Nova política de preços é central na questão dos combustíveis, diz Ivan Moraes
O vereador, que repercutiu a greve que os petroleiros marcam para a próxima quarta-feira (30), contextualizou o papel da política de preços da Petrobras dentro da crise dos combustíveis. “Os meios de comunicação oficias falharam ao não dizer o que está em jogo. Fui atrás de petroleiros, petroleiras e jornalistas que cobrem especialmente o ramo dos transportes. As informações são mais complexas do que aparece na cobertura. O que está no cerne da questão, e que não foi debatido em nenhum meio de comunicação oficial, é a nova política de preços da Petrobras. Podemos concordar ou discordar, mas isso é central. Antes das greves, os frequentes aumentos dos combustíveis e do gás afetava a população mais pobre, que já estava cozinhando com lenha e carvão.”
Ivan Moraes criticou decisões tomadas pelo presidente da Petrobras e afirmou que, como empresa pública, a entidade deve cumprir sua função estratégica para o país. O corte de impostos no setor, apresentado como solução para o impasse, também foi comentado pelo vereador. “Precisamos falar da decisão de Pedro Parente de deixar de refinar combustível no Brasil para comprar fora e deixar o nosso mercado à disposição do preço do barril. A gente paga imposto demais, mas a proposta do Governo é covarde. Tirar o PIS/COFINS e a CIDE é tirar 10 bilhões de reais do orçamento. Isso significa tirar dinheiro da seguridade social, isto é, do SUS, da Previdência e da assistência social. É preciso colocar na balança o que é melhor para o cidadão. A luta dos caminhoneiros têm muitas questões: a carga horário é abusiva, os aumentos sucessivos são abusivos. Mas não podemos achar que diminuir preço é tirar imposto. Diminuir preço de combustível é a Petrobras fazer seu papel como empresa pública que tem um papel estratégico.”
Em um aparte, o vereador Rodrigo Coutinho (SD) afirmou que oscilações de mercado também contribuíram para a crise e criticou a condução do governo da ex-presidente Dilma Rousseff na política de preços. “Enxergo alguns erros no governo de Michel Temer. Ele deveria ter sido alertado da crise que estava por vir para que não chegássemos a essa calamidade pública. O presidente deveria ter feito, desde o começo, uma política compensatória para minimizar essa questão. É importante observar que existe um problema de mercado: a Venezuela produzia três milhões de barris e hoje produz só um milhão. Em qualquer mercado, quando há queda de produção existe uma reação. E faltou mencionar a questão do governo Dilma, que agiu de forma completamente irresponsável em relação ao preço da gasolina por uma questão eleitoral. Vivemos o fruto do que foi plantado naquela ocasião.”
Já o vereador Jayme Asfora (PROS) analisou o protesto dos caminhoneiros como um movimento plural, mas que indica uma insatisfação generalizada com o meio político. “Este não é só um movimento reivindicatório por melhores condições de trabalho ou contra a própria formação do preço. Esse preço do petróleo precisa ser revisto pela Petrobras. O brasileiro não pode ser penalizado. Mas este é também um movimento político. É contra a classe política. Parece muito com os movimentos de Junho, que foram muito difusos também. As pessoas não aguentam mais. É uma condenação do status quo. Precisamos ouvir a voz das ruas.”
Em 29.05.2018, às 18h17