Oposição cobra isonomia para enfermeiros

Vários enfermeiros lotaram o salão nobre da Câmara Municipal durante a sessão plenária desta terça-feira (8) para pedir apoio aos parlamentares na luta pela isonomia salarial da categoria e a equiparação com os odontólogos na gratificação por produtividade. A vereadora Vera Lopes (PPS) cobrou do secretário de Saúde do Recife o cumprimento do acordo feito com os profissionais em 2009 para incluir as gratificações aos salários. Segundo a parlamentar, até agora os profissionais estão sem reajuste. “Eles fizeram cursos de profissionalização, tiveram a mesma carga horária e ganham menos que os odontólogos. Muitos desses profissionais estão substituindo os médicos nos Programas de Saúde da Família. Eles vacinam, fazem pré-natal das gestantes, visitam as casas dos pacientes, fazem exames, dando inclusive apoio psicológico para as famílias, tratam doenças contagiosas e se expõem. Eles merecem respeito e salário digno”.

Os cerca de 600 profissionais que atuam na Rede Municipal ganham R$ 560,00 e receberam um reajuste salarial de 4,66%, de acordo com o projeto de lei do Executivo já aprovado pelos vereadores.

A vereadora Aline Mariano (PSDB) também criticou a Prefeitura pelo descumprimento do acordo. “É uma vergonha quando estes profissionais têm quebra de acordo e não conseguem estabelecer com a Prefeitura algo que foi prometido há um ano. Isso acontece porque, na prática, não existe por parte da Prefeitura um plano de cargos e carreiras e um compromisso constitucional, que é a isonomia salarial”.

Ela saiu em defesa dos enfermeiros e pediu a criação de uma comissão parlamentar para acompanhar o ato da categoria, na manhã desta quarta-feira e, posteriormente, ouvir o secretário de Saúde, Gustavo Couto. “Existem muitas categorias insatisfeitas com a postura da Prefeitura. Especialmente os enfermeiros, que são essenciais nos serviços de atenção básica, e que não estão sendo valorizados. Espero que o governo seja sensível porque sem estes profissionais a qualidade de saúde do Recife vai cair cada vez mais”, alertou.

Daniel Coelho (PV) reforçou a necessidade de se estabelecer o PCC lembrando que várias categorias ligadas à saúde municipal se mostram insatisfeitas com seus reajustes. “Há dez anos a prefeitura promete a implementação do plano. Ano a ano passamos por processos de greve, profissionais insatisfeitos e no final quem paga é o usuário do sistema de saúde. Infelizmente as discussões estão se dando de forma isolada, isso tem que ser tratado de forma séria. O mais importante é fazer o plano para que estes profissionais não fiquem mendigando aumento”.

Segundo a líder da oposição, Priscila Krause (Dem), o orçamento municipal ainda tem condições de aumentar os investimentos na folha de pessoal. “Ninguém está pedindo um absurdo. O total de despesa pessoal está em 42%, quando o limite prudencial é de 51%. Não queremos comprometer toda a receita municipal, mas chegar aos 45% da folha já resolveria muitas questões. A Prefeitura tem dinheiro para tudo, mas o miolo, que é o material humano, está sendo esquecido”.

Para Alfredo Mariano (PSDC), os enfermeiros merecem um melhor salário “Tenho certeza que a liderança do governo vai se unir e dialogar para dar uma solução, porque não podemos tratar desigual aos iguais. Eles são tão importantes quanto médicos e odontólogos, porque todos lutam pela sociedade e pelo nosso povo”.

 

A posição do governo

 

O vereador Luiz Eustáquio (PT) também discutiu o assunto na tribuna. Ele reconheceu a importância da implantação do PCC, mas destacou os esforços do governo em atender os servidores. “O governo tem buscado valorizar e negociar com o trabalhador mesmo em momentos de crise. Com suas dificuldades, pode ser que ele ainda não tenha chegado ao que é esperado por todos os profissionais, mas ele faz o possível. Prova disso é o avanço capitaneado pelo secretário Gustavo Couto, que levou em consideração todos os profissionais da Saúde e, num momento histórico, conseguiu 25% de aumento no ano passado”.

Para o vereador Jairo Britto (PHS), a defasagem salarial não vem de hoje, mas de governos passados, o que dificulta a equiparação. Já o líder governista, Josenildo Sinesio (PT) lembrou que, historicamente, a prefeitura discute as questões apresentadas pela Casa, mas alertou, o projeto de reajuste salarial acaba de ser aprovado, e isto dificulta uma nova negociação. “O movimento dos trabalhadores é legítimo. E embora a gente saiba que no momento atual é muito difícil abrir concessões, vamos tentar. O governo é sério e responsável, e é no campo do diálogo e da negociação que existem as conquistas”.

Ao final, a vereadora Aline Mariano solicitou a formação de uma comissão parlamentar para discutir o assunto com o secretário de Saúde, Gustavo Couto.

Em 08.06.10, às 17h40.