Recife pode ter o Dia Municipal da Música Sertaneja

Terra do frevo e do maracatu, o Recife inclui todos os ritmos e estilos musicais na sua multiculturalidade. Tanto é assim que pode comemorar ainda este ano, pela primeira vez, o Dia Municipal da Música Sertaneja. Um projeto de lei, que já foi votado em plenário na Câmara Municipal do Recife, institui a data no calendário de eventos da cidade, a ser comemorada anualmente no dia 13 de julho.

A autoria é do vereador Amaro Cipriano Maguari (PDT), que buscou na história e na cultura a justificativa para apresentar o projeto. Depois da votação em plenário, o projeto seguiu para a Comissão de Redação que vai dar parecer sobre o texto final e em seguida enviá-lo para apreciação do prefeito João da Costa, que poderá sancioná-lo ou não.

No projeto o vereador diz que o adjetivo “sertanejo”, originalmente, refere-se à cultura nordestina, do interior. E faz uma diferenciação da cultura”caipira”. Ele explica que a “cultura sertaneja é de resistência, do matuto, legitimamente sertanejo, conhecedor da caatinga”. Já a “cultura caipira”, segundo ele, é originária da área que abrange o interior de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e até mesmo Pernambuco. É a cultura do colono.

O vereador acrescenta, ainda que é conhecida como caipira ou sertaneja a música composta e executada das zonas rurais, do campo, a antiga moda de viola ou música de raiz. “Os caipiras, ou sertanejos, às vezes duplas ou solo, utilizavam instrumentos artesanais e típicos do Brasil Colônia, como viola, acordeão e gaita”, afirma o vereador.

Numa breve restrospectiva histórica, Amaro Cipriano Maguari diz que o etnógrafo Cornélio Pires foi o primeiro promotor desse estilo de música. “Em 1910, Cornélio Pires apresentou no Colégio Mackenzie, hoje Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, um espetáculo que reuniu catireiros, cururueiros, e duplas de cantadores do interior. Em 1928, ele conseguiu que o sertanejo entrasse para a discografia brasileira, sendo considerado o precursor dos sertanejos da chamada cultura de massa”, esclareceu.

A criação de Cornélio Pires, ainda de acordo com a justificativa do vereador Maguari, permitiu à nascente música sertaneja libertar-se da música caipira, ganhar vida própria e diversificar seu estilo, distanciando-a, consideravelmente, da música caipira original. “A música sertaneja nasce, no final dos anos 20. A data escolhida foi 13 de julho, por ser esta a data do dia do nascimento de Cornélio Pires, o primeiro grande promotor desta música”, disse.

Em 18.02.2010, às 11h35