Palestra sobre uso consciente antecede comemorações do Dia Mundial da Água

Os números são impactantes: em média 6 mil crianças morrem todos os dias, no mundo inteiro, devido a problemas relativos à água; 1,1 bilhão de pessoas está vivendo, neste momento, sem água potável, segundo a ONU; um sexto da população mundial não tem acesso à água potável; 40% dos habitantes do planeta não têm saneamento básico. Esses dados, que exigem reflexão, foram apresentados pela analista em gestão ambiental do Núcleo de Comunicação de Educação Ambiental da Agência Estadual do Meio Ambiente (CPRH), Erica Assis do Monte, em palestra realizada na manhã desta segunda-feira, 20, no plenarinho da Câmara Municipal do Recife. A iniciativa foi do Setor Psicossocial da Divisão de Pessoal da Câmara, em homenagem ao Dia Mundial da Água que será comemorado quarta-feira.

A palestra integra ações que a Câmara Municipal do Recife vem executando no contexto interno e que vai culminar com a elaboração do Plano de Trabalho Socioambiental. O objetivo é promover a educação ambiental, estimular o consumo consciente e as atitudes sustentáveis  que tenham reflexo no ambiente de trabalho, na casa de cada funcionário, além de impulsionar ações multiplicadoras.  “Nosso Plano Socioambiental vai fazer um diagnóstico e colher sugestões dos funcionários para realizarmos intervenções planejadas. Nas datas comemorativas, como é o caso do Dia Mundial da Água, pretendemos realizar palestras e debates que levem  as pessoas a reflexões”, disse  a assistente social e educadora ambiental, Sandra Melo, do setor Psicossocial da Câmara do Recife.

Durante a palestra desta segunda-feira, Erica Assis disse que a água potável do mundo é gasta, em grande parte, na agricultura. O setor é responsável, segundo a Organização para Alimentação e Agricultura (FAO),  por 70% do líquido consumido no planeta; outros 22% são utilizados na indústria e somente 8% são referentes ao uso doméstico. Cada pessoa consome, em média, por dia, 49,6 litros de água para o banho, lavagem de mãos, descargas, escovação de dentes e água potável. “A história mostra que a água é sinônimo de declínio e ascensão de muitos povos ao redor do mundo”, comentou Erica Assis, que também fez um alerta: “Segundo a ONU, até 2025 se os atuais padrões de consumo se mantiverem, duas em cada três pessoas vão sofrer escassez moderada ou grave de água”. O aumento do consumo, em vez de se estabilizar, no entanto, vem aumentando e as reservas, que são limitadas, ainda sofrem com a poluição de rios e dos mares, além da contaminação com os resíduos tóxicos.

“Apenas 2,5% do total global de água existente na Terra é água doce. E dessa parte, 68,9% estão nas geleiras; 29,9% são de águas subterrâneas e apenas 0,3% estão nos rios e lagos”, afirmou a técnica da CPRH. Ainda assim, acrescentou, a parte que está disponível para o consumo humano não é distribuída uniformemente no planeta. “A América do Sul, por exemplo, dispõe de 26% da água doce do planeta e tem apenas 6% da população mundial, enquanto que a Ásia, com 60% da população, tem 36% da água. A maior reserva de água doce do planeta está no Brasil”, disse Erica Assis. Ela observou que a solução para o consumo consciente da água requer ações educativas e atitudes autossustentáveis por parte do poder público, das empresas privadas e da sociedade organizada.

 

Em 20.03.2017, às 12h25.