de violência psicológica que traz péssimas consequências para a qualidade de vida das vítimas. É comum ainda outras formas mais diretas de violência como o abandono, a apropriação indébita de bens, principalmente dos benefícios da aposentadoria e até violência física e sexual”.
O presidente destacou ainda a importância do papel da imprensa no debate e da necessidade de um trabalho de conscientização. “Tenho convicção de que um dia esse debate vai ser de domínio público e as pessoas vão saber que ele existe e que é responsabilidade de todos nós. Só ganhando o apoio da população para a causa do combate a violência contra essas pessoas, se avança na construção de uma sociedade que inclua mais aqueles que ainda têm muito a contribuir. Experiência e maturidade são valores impagáveis. Vamos lutar para que saia dessa Casa a voz desse movimento”.
Representantes de grupos de idosos de vários bairros da cidade também participaram do debate. Tereza Cristina, do Clube de Mães de San Martin, pediu pela criação de uma lei que ajude os idosos a terem aulas de informática. “Muitos não sabem mexer no computador e entrar na internet para ver o que se passa lá fora. Se a gente souber, vamos ajudar e também podemos colaborar com a vigilância dos netos”.
Maria Izabel, do Clube de Mães do Coqueiral, se mostrou preocupada com o número de idosos vítimas da Aids. Segundo ela, um estudo aponta o aumento dos homens que procuram pessoas lá fora e que têm resistência para usar preservativo, por isso, contraem o vírus HIV e passam para suas parceiras. “É importante divulgar isso, fazer uma campanha e procurar o posto de saúde. E as próprias mulheres devem conversar com os maridos e orientá-los a usar preservativo”.
Roseneide Lima, do Grupo Esperança do Alto José Bonifácio, apresentou números alarmantes. “No Recife, até maio de 2010, 266 mulheres foram violentadas, mas maus tratos e ameaças são os casos mais comuns de violência”.
Representando o secretário municipal de Saúde Gustavo Couto, Kátia Magdala destacou a importância de investir na prevenção da violência. Já a representante da Secretaria de Assistência Social, Karina Antunes, disse que desde 2006, a Prefeitura do Recife tem fortalecido e divulgado a questão da violência contra o idoso. “Mas é preciso denunciar”, orientou.
Nesta terça-feira (15), a Prefeitura do Recife promoverá um evento na Estação Central do Metrô, com a presença de várias entidades que trabalham com idosos e órgãos de proteção como a Delegacia do Idoso. O assunto foi lembrado pela secretária municipal de Direitos Humanos, Amparo Araújo. “É importante dar visibilidade às questões que afetam o idoso e ali transitam cerca de 150 mil pessoas”.
Representando o governador Eduardo Campos, o secretário estadual de Desenvolvimento Social, Roldão Joaquim, falou da importância de o Legislativo abordar o assunto. “Reverenciamos a iniciativa de uma Câmara que está no meio do povo e representa o povo. Nada mais justo, portanto, que a Casa de José Mariano venha fazer uma reunião onde os direitos das pessoas sejam relembrados sempre e respeitados por todos nós. Estou aqui solidário e iniciativas como essa merecem o nosso reconhecimento e onde estiver alguém da juventude acumulada estarei, porque sou uma delas”.
Origem da data
O Dia Mundial de Conscientização para a Luta Contra a Violência à Pessoa Idosa foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2006, com o objetivo de sensibilizar a sociedade da existência da violência e para se criar mecanismos de defesa e proteção aos idosos. No Brasil, o Estatuto do Idoso estabelece como um dever de toda a sociedade prevenir a ameaça ou violação dos direitos dos idosos. A denúncia passa a ser obrigatória aos órgãos competentes: autoridades policiais, ministérios públicos, conselhos dos idosos etc. Até 2020, 40 milhões de pessoas terão mais de 60 anos no País que será o sexto do mundo com o maior número de idosos.
Em 14.06.10, às 18h.