Questões de gênero são discutidas na Câmara
Em seu discurso na tribuna, Michele Collins disse que as casas legislativas brasileiras se posicionaram de forma contrária à presença desses termos nos planos de educação votados por elas. “A ideologia de gênero já foi rejeitada nos planos federal, estadual e municipal, tendo contado com a participação maciça da sociedade. A ideologia de gênero quer colocar para as crianças nas escolas que elas podem ser o que elas quiserem, segundo sua construção cultural. Isso é só a ponta do iceberg. Nós temos um compromisso com a família e não podemos concordar. Queremos que as crianças aprendam e tenham respeito a quem é diferente, mas não queremos que elas sejam incentivadas.”
Durante o debate, o vereador Jayme Asfora (PMDB) manifestou sua opinião no microfone de aparte. “O que chamam de ‘ideologia de gênero’ é a possibilidade das escolas debaterem que não há prevalência da mulher sobre o homem. É ensinar que um adolescente homossexual tem os mesmos direitos que o adolescente heterossexual. É importante que se debata igualdade de gênero e o direito ético à livre orientação sexual. O número de homicídios em Pernambuco por crime de ódio a homossexuais tem crescido.”
Também em um aparte, o vereador Fred Ferreira (PSC) mostrou ser favorável ao requerimento feito por Michele Collins. “A minoria quer se tornar maioria. Os pais não têm mais direção. Somos defensores da família e do Evangelho. A bancada evangélica da Câmara do Recife não vai deixar essa atitude passar. A educação religiosa e sexual deve ser feita em casa. A sociedade civil tem que replicar isso cada vez mais.”
O vereador Rodrigo Coutinho (SD) pediu que Michele Collins lesse no plenário os segmentos da Base Curricular que fazem menção a questões de gênero. “Sou pai de uma criança de seis anos e sei da importância da família na vida de nossas crianças. Vossa Excelência traz informações que acabo de ver com o secretário de Ensino Básico do nosso ministro Mendonça Filho, que me informou que é absolutamente contrário à ideologia de gênero. Queria que Vossa Excelência nos mostrasse exatamente onde ela está para que possamos verificar.” Em resposta ao parlamentar, a vereadora leu trechos do documento.
Também subiu à tribuna para discutir o requerimento de nº 9504/2017 o vereador Ivan Moraes (PSOL). Ele manifestou-se favoravelmente ao debate sobre gênero nas escolas. “Seria repugnante que cada pessoa fosse obrigada a um determinado comportamento. Seria repugnante se alguém, no ambiente escolar ou doméstico, fosse forçado a agir de acordo com um gênero com o qual não se reconhece ou com valores de sexualidade que não são seus. Também precisa ser recriminada a atitude de que todo mundo é igual. Isso parte da ciência. Refuto a ideia de que se trata de ideologia.”
Ao plenário, o vereador Renato Antunes (PSC) expressou sua opinião contrária ao debate sobre temas de gênero. “Essa é uma pauta de interesse da família. O que a vereadora Michele Collins pede é um apelo, não uma determinação. Nós temos que entender que não é o governo que impõe a sociedade aquilo que ela precisa, mas o contrário. E nós, aqui, representamos. Não podemos discutir política pública ouvindo apenas a minoria. Precisamos ouvir a pluralidade. É um golpe o que se impõe na Base Comum Curricular.”
Durante as discussões, o vereador Rodrigo Coutinho pediu vistas à matéria. O parlamentar tem cinco dias corridos para devolver o requerimento, que não poderá ser votado até então.
Em 30.10.2017, às 18h25