Reestruturação de Banco do Brasil e da Caixa Econômica é tema de reunião pública

Discutir a reestruturação de dois dos maiores bancos públicos do país: o Banco do Brasil – que já possui um programa de fechamentos de agências e cortes no quadro funcional em curso – e a Caixa Econômica Federal, que também planeja mudanças relevantes em sua estrutura física e pessoal. Foi com esse objetivo que foi realizada uma reunião pública na Câmara do Recife nesta quarta-feira (14), por iniciativa do vereador Jurandir Liberal (PT). Com setores sindicais interessados, principalmente o Sindicato dos Bancários de Pernambuco, o parlamentar ainda debateu a conjuntura política nacional e as medidas tomadas pelo governo de Michel Temer.

Ao dar início ao evento, Jurandir Liberal repercutiu a aprovação, no Senado, da Proposta de Emenda Constitucional nº 55/2016, que deve congelar os gastos públicos durante os próximos 20 anos. “A aprovação da ‘PEC da morte’ vai ter efeitos nocivos para a população já a partir do próximo ano e isso vai se acumular conforme passar o tempo. Ontem, vi Temer rindo com essa aprovação. Para completar sua missão golpista, depois do desmonte da Petrobras ele vai tratar do que resta de estatal, daquilo que não foi entregue no período de Fernando Henrique Cardoso: o Banco do Brasil e a Caixa Econômica. Não podemos ficar alheios a esse tema.”

A presidente do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Suzineide Rodrigues, classificou as mudanças nos bancos como um desmonte. “Esses bancos sempre foram e serão um elemento fundamental para o desenvolvimento do nosso país: a Caixa Econômica com a infraestrutura e casa própria; o Banco do Brasil com o Pronaf e a agricultura familiar. O que estamos vendo é a retirada de funcionários, seja pelo plano de demissão incentivada ou pela aposentadoria, e não é por questões de finanças. Os bancos estão lucrando, a Caixa Econômica recentemente superou o Banco Itaú e o Banco do Brasil já está em primeiro lugar. A longo prazo isso vai significar a precarização do atendimento e o desenrolar pode envolver a privatização.”

Também participou da reunião o secretário de Bancos Públicos do Sindicato, Renato Brito, que fez uma defesa do papel social dessas instituições. “O governo está redimensionando a função desses bancos com um caráter de sucateamento. Os dois maiores bancos do país são o Banco do Brasil e a Caixa Econômica, nessa ordem, mostrando que o que é público é eficiente e dá certo. Eles atendem suas funções sociais e regulam o mercado como um todo. Com esse processo de reestruturação, eles pretendem enxugar para privatizar. Pode haver perda para a sociedade na agricultura familiar, da qual o Banco do Brasil é o grande financiador, e no financiamento de infraestrutura, do qual a Caixa Econômica é responsável. Há todo um conjunto de instituições financeiras públicas que dialogam com um modelo de sociedade que deve ser defendido.”

A diretora do Sindicato dos Bancários, Jaqueline Melo, relatou a trajetória das lutas pela manutenção da Caixa Econômica como instituição pública nos anos 1990 e criticou as mudanças propostas atualmente. “Já ocorreram várias reestruturações. Nós questionamos a forma com que elas acontecem, mas elas são naturais. No entanto, isso não é uma reestruturação. É um desmonte. As pessoas estão bastante preocupadas. Estamos dispostos a lutar, o caminho é esse. Estamos fazendo um diálogo com a população. O Brasil precisa da Caixa, precisa de um banco do povo.”

Para o diretor jurídico do Sindicato, João Rufino do Egito Filho, existe um ataque às instituições públicas. “O Brasil vive um estado exceção. Estão promovendo atos beligerantes contra o patrimônio público. Vemos o Minha Casa, Minha Vida tomar outro viés. Vemos o capital financeiro babando pela Caixa Econômica e pelo Banco do Brasil. Precisamos denunciar esses ataques que estão sendo feitos a esse patrimônio. Temos vários indícios de que as pessoas estão se encaminhando a passos largos para um abismo anunciado.”

Em 14.12.2016, às 13h11