Reunião Pública debate aedes aegypti e microcefalia

Números recentemente apresentados pelo Ministério da Saúde estão trazendo preocupação para Pernambuco. De acordo com o órgão, até o último dia 5 foram registrados 1.761 casos suspeitos de microcefalia, em 422 municípios de 14 unidades da federação. Neste período, o estado de Pernambuco registrou o maior número de casos (804). E o grande responsável pela anomalia é o mosquito Aedes Aegypti, transmissor do zika vírus que, por sua vez, vem causando a microcefalia. Diante da situação local, os vereadores Aimée Carvalho (PSB) e Eurico Freire (PV) promoveram hoje, 11, uma reunião pública cujo tema foi: Aedes aegypti e a microcefalia. Como combatê-los?

A vereadora Aimée Carvalho fez questão de lembrar o papel fundamental de cada parlamentar. “Estamos num verdadeiro campo de batalha e não podemos ficar de fora. Como vereador, é preciso alertamos sobre a situação e, também, fazer a nossa parte em nossas casas. Também estamos reforçando nas comunidades a importância da prevenção, conversando com as famílias. Espero que essa doença seja exterminada da nossa cidade”.

O clínico geral Carlos Britto, um dos médicos responsáveis por constatar a relação da zika vírus e microcefalia, fez um resumo de como os casos foram investigados. Ele também participou da elaboração do Plano Nacional de Enfrentamento à Microcefalia no Brasil. “Em 19 de outubro houve um relato no aumento dos casos de microcefalia e logo fomos acionados. Numa visita ao Imip, 16 crianças foram internadas com microcefalia e os especialistas nunca viram um número tão grande de casos num curto espaço de tempo. Imediatamente as investigações foram feitas, coletaram o soro das mães e crianças e a hipótese surgida era a da zika. No mês seguinte, dia 11 de novembro, o governo federal declara estado de emergência em saúde pública”.

O médico ressaltou que a responsabilidade em combater o mosquito transmissor cabe ao estado, cidadão e profissionais da saúde. Ele ainda frisou a importância da Câmara em ajudar a população nesse processo com a criação de um projeto de lei. “A população tem uma parcela de responsabilidade, os governantes precisam investir em saneamento básico visando à melhoria das condições socioeconômicas. Além disso, médicos, enfermeiros e todos os demais profissionais da saúde precisam de capacitações adequadas. Ou seja, esses três setores são responsáveis. E muito importante ressaltar que é preciso dar apoio às mães, garantindo que elas tenham todo suporte financeiro, como o transporte para a fisioterapia para as crianças. Então eu sugeriria à Câmara a elaboração de um projeto de lei que garantisse essa locomoção, além da doação de repelente às gestantes. Esses produtos estão custando 20, 30 reais e é muito caro para a população carente”.

Maria Lúcia Brito, chefe do setor de neurologia do Hospital da Restauração, destacou a importância da educação para a população. “Precisamos tomar atitudes que tragam benefícios à população. É educar sem censura, sem coação. Os cidadãos têm que participar como um todo e serem atingidos de todas as maneiras possíveis, ensinando os cuidados dessa transmissão. É preciso realizar um trabalho muito profícuo de todos e, especificamente, dos profissionais de saúde os quais entendem um pouco mais do assunto”. A médica frisou que tem recebido vários pacientes do interior do estado. “São casos de pacientes da Região Metropolitana do Recife e interior e recebemos casos de complicações neurológicas praticamente de todo o estado. No entanto, nós não temos ainda todo o levantamento do sertão, mata ou agreste. Sabemos que a população está exposta, então é preciso arregaçar as mangas e levarmos educação ao interior no combate ao mosquito”.

Constância Ayres, vice-diretora de ensino do Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães, deu explicações sobre o vírus e lembrou que o dever é de todo o cidadão se prevenir. “É um vírus extremamente complexo, silvestre, transmitido por varias espécies e com capacidade de replicação muito maior. Combater o mosquito é fundamental e não deve ser somente em momentos de emergência. É sempre. E não e fácil por causa da dificuldade da população entender a importância do papel de cada um nessa luta. O governo tem papel de esclarecer, mas sem a ajuda da população não será possível. Não é só agente de saúde e governo. Cada pessoa faça a sua vigilância”.

Representando o secretário de Saúde do Recife, Denise Oliveira lembrou que a pasta vem preocupando-se com a questão. “Temos equipes debruçadas 24 horas, mesmo diante das dificuldades atuais. São profissionais dedicados e que agora podemos contar com um protocolo excelente direcionado às gestantes. Lembramos sempre que as medidas de controle são as mesmas de um velho conhecido nosso: o mosquito da dengue- Aedes Aegypti. Existe sim, a responsabilidade do estado, mas temos queixas na ouvidoria onde os condomínios estão até com a tampa de caixa d’água aberta. Estamos diante de um grande desafio e precisamos trabalhar juntos”.

Em 11.12.15 às 19h11.