Projeto de lei da PCR homenageia Naná Vasconcelos

Ele foi um dos músicos pernambucanos mais conhecidos em nível internacional. O percursionista, que era a cara do Carnaval recifense, responsável pela abertura da maior festa do Estado, está sendo homenageado pelo prefeito Geraldo Júlio. Através do projeto de lei número 12/2016, o chefe do Executivo propõe denominar de Naná Vasconcelos o conjunto habitacional localizado na Rua Guarajá, 56, na Linha do Tiro. A proposta, que já foi submetida à Câmara Municipal do Recife, está aguardando ser incluída na pauta.

Juvenal de Holanda Vasconcelos morreu vítima de câncer de pulmão, no dia nove de março deste ano, um mês depois de ter participado da abertura oficial do Carnaval do Recife, comandando cerca de 600 batuqueiros de 12 nações de maracatu, como fazia há 15 anos. A apresentação era um espetáculo à parte na cerimônia festiva, que ocorria sempre no início da noite de sexta-feira que antecedia o sábado do Zé Pereira. Após a apresentação dos batuqueiros, o coral Voz Nagô também era regido pelo músico. Só então, dava-se como aberto oficialmente o Carnaval do Estado.

A sua obra era conhecida dentro e fora do Brasil. Mais conhecido como Naná Vasconcelos, apelido que foi dado pela avó, ele despontou no início da década de 1960, quando deixou o Recife e foi morar no Rio. “Dotado de uma curiosidade intensa, indo da música erudita do brasileiro Villa-Lobos ao roqueiro Jimi Hendrix, Naná aprendeu a tocar praticamente todos os instrumentos de percussão, embora nos anos 60 tenha se especializado no berimbau”, historia o prefeito Geraldo Júlio, no projeto de lei encaminhado á Câmara.

O texto diz, ainda, que o primeiro contato de Naná com instrumentos de percussão se deu cedo, aos 7 ou 8 anos, quando ele foi admitido pelo próprio pai para tocar bongô e maracas em um conjunto do Recife. Assim, ainda na infância, aprendeu a tocar sozinho, usando as panelas de casa. “Precoce, aos 12 anos já se apresentava com seu pai numa banda marcial em bares e participava de grupos de maracatu locais. Aprendeu primeiro a tocar bateria para então tocar berimbau. Em 1967 mudou-se para o Rio de Janeiro onde gravou dois LPs com Milton Nascimento. No ano seguinte, junto com Geraldo Azevedo, viajou para São Paulo para participar do Quarteto Livre, que acompanhou Geraldo Vandré no III Festival Internacional da Canção”, diz o projeto de lei.

No início da década de 1970, formou o Trio do Bagaço, com Nélson Angelo e Maurício Maestro, apresentando-se, com o grupo, no México, a convite de Luis Eça. Foi nesta mesma época que Gato Barbieri, saxofonista argentino, o convidou para fazer parte do seu grupo, ajudando o percussionista a ganhar projeção internacional, começando uma longa carreira fora do Brasil. Com o músico argentino, ele se apresentou em Nova York e Europa, com destaque para o festival de Montreaux, na Suíça, onde o percussionista encantou público.

Sua discografia é tão extensa quanto os projetos ligados à música nos quais ele esteve envolvido. Atuou como percussionista ao lado de diversos artistas internacionais como B. B. King, Jean-Luc Ponty, David Byrne, Jon Hassell, Egberto Gismonti, Pat Metheny, Evelyn Glennie e Jan Garbarek. Formou, entre os anos de 1978 e 1982, ao lado de Don Cherry e Collin Walcott, o trio de jazz CoDoNa, com o qual lançou 3 álbuns, num estilo musical definido como world jazz. Em 1981, tocou no Woodstock Jazz Festival, em comemoração ao décimo aniversário do Creative Music Studio. Em 1998, Vasconcelos contribuiu com a música "Luz de Candeeiro" para o álbum Onda Sonora: Red Hot + Lisbon, compilação beneficente em prol do combate à AIDS, produzida pela Red Hot Organization.Em 2013, o músico fez a trilha sonora da animação O Menino e o Mundo, que concorreu ao Oscar de melhor filme de animação em 2016. Em 2015, Naná lançou um projeto com o cantor Zeca Baleiro e Paulo Lepetit chamado "Café no bule".

No dia 9 de dezembro de 2015, Naná Vasconcelos recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) - sem nunca ter cursado nível superior. Naná Vasconcelos ganhou, por oito anos consecutivos (1983-1990), o prêmio de Melhor Percussionista do Ano da conceituada revista Down Beat, considerada a "bíblia do jazz". Em julho de 2015, noticiou-se que Naná estava com um câncer de pulmão. Após o diagnóstico, Naná iniciou o tratamento e manteve-se em atividade. Em setembro de 2015, logo após iniciar as sessões de quimioterapia, gravou um vídeo recitando poesias e divulgou pelas redes sociais. No dia 29 de fevereiro de 2016, um dia depois de sentir-se mal após uma apresentação realizada em Salvador.

Em  27.10.16 às 14h22.