Recife terá R$ 2,4 bi para o Plano de Mobilidade

O Recife deverá ter recursos da ordem de R$ 2,4 bilhões para obras de implantação do Plano de Mobilidade, cuja execução orçamentária total está estimada entre 20 e 30 anos. Os investimentos fazem parte do PAC 2 de Mobilidade do Governo Federal, lançado semana passada. Mas não é só. De acordo com o arquiteto Milton Blotler, presidente do Instituto da Cidade, que veio à Câmara Municipal na tarde desta terça-feira, 22, pela segunda vez para falar sobre o Plano de Mobilidade da cidade, além das obras estruturais haverá ainda ações de suporte que incluem contratação de agentes de trânsito da CTTU, uma nova regulamentação para as calçadas e outras medidas mais imediatas.

O arquiteto citou os teleféricos nos morros como fator de inclusão social, pois tira as pessoas de baixa renda do isolamento. Comentou iniciativas como as de Bogotá e Medelin, na Colômbia, e no Rio de Janeiro. “Mais de 500 mil pessoas vivem acima da cota 12, que obriga edifícios a partir do quarto pavimento a terem elevadores. Nos  morros não há esta obrigatoriedade”. Outro ponto que ele destacou diz respeito aos corredores Norte-Sul e Leste-Oeste, e a quarta perimetral que devem ficar prontos para a Copa de 2014.

Milton Botler também chamou atenção dos parlamentares para o fato de que o Recife é a única cidade do país onde a fiação de energia elétrica e de telefonia não são embutidas e a concessionária se nega a fazê-lo. Para ele, a questão das calçadas é crucial porque é o marco zero da mobilidade. “Se não forem boas, as pessoas não saem de casa. É preciso arborizá-las para dar conforto ambiental. A grande novidade desse Plano é que  ele trabalha com um conceito abrangente. Antes se tratava apenas da circulação e do transporte, priorizando o individual. Este trata do conjunto de ações, de infraestrutura para ele acontecer”.

Segundo Milton Botler o Plano trata do transporte fluvial, para fins turísticos e como complementar, das ciclovias, dos corredores, bicicletários, edificios-garagem, binário de circulação e grandes corredores. Para ele, a proposta tem uma visão de futuro porque trata daquilo que queremos para a cidade, contemplando etapas estruturadoras coletivas e não apenas individuais.

Os vereadores fizeram questionamentos. Romildo Gomes (DEM), por exemplo, está preocupado com o nó do trânsito na cidade e perguntou sobre o transporte fluvial e metrô de superfície. Aerto Luna (PRP) disse que sentiu falta de informação sobre a integração das propostas com o metrô já existente. Maré Malta (PPS) observou que não aparece no projeto a questão da segurança, uma vez que serão criados grandes centros de convergência. Vera Lopes (PPS) considerou sonhadora a implantação em 20 ou 30 anos, lembrando que não se consegue dirigir hoje. Aline Mariano (PSDB) externou preocupação com os teleféricos nos morros e Marcos Menezes (DEM) disse que gostaria de ter acesso ao Plano por inteiro para discuti-lo melhor. Jairo Britto (PHS) ressaltou que o problema do trânsito é histórico, embora essa gestão tenha investido em sua melhoria.

Milton Botler respondeu às perguntas dos vereadores, mas sugeriu que outros especialistas venham à Câmara para fazer um debate temático e por etapas. Lembrou que a Casa pode dar enorme contribuição aprovando um Plano que não é partidário. Ele disse ainda que o Recife precisa priorizar o transporte público de qualidade, lembrando que as grandes obras feitas só deram espaço até agora para os carros. “Há um hiato na mobilidade, mas a concepção do Plano demonstra que sua grandiosidade é viável. A PCR tem equipe pronta para atuar dentro da Enlurb, CTTU e outras empresas. Este é o primeiro plano que de fato indica o transporte coletivo como prioridade”.

Em 22.02.2011, às 18h25.