Projeto do Telhado Verde é aprovado

O projeto do Poder Executivo que dispõe sobre a melhoria da qualidade ambiental das edificações por meio da obrigatoriedade de instalação do “telhado verde”, "ecotelhado" e construção de reservatórios de acúmulo ou de retardo do escoamento das águas pluviais para a rede de drenagem foi amplamente discutido na Câmara hoje, 16. A vereadora Michele Collins (PP) apresentou uma emenda ao projeto salientando que a proposta traria prejuízo aos templos religiosos.

“Quero reafirmar que eu nunca fui contra essa matéria, considero extremamente importante para todos os cidadãos recifenses, porém eu apresentei uma emenda pedindo que pudessem ser excluídos os templos religiosos da implantação do telhado verde e escoamento das águas. Estivemos presentes nas reuniões das Comissões com engenheiros e arquitetos da Assembleia de Deus explanando as dificuldades que os templos teriam. Até algumas Organizações Não Governamentais nos procuraram explicando não ter condições de executar o projeto, pois é muito caro. E também não concordo que mansões com mais de 400 metros quadrados e grandes edificações empresariais fiquem de fora da proposta”, disse Michele Collins.

O vereador Luiz Eustáquio (PT) lembrou que a emenda de Michele Collins é de grande relevância. “Se aprovado, será um setor da sociedade que terá um prejuízo muito grande da forma como está posto. A vereadora elaborou uma emenda e considero importante dar o devido destaque e quero dizer que vou votar a favor. Lembremos que a instalação de templos será amplamente prejudicada”. A vereadora Aimée Carvalho (PSB) também concordou com emenda pontuando a questão da mão de obra. “Esse projeto é muito bom mas, ao meu ver, precisaria fazer algumas ressalvas. Uma delas é uma mão de obra especializada com a supervisão de profissionais tais como arquitetos, paisagistas e engenheiros. Ou seja, um  custo 6 vezes maior do que o convencional”. “Vou votar pela emenda e ressalto que os templos têm feito um trabalho maravilhoso no Recife que considero essencial e de inclusão social”, completou Jairo Britto (PT).  André Ferreira (PMDB) também votou a favor da emenda e sugeriu a rediscussão do projeto. “Nós, evangélicos, não somos contra o projeto, defendemos o meio ambiente, mas estamos preocupados com outros fatores. Existe uma grande dúvida sobre a interpretação do texto que consta no projeto”, completou.

O presidente da Comissão de Meio Ambiente, Jurandir Liberal (PT), fez a leitura detalhada do que estabelece o projeto e frisou que o telhado verde contribuirá para o aspecto paisagístico e para a diminuição das temperaturas.  “Se formos a um shopping, por exemplo, observamos a intensidade do calor naquela área descoberta do estacionamento. O projeto tem que ser para todos, não estou contra a igreja mas, como instituição educadora, deveria ser a primeira a implantar a preocupação com o clima. Fizemos uma excelente discussão com a Emlurb que deu grandes contribuições, colocando todas as regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Quero também dizer que tive a preocupação de analisar com muito carinho a emenda de Michele Collins”, disse.

Já a vereadora Priscila Krause (DEM) ressaltou que avanços urbanísticos devem ser seguidos e destacou as imagens dos mapas registrando as mais altas temperaturas. “O grande problema ambiental que se encontra nas cidades é causado pelo impacto da urbanização e vivemos num caos. Não estamos questionando o papel social da igreja, mas vimos na reunião da Comissão  imagens satélites, bolsões de calor no Recife e quanto mais vermelho, mais calos. Retrata, por exemplo, que as áreas dos templos em Santo Amaro são muito vermelhos . Isso é, simplesmente, um padrão que existe na cidade e estamos querendo reverter. É  fundamental cada um dar sua parcela de contribuição. Não é um debate contra ou a favor de igreja, mas a discussão de um modelo de cidade que queremos entregar para nossos filhos, netos e bisnetos”, disse. “Nossa posição é contra a emenda, mas deixo claro que  jamais existe qualquer discriminação religiosa. Temos responsabilidade com o planeta Terra”, completou Raul Jungmann (PPS)

O vereador Eurico Freire (PV) fez questão de lembrar que o projeto foi objeto de audiências públicas e de como o clima é afetado diante de construções projetadas sem áreas verdes. “Todos os vereadores foram convidados para participar da audiência pública. Conhecemos a periferia e sabemos das urgências lotadas de crianças e idosos com problemas respiratórios causados pelas ilhas de calor. As maiores ilhas de calor foram identificados na Imbiribeira, Boa Viagem e Caxangá. O projeto também permite uma grande colaboração para a mobilidade. Na época de chuva acontecem zonas de alagamentos. Os telhados verdes vão ajudar nesse processo e os reservatórios permitirão que essas águas sejam retidas. As igrejas darão a sua devida contribuição para nossa sociedade.  Então é com esse breve relato que faço apelo a essa Casa para a aprovação do PLE 67/2013”, disse.

Ao final das discussões, o projeto foi aprovado por 25 vereadores (1 rejeição ) e a emenda da vereadora Michele Collins foi rejeitada por 15 a 15.

Em 16.12.14 às 20h03.