Período chuvoso é tema de audiência pública
Cerca de um terço da população recifense, em torno de 470 mil pessoas, mora nas áreas de morro que também são pontos de risco, segundo dados da Coordenadoria de Defesa Civil. No dia 27 de janeiro, o prefeito João da Costa anunciou um plano preventivo para essas regiões, como relembrou a própria vereadora. “Mas, afinal, este plano está pronto? A Prefeitura tem recursos suficientes para executá-lo?”, voltou a perguntar. Fizeram parte da mesa debatedora o presidente da Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana, Emlurb, Carlos Muniz; a coordenadora da Defesa Civil, Keila Ferreira; o professor do Departamento de Geologia da UFPE, Evenildo de Melo; o representante do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, CREA, Antônio Cristino; o vereador Josenildo Sinésio (PT), líder do governo. Também estiveram presentes os vereadores Romildo Gomes (DEM), Priscila Krause (DEM) e Sérgio Magalhães (PTC).
Para que haja uma prevenção antes da época chuvosa, de acordo com o professor Evenildo de Melo, é necessário um eficiente planejamento urbano, que leve em consideração a característica geológica da cidade e a necessidade de drenagem para disciplinar o curso das águas. “A realidade já foi pior, mas ainda falta esse planejamento mais efetivo no Recife”, afirmou. Ele também condenou a “indústria da especulação imobiliária” que estaria empurrando as populações mais pobres para morar nas áreas mais desassistidas da cidade.
Keila Ferreira apresentou slides detalhando o Plano Operação Inverno da Prefeitura do Recife e disse que ele consiste na identificação e análise das áreas de risco, contingenciamento de recursos e comunicação. Segundo ela, há também uma preocupação com a educação ambiental e investimentos na estrutura administrativa para melhorar a atuação da Defesa Civil. Ela afirmou que já foram executadas 61 obras de contenção de encostas e construção de escadarias. Outras 50 estão em andamento. Está programada a compra de 2 mil rolos de lonas plásticas e 40 mil metros quadrados de gel impermeabilizante para proteção dos morros. Além disso, o auxílio moradia já beneficia mais de 4 mil e 500 pessoas. Um abrigo temporário para vítimas de deslizamentos foi construído na Zona Sul e outro está sendo concluído na Zona Norte. A Operação Inverno vai contar, segundo ela, com o orçamento na ordem de R$ 53 milhões, sendo R$ 10 milhões a mais do que em 2010.
A coordenadora da Codecir concluiu dizendo que de 2001 para cá, a Defesa Civil tem o que comemorar. “Houve uma redução no número de acidentes com vítimas. Na década de 1990, foram mais de 140 óbitos. De 2001 para cá, 21”, afirmou. O agrônomo Antônio Cristino avaliou que era “inegável que o Recife tem um plano de contenção reconhecido em nível nacional”, mas também admitiu que “os serviços públicos” têm dificuldade em “orientar a população sobre os perigos das construções em áreas de risco e de realizar uma fiscalização para retirada das moradias irregulares”. Já o presidente da Emlurb, Carlos Muniz, disse que o trabalho de prevenção exige uma parceria dos poderes públicos com a população. A falta de consciência ambiental leva as pessoas a jogarem lixo nos rios e canais. Segundo ele, a Emlurb fez a limpeza de quatro grandes canais, de galerias e canaletas. Esse trabalho, segundo ele, é permanente.
Durante os debates, o vereador Josenildo Sinésio disse que a audiência pública esclareceu para a sociedade que a atual gestão da Prefeitura do Recife tem um programa que mudou a cara da cidade. “Antes de 2001 a cidade era abandonada”, alertou. Sérgio Magalhães retrucou: “Não é justo dizer que houve prefeitos que não deram atenção especial aos moradores dos morros. Todos trabalharam nesse sentido”. Priscila Krause adiantou que precisava conhecer o cronograma das ação da Prefeitura nos morros. “Com isso, poderei realizar uma fiscalização eficiente”, afirmou.
Em 22.02.2011, às 13h15.