Reunião Pública debate a campanha Outubro Rosa

Por meio da Resolução nº 2.574, de 20 de agosto de 2013, de autoria da vereadora Michele Collins (PP), foi estabelecido que, anualmente, a Câmara Municipal do Recife se engajaria ao Outubro Rosa com a realização de eventos e atividades. E na manhã desta terça-feira (15), a parlamentar promoveu uma reunião pública para debater o assunto. “O propósito é o de conscientizar o quadro de servidores da Casa de José Mariano e a sociedade recifense para a importância da realização da prevenção, além de estudar políticas públicas para fortalecer a rede de combate ao câncer de mama”.

Segundo a vereadora Michele Collins, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer, estima-se que este ano devem surgir mais de 59.000 novos casos, ou seja, 56 ocorrências para cada 100 mil mulheres.  “Considerada segundo tipo de doença que mais atinge o público feminino, o que representa aproximadamente 25% de todos os cânceres que acometem as brasileiras”.

A parlamentar explicou a história da Campanha Outubro Rosa e falou da importância em debater o assunto. “A Casa de José Mariano se reúne hoje para registrar a importância do Outubro Rosa para a saúde das mulheres. A campanha mundial iniciou-se nos Estados Unidos e várias localidades daquele país escolheram esse mês para lançar cada uma delas, de maneira isolada, ações de prevenção e educação sobre essa doença. A iniciativa ganhou força no final da década de 90, quando instituições sem fins lucrativos passaram a desenvolver trabalhos nesse mesmo período. A partir daquele momento se iniciava a campanha do Outubro Rosa”, disse Michele Collins.

A advogada Diana Câmara, da Câmara dos Advogados Associados, atua na área de saúde e disse que a sua função tem muito contato com pacientes e famílias. “Todos ficam muito sensíveis e tentam conseguir de forma urgente o tratamento médico ideal. É preciso ter muita cautela nesse trabalho e quando conseguimos a decisão favorável para realizar o tratamento sentimos uma grande satisfação. O câncer está inserido no dia a dia de todo mundo, então é importante que a sociedade tenha sensibilidade à questão”.

Cláudia Barbosa, Superintendente Administrativa do Hospital do Câncer de Pernambuco, confessou que há 10 anos teve diagnóstico do câncer de mama.  “Fiquei sem saber o que fazer e com a impressão de que uma sentença de morte foi decretada. Mas resolvi ir em busca da minha vida e fui realizar o tratamento. Eu fazia mamografia todos os anos e achava que não teria alguma doença”.  A Superintendente lembrou que o HCP atende mil pacientes por dia e que conta do apoio fraterno do exército cor de rosa, presente no Plenarinho. “Contamos com a sociedade civil por meio de doações; atendemos exclusivamente pelo SUS e estamos lá à disposição de todos e todas para esclarecimentos ou tirar dúvidas. O nosso Exército Cor de Rosa, aqui presente nesse momento, está todos os dias ajudando as pacientes no tratamento, que é duro, e tem sido essencial”.

Fabiana Leite, da Comissão da Mulher da Ordem dos Advogados de Pernambuco (OAB/PE), falou sobre as atribuições da OAB/PE e que um evento será direcionado às mulheres, em alusão ao Outubro Rosa. “A OAB é porta-voz de toda a sociedade civil e gostaria de anunciar que ao próximo dia 22, na sede da Ordem, haverá um evento sobre o câncer de mama. A OAB em convênio a Caixa de Assistência dos Advogados de Pernambuco (CAAPE), também realizará uma série de exames de mamografia na CAAPE”.

O médico Eduardo Maia Magalhães enalteceu que a prevenção é essencial, além da realização dos exames. “Antes da Revolução Industrial tinha pouca incidência do câncer e hoje são vários os casos, até mesmo em crianças. O que todos nós poderíamos fazer é assumir aspectos básicos em nossas vidas que dependem de nós mesmos, como alimentação adequada e a prática de exercícios”. Zélia Matos, da Fundação Milton Campos, explicou as atividades atuais e futuras do órgão.  “Trabalhamos com prevenção de drogas aos jovens e o Outubro Rosa será a primeira vez esse ano. Foi um convite da vereadora Michele Collins”.

Maria da Paz, integrante da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Pernambuco, disse que estava muito feliz com o evento na Casa e esclareceu atividades realizadas pela Rede. “É muito bom praticarmos um trabalho como este. Uma corrente do bem. Somos mais de 20 mil e nosso trabalho é o de ação e prevenção. No mês de setembro, por exemplo, fomos a várias escolas públicas e privadas levando conscientização sobre a saúde aos alunos e professores, além de exibirmos depoimentos reais. O nosso compromisso é com a saúde de todos e todas”.

Isabela Coutinho, diretora do Hospital da Mulher do Recife, considerou positiva a iniciativa da vereadora Michele Collins e falou sobre as ações do Hospital. “Para que a mulher seja atendida no Hospital da Mulher do Recife, ela tem que passar, primeiramente, por algum serviço de saúde básica. Atendemos mulheres e meninas a partir de 10 anos de idade, isso é um diferencial, além do cuidado com as mulheres trans também. Somos referência na humanização do parto e nascimento, são mais de 500 partos por mês ajudando o estado nessa grande missão. Além disso, temos uma parceria com a Secretaria de Defesa Social no atendimento às mulheres vítimas de violência de todo o estado de Pernambuco, por livre demanda. A mulher, vítima de violência, não precisa marcar dia, nem horário. O serviço funciona 24 horas”.

A médica Cristiana Tavares, coordenadora do Centro de Oncologia do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (CEON), disse que de acordo com o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), 40% das pacientes que fazem mamografia não apanham o resultado. “É tempo perdido. É preciso criar e organizar um sistema eficaz para dar continuidade ao atendimento. Outro dado importante é o de que 30% das mulheres com menos de 50 anos têm câncer. Isso precisa ser revisto como uma política de rastreio porque o Ministério da Saúde tem como faixa etária recomendada para a mamografia a de 50 a 69 anos”.

Cristiana Tavares trouxe um estudo à reunião pública sobre os números do câncer de mama no Brasil realizado pelo Grupo Brasileiro de Estudos do Câncer de Mama (GBECAM), fundado em 2005 por oncologistas brasileiros, com interesse e compromisso no estudo e no tratamento do câncer de mama. “Esse estudo é feito exclusivamente com a população brasileira com recortes de nossas populações. São 50 mil novas pacientes/ano e a incidência é alta nas regiões sul e sudeste. No norte é baixa, mas será que as pacientes são subnotificadas porque muitas não tem acesso à unidade de saúde, especificamente na Amazônia?”, indagou.

Ao final da reunião pública, a vereadora Michele Collins entregou certificados em homenagem a vários (as) participantes do evento.

Em 15.10.2019 às 12h24.