Reunião pública na Câmara debate defesa da Petrobras e do pré-sal

“Defender a Petrobras é defender o Brasil”. Sob esse mote, escrito em uma faixa erguida no plenarinho da Casa de José Mariano, foi realizada nesta quinta-feira (10), na Câmara do Recife, uma reunião pública sobre a defesa da maior empresa brasileira e dos recursos da camada do pré-sal do país. Requerido pelo vereador Jurandir Liberal (PT), o encontro contou com a participação de autoridades e representantes de entidades sindicais.

Jurandir Liberal abriu a reunião fazendo uma retrospectiva dos impactos dos investimentos realizados em Pernambuco pela Petrobras durante o governo federal do Partido dos Trabalhadores, como a refinaria de Abreu e Lima. “Depois de tudo isso, vem a campanha de desmoralização desses investimentos. E isso começa com a Petrobras. Eu queria que a gente tivesse uma imagem real do que é a refinaria de Abreu e Lima. Puxo essa reunião hoje para que a gente tenha um contraponto”.

Representando a executiva do PT municipal, Eduardo Nunes foi um dos integrantes da mesa da reunião. Ele frisou a importância estratégica dos investimentos do pré-sal. “O pré-sal é importantíssimo para a gente seguir o rumo daqui para frente. As forças conservadoras do país tentam barrar os avanços conquistados ao longo desses 12 anos. O pré-sal é essencial para a gente incluir mais o povo brasileiro, especialmente com a educação. O plano de educação de Fernando Henrique não previa o financiamento. O novo plano prevê. E um dos pilares do seu financiamento é o pré-sal”.

O coordenador do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Petróleo de Pernambuco e Paraíba (Sindipetro PE/PB), Marcos Aurelio Monteiro, ressaltou a importância da atuação da Petrobras no Estado. “Como pernambucanos, temos que ter consciência que a Petrobras tem uma implicação bem direta na economia do Estado e do município. Em dezembro do ano passado, tínhamos 45 mil trabalhadores na refinaria de Abreu e Lima, e hoje 3500. Foi um impacto muito grande. Temos que defender essa empresa que pertence ao povo brasileiro”.

O representante da Central Única dos Trabalhadores (CUT) Paulo Rocha fez questão de sublinhar a importância do debate. “A CUT tem estimulado que suas entidades façam uma discussão em torno da Petrobras e, em especial, do pré-sal. Qualquer país que não investe em educação, saúde e segurança vive com uma sociedade injusta. A discussão que está na nuvem é a corrupção, mas o que está por baixo é a tentativa de vender a Petrobras”.

Para a supervisora técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) Jackeline Natal, o viés geopolítico deve fundamentar o olhar sobre a questão. “Quando cheguei aqui, em 1995, a economia pernambucana estava indo ladeira abaixo. Isso só se reverte a partir da decisão da Petrobras de trazer uma refinaria. Como é um setor extremamente rico e o Brasil passa a ser uma área geopolítica de disputa de petróleo com o pré-sal, precisamos olhar para a Petrobras com mais cuidado”.

Com o auxílio de uma apresentação digital intitulada “As rendas geradas pela exploração de petróleo no Brasil – efeitos do pré-sal e a retomada do desenvolvimento”, o diretor de relações internacionais e movimentos sociais da Federação Única dos Petroleiros (FUP), João Antônio de Moraes, apresentou conceitos e dados relacionados à atuação da Petrobras e da estrutura de exploração de petróleo no Brasil.

Moraes enalteceu as proporções da reserva do pré-sal e sua capacidade de impactar a educação do país – e salientou que os problemas enfrentados pela empresa estão relacionados mais a fatores externos que aos desvios apontados pela operação Lava Jato. “Todo cidadão brasileiro se interessa profundamente que qualquer desmando seja profundamente apurado e punido. Aos petroleiros interessa ainda mais, pois toda a riqueza que advém do petróleo vem do nosso suor e do nosso sangue. Mas a crise que enfrentamos infelizmente está muito distante da corrupção da Lava Jato. Com a alta do dólar e com a queda do preço do barril de petróleo, a Petrobras programa reduzir seus investimentos em 500 bilhões de reais até 2020 e vender ativos da ordem de 200 bilhões. São 700 bilhões contra os seis bilhões da Lava Jato”.

Ao final da reunião pública, foi dado espaço para intervenções do público presente. Diversos temas, como a dimensão política do petróleo, as privatizações ocorridas no país durante a década de 1990 e a situação dos terceirizados da Petrobras em Pernambuco, foram discutidos.

Em 10.12.2015, às 13h40