Relator rejeita plano de mobilidade do Executivo

O relator do Plano de Mobilidade Urbana do Recife, vereador Múcio Magalhães (PT) antecipou seu voto pela rejeição do documento, enviado à Câmara do Recife meados do ano passado, e recomendou a devolução do mesmo ao Executivo. “Vou antecipar meu voto, pois o relatório está concluído e ainda hoje será enviado ao presidente da Comissão Especial de Mobilidade Urbana, vereador Gilberto Alves (PTN), para que tome conhecimento de meu voto pela rejeição do mesmo”.

Múcio Magalhães ressaltou que a Comissão trabalhou muito este ano, embora sendo eleitoral, discutindo em audiências públicas diversos assuntos como calçadas, navegabilidade, adensamento urbano e tantas outras questões cruciais para o crescimento planejado da Cidade. “O projeto chegou a esta Casa tardiamente. Na condição de relator fizemos o debate técnico. O plano falha em muitos aspectos. Não amplia espaços para pedestres, nem ciclistas. É bem intencionado, mas é evasivo em relação à mobilidade de uma cidade complexa como o Recife. Não diz quais serão os órgãos responsáveis pelos empreendimentos que serão necessários à sua implantação, nem como se dará a acessibilidade aos morros, não detalha  a instalação de corrimãos nas escadarias, nem estudos para solucionar os problemas nos morros. O plano deveria ser mais detalhado”.

O vereador chamou a atenção para o fato de que o documento não esclarece como será o plano de adensamento urbano da cidade, cujo trânsito está desestruturado em função da quantidade de prédios construídos de qualquer maneira. Sérgio Magalhães (PSD) ressaltou que já se sabia que o plano havia sido enviado com lacunas graves e por isso teria de ser rejeitado.

Priscila Krause (DEM) frisou que quando houve uma reunião na Câmara sobre o assunto ela se preparou para colocar sua posição, mantida até hoje, que era e é a de rejeitar o plano e devolvê-lo ao Executivo. “O problema da cidade é o controle do adensamento e o plano não diz como será feito. Não adianta construir vias, edifícios-garagem  se não houver este controle e planejamento. Recomendei  uma pesquisa sobre origem-destino mas foi desdenhada pelo presidente do Instituto Pelópidas Silveira. Disse que eu não conhecia o assunto. É um problema dificílimo de resolver. O Recife enfartou e ninguém vê isso ou não via. Esta Casa tem obrigação de seguir o voto do relator e assim dar grande contribuição  à cidade. Precisamos cobrar sensibilidade e responsabilidade do novo gestor”.

O presidente da Casa, vereador Jurandir Liberal (PT) lembrou que foi relator do Plano Diretor da Cidade e na época recomendou que o Plano de Mobilidade fosse enviado à Câmara em dois anos, mas levou três para chegar aqui. “Cumpri meu papel de presidente formando a Comissão Especial, que foi suprapartidária, representativa e democrática”. Gilberto Alves disse que a Comissão não havia tomado conhecimento oficialmente do voto do relator e só pode se manifestar quando o relatório chegar às suas mãos. “Assim que recebê-lo vou convocar toda a Comissão para discutir e deliberar. Recebi o plano tardiamente, mesmo assim fizemos muitas audiências com a sociedade, promovendo amplo debate. Cumprimos nosso papel.”

 

Em 11.12.2012, às 18h22.