Palestras e debates marcam segundo dia do seminário sobre erosão marinha

Na manhã desta sexta-feira (9), segundo dia do I Seminário Nacional sobre o Avanço do Mar na Costa Pernambucana e seus Reflexos na Região Metropolitana, o presidente do Parlamento Metropolitano, vereador Josenildo Sinesio (PT), ao abrir os trabalhos, ressaltou a importância da sociedade no debate. “A participação superou as expectativas. Cerca de 350 estudantes, técnicos, políticos de toda a região nordestes estão aqui hoje discutindo um tema vital para as nossas cidades. E todos já compreenderam que a solução precisa ser global e não isolada”.

O primeiro-secretário do Parlamento Metropolitano, Fábio Barros, vereador de Paulista, afirmou ser necessária a elaboração de um plano de gerenciamento costeiro integrado para buscar uma solução garantindo o desenvolvimento econômico sustentável. “A erosão é uma questão natural, sempre existiu, mas a intervenção do homem agravou o problema com o aterro de áreas de mangue, destruição da mata ciliar dos rios e construção de represas”.

A primeira palestra foi do professor da Universidade Federal de Pernambuco, José Diniz Madruga Filho. Ele falou sobre a história das ações emergenciais de contenção do avanço do mar na costa pernambucana. O professor Madruga explicou que o processo de erosão começou de forma mais acentuada a partir de 1910 e que o relevo contribui para o problema que é agravado pelo adensamento populacional junto à orla. 56% da população pernambucana moram na zona costeira.

O especialista fez ainda um diagnóstico preocupante das ações adotadas até agora para conter o avanço do mar. “Nossa região é uma planície com áreas de depressão sob forte influência do mar e dos rios e as técnicas utilizadas até agora pra enfrentar o problema não foram as mais adequadas, espigões, quebra-mares, enrocamentos podem até agravar a situação em determinados pontos. Além disso, precisamos refletir sobre quem está invadindo, o mar ou o homem”.

Para Josenildo Sinesio, a palestra de José Diniz Madruga reflete uma longa ausência do poder público nesta questão. “O professor nos mostrou que o avanço do mar foi provocado em parte pela ocupação desordenada do passado na orientação urbanística marcada pela ausência do poder público”.

A segunda palestra da manhã foi do professor Fábio Pedrosa, geólogo da Universidade Federal de Pernambuco, que falou sobre o tema Erosão na Costa Pernambucana: impasses e desafios. Segundo o professor, a erosão já fez recuar 25 metros a linha da costa na praia de Boa Viagem, e 115 metros em Olinda. Ele atribui esta perda à agressão ao meio ambiente e ao desmatamento. “A destruição das áreas de mangue foi crucial. O manguezal serve de amortecedor da força do mar e absorve naturalmente o excedente de água. A natureza tem seus mecanismos de ajuste quando ocorre algum desequilíbrio e nós precisamos compreender estes mecanismos para que possamos nos adaptar a eles. O primeiro passo é diferenciar crescimento de desenvolvimento econômico”.

Fábio Pedrosa também criticou as ações desarticuladas dos municípios e apresentou soluções possíveis já conhecidas como a recuperação das áreas erodidas com a reposição de areia, a construção de estruturas rígidas e a adaptação do padrão de ocupação das praias através de negociação e de novos instrumentos legais. “Não podemos nos esquecer da importância de se restaurar áreas de vegetação de mangue que foram destruídas”. O seminário continua hoje à tarde, a partir das 15h, quando acontecem novas palestras, debates e a entrega da Medalha do Mérito Metropolitano Dr. Pelópidas da Silveira a oito homenageados.

Em 09.04.2010, às 16h45.