Múcio Magalhães homenageia professores

O presidente da Câmara do Recife, Múcio Magalhães (PT) aproveitou o grande expediente da sessão desta terça-feira, 26, para fazer uma homenagem ao Dia do Professor, comemorado em todo o país no último dia 15. A data marca a criação do Ensino Elementar no Brasil, em 1827, pelo então imperador D.Pedro I. O 15 de outubro só tornou-se feriado a partir de 1963, a partir de um decreto federal.

“Este é um esforço a mais para levar à sociedade um debate sobre a consolidação de uma educação pública, gratuita e de qualidade para todos, além de fortalecer uma luta em favor da valorização dos profissionais. O país não tem condições de alcançar desenvolvimento sem reconhecer o valor da educação”, avaliou o autor da homenagem.

Múcio Magalhães apresentou dados de um estudo realizado pela Unesco em setembro do ano passado. A pesquisa revela que o magistério é a principal oportunidade de emprego para as mulheres no país, representando quase 16% das vagas femininas. A maioria dos profissionais do setor está na educação básica, especificamente, no ensino fundamental. Ele lembra que estes profissionais têm baixos salários e problemas de formação. “Eles têm, geralmente, menos tempo, o que se reflete no baixo consumo cultural, que contribui diretamente na qualidade do ensino”. Os dados apontam que 9,4% dos professores não leem nenhum livro por ano e 28% leem no máximo dois. A televisão é a principal fonte de informação de 58% dos mestres. 

Outro problema apontado pelo presidente em seu discurso é a falta de interesse pelo magistério. De acordo com o Ministério da Educação, há um déficit de 710 mil professores na educação básica em todo o Brasil. “Os salários são poucos atraentes e os planos de carreiras são pouco claros. Somam-se a isto a carga horária estressante e péssimas condições de trabalho, motivos que afastam as pessoas - principalmente os jovens - do ofício docente”.

Múcio finalizou a fala defendendo a consolidação de uma educação democrática com participação da comunidade. “A educação é um direito fundamental, universal e inalienável e, como tal, precisa ser valorizada. E a forma mais efetiva para isto é através da ampliação dos recursos públicos para o setor. Nosso país só vai alcançar crescimento efetivo se seu povo crescer com ele”.

As homenageadas também tiveram voz e Andreia Batista, coordenadora do Simpere, lembrou da luta centenária por um piso salarial para a categoria. “Só em 2008 conseguimos aprovar a lei que aplica diretrizes para o funcionamento da Educação neste país e dá um norte para a aplicação do piso, que deveria ser R$ 2 mil, mas é R$ 1.312 e ainda é contestado por alguns governadores”.

Ela criticou o conteúdo do Plano Municipal de Educação. O documento deve ser encaminhado pela Prefeitura à Câmara, onde será votado em plenário, mas, segundo Andreia, o texto contem muitas falhas. “Dou aula a 27 alunos numa sala onde caberiam apenas dez. O espaço tem só um ventilador e o único combogó dá para a casa do vizinho e precisou ser fechado. Todas estas questões deveriam ser contempladas no Plano, mas não são. Por isso, ele deve ser visto com muita seriedade, como um debate firme e coeso com as nossas propostas, senão, iremos cair numa armadilha”.

O Conselho Municipal de Educação irá avaliar o esboço do Plano Municipal de Educação. Na opinião de Jaqueline Dornelas, representante do Conselho, a falta de dados prejudica a elaboração das diretrizes. “Para se preparar um documento que atenda às demandas, o Plano precisa ter dados reais sobre os professores. O documento precisa ser muito melhorado para chegar ao patamar de Plano Municipal”.

Num discurso improvisado mas cercado de emoção a professora Ana Carla, da Secretaria de Comunicação do Simpere agradeceu a homenagem, mas admitiu um pouco de tristeza ao ouvir os dados apresentados durante o evento. “Hoje temos que criar os mecanismos mais variados para que alguém queira fazer um curso de Licenciatura. Porque abraçar o sonho de ser educador significa negligenciar outros sonhos, como o de uma casa própria, um carro, condições econômicas melhores para criar seus filhos e sacrificar até noites tranquilas de sono”, avaliou. “Talvez a população e os nossos governantes escutem a palavra ‘rede’ e achem que ela combina com ‘brisa’, mas no Recife rede combina com suor, cansaço e infelizmente, com insatisfação”.

O vereador Jairo Britto (PHS), professor há 24 anos, também participou da homenagem. Ele parabenizou os profissionais responsáveis pela Educação Infantil e Fundamental e reforçou a necessidade de manter a luta para assegurar conquistas. “Esta é uma questão federal, temos que melhorar universidades, a estrutura das escolas e as condições de trabalho dos professores em geral”. Ele colocou-se à disposição da categoria nos debates “para a melhoria do corpo geral da Educação no Recife”, e recebeu os aplausos e o agradecimento das professoras.

Em 26.10.10, às 17h30.