Reunião pública debate os problemas do fornecimento de energia

As interrupções no fornecimento de energia elétrica, que atrapalham a vida dos cidadãos e causam prejuízos financeiros a pessoas físicas e jurídicas, motivaram a reunião pública realizada no plenarinho da Câmara Municipal do Recife na manhã desta quarta-feira, 13. Os debates sobre os problemas no fornecimento de energia no Recife foram promovidos por iniciativa do vereador Jayme Asfora (PMDB), que se dedica a acompanhar os problemas do setor elétrico e ficou alarmado com a ocorrência que deixou parte da cidade às escuras durante sete horas no dia 18 de fevereiro.

O vereador entende que a prestação do serviço público concedido pela Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) vem se caracterizando por falhas como a falta de investimentos na expansão do sistema, o mau atendimento aos consumidores e o não cumprimento dos índices de qualidade determinados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no que diz respeito à frequência com que ocorrem as faltas de energia e também as durações das mesmas. Participaram da reunião o presidente da Celpe, Luiz Antônio Ciarlini; o representante da Agência de Regulação de Pernambuco (Arpe), Hamilton Lins; o professor da Universidade Federal de Pernambuco, Heitor Scalambrini Costa; o representante da ONG Ilumina, José Antônio Feijó e a coordenadora da Associação em Defesa da Cidadania e do Consumidor (Adeccon), Rosana Grimberg.

O apagão do dia 18 de fevereiro, provocado por uma queda de raio na subestação da Boa Vista, foi usado como mote pelo vereador Jayme Asfora para apresentar os medidores de qualidade na prestação de serviço usados pela Aneel . “O DEC é um índice que calcula a duração média das interrupções de energia e no ano passado, Pernambuco atingiu a média de 18,91 horas, quando o limite da Aneel é 17,41. O outro índice é o FEC, que mede a frequência média com que ocorrem essas interrupções. Pernambuco ficou 7,90 horas sem energia e a média nacional é de 13,90 horas”, afirmou. O professor José Antônio feijó disse que nos últimos 15 anos houve uma deterioração “do sistema elétrico nacional, com queda geral na qualidade de serviços, principalmente com ocorrências de pequenos apagões localizados e o aumento da tarifa de energia acima da inflação”.

A coordenadora da Adeccon, Rosana Grimberg, disse que a associação recebe constantes reclamações sobre as falhas na prestação dos serviços de fornecimento de energia elétrica. “As reclamações são, na grande maioria, em relação à queda de energia. Os consumidores se queixam que, com essas ocorrências, há muitos prejuízos financeiros. E a Celpe se nega a pagar indenizações. A empresa também não cumpre o que a lei determina sobre informações de quitações de contas anteriores”, disse.

O presidente da Celpe, Luiz Antônio Ciarlini, fez uma apresentação densa com informações sobre o que vem sendo feito para impedir as interrupções no fornecimento de energia e o plano de investimentos da empresa para a rede de transmissão. “O sistemas elétrico de distribuição da Celpe tem 133 subestações no Estado que são constantemente monitoradas. Ao todo são 126 mil quilômetros de rede”, disse. Segundo ele, na Região Metropolitana do Recife ficam 41 dessas subestações, que têm 51% da potência de todo o sistema do Estado e 62% do consumo de Pernambuco. A logística da RMR, para fazer os atendimentos, é feita em 25 bases, das quais 11 no Recife, que dispõe de 76 equipes trabalhando por dia. “As atipicidades que provocam problemas na rede elétrica são os fortes ventos e as chuvas. Mas 38% das ocorrências das interrupções de fornecimento ocorrem pela interferência de galhos de árvores na rede elétrica”, assegurou.

No ano passado, segundo Luiz Antônio Ciarlini, houve oito interrupções de energia elétrica em Pernambuco. “A FEC de 2012 foi menor que a média do Brasil, que é de 11 interrupções, e do Nordeste, que é 10. Quanto à duração das interrupções, segundo ele, somaram 19 horas às escuras. “A média do Brasil é 18,6 horas e a do Nordeste, 18,5”. O tempo médio de atendimento dos chamados em casos de interrupção, em 2012, na Região Metropolitana, foi de 142 minutos. Nos últimos quatro anos, disse, a Celpe invetiu R$ 330 milhões na manutenção das linhas de transmissão e até 2015 investirá R$ 1,6 bilhão. Ciarlini confirmou ainda a queda de energia elétrica ocorrida no dia 18 de fevereiro, na subestação da Boa Vista, mas garantiu que às 8h55, 53% da área já estava restabelecida e que às 13h, 100% do sistema funcionava normalmente. E que 44 profissionais trabalharam na operação de normalização da subestação.

Os dados apresentados por Luiz Antônio Ciarlini foram questionados pelo professor da Universidade Federal de Pernambuco, Heitor Scalambrini Costa. Ele disse que os números e justificativas eram discutíveis, uma vez que foram apresentadas e defendidas pela própria Celpe. Mas o representante da Arpe, Hamilton Lins, instituição que fiscaliza a companhia, rebateu a crítica do professor. “A Celpe é uma das empresas do setor elétrico brasileiro mais fiscalizadas”, defendeu, confirmando os dados de Ciarlini. Participaram da reunião os vereadores Amaro Cipriano Maguari (PSB), Machille Collins (PP) e Aderaldo Pinto (PRTB).

 

Em 13.03.2013, às 13h.