Rinaldo Junior debate os desafios dos profissionais de educação física
“Trata-se de uma categoria muito importante, mas que não é vista ou valorizada. São poucas as escolas da rede pública municipal do Recife que dispõem de professores de educação física, para exercer a função. E apenas 10% das escolas têm espaços onde eles possam exercer suas atividades”, afirmou o vereador. Ele acrescentou que a audiência pública foi uma entre as diversas iniciativas que pretende encaminhar no sentido de resgatar a valorização da categoria. “Eu já apresentei três projetos de lei que vão interessar direta ou indiretamente a esses profissionais”, disse.
Os projetos de lei são os seguintes: o de número 26/2019, é do interesse indireto da categoria. Ele dispõe sobre a obrigatoriedade de colocação de placa indicativa de locação nos prédios utilizados pela Administração Pública Direta, Indireta e Autárquica do município do Recife. “Esse projeto se refere ao direito coletivo de informação a ser prestada pelo Poder Público, pois numa democracia, a transparência e a facilidade de conseguir acessar essas informações são indispensáveis para o cidadão acompanhar, fiscalizar e julgar os atos de seus representantes”, esclareceu Rinaldo.
Já os outros dois são do interesse direto. O projeto de lei 32/2019 institui, no Calendário Oficial de Eventos do Município do Recife, a Semana Municipal do Profissional de Educação Física. “A semana será de fundamental importância para estimular expor, trocar e difundir conhecimentos teóricos e práticos sobre as mais variadas questões de educação física, através de planejamento, programação e realização de campanhas educativas, cursos, exposições, pesquisas, publicações, reuniões e seminários, além de conscientizar a importância da prática de atividades físicas regularmente, de forma sistematizada e orientada, contribuindo para a valorização do profissional de educação física”, disse.
O terceiro projeto de lei, o de número 36/2019, obriga os condomínios que possuem academias a contratar profissionais de Educação Física como responsáveis técnicos por esses espaços. “Acho que o Educador Físico é o profissional mais capacitado para exercer atividades por meio de intervenções, de avaliação, de prescrição e orientação de sessões de atividades físicas com fins educacionais, de treinamento, de prevenção de doenças e promoção da saúde, etc, é papel do Educador Físico avaliar as condições dos pacientes e elaborar um programa de atividades acessíveis ao grupo, o que possibilitará a realização de um trabalho permanente e eficaz, visando sempre à melhoria da qualidade de vida”, argumentou.
A audiência pública reuniu diversos representantes da categoria dos Educadores Físicos. Um dos participante foi o chefe do Departamento de Educação Física e professor do bacharelado da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Henrique Kohl. Segundo ele, a inobservância das leis tem prejudicado os profissionais. E esse comportamento via além das escolas, pois atinge as academias de ginástica e até as escolinhas de futebol. “Tanto os espaços públicos quanto os privados desrespeitam a lei e isso impacta no mercado de trabalho. Está havendo, inclusive, um desestímulo de alunos dentro nos cursos de licenciatura”, informou.
Já o professor de educação física, Lúcio Beltrão, também participante da audiência, voltou à questão que diz respeito às escolas. Afirmou que apesar de a prática dos exercícios físicos ser um componente curricular obrigatório, a Prefeitura do Recife não cumpre o que determina a Lei de Diretrizes e Bases da Educação. “A lei manda que todos os anos do ensino fundamental tenham um professor de educação física. Mas, nas escolas da rede municipal do Recife a educação física só é trabalhada do 6º ao 9º ano. Nos anos iniciais, do 1º ao 5º, o componente é trabalhado por um pedagogo com formação polivalente. Isso está errado”, garantiu.
Ele ressaltou que as escolas obrigam os pedagogos a fazer as vezes do professor de educaçã física, mas os que obedecem à Secretaria de Educação “podem ser enquadrados judicialmente por exercício ilegal da profissão”. A coordenadora geral do Sindicato Municipal dos Profissionais de Ensino da Rede Oficial do Recife (Simpere), Cláudia Ribeiro, confirmou que a PCR não cumpre a LDB. “A educação física é uma disciplina do currículo obrigatório e tem que ser garantida”, afirmou. Ela acha que além da questão profissional outro grande desafio da categoria é quanto aos espaços para a prática de exercícios físicos, pois a grande maioria das escolas não dispões de quadras esportivas adequadas.
O diretor Executivo de Gestão Pedagógica da Secretaria de Educação do Recife, Rogério Morais, afirmou que “em nosso entendimento estamos cumprindo a LDB”, mas confirmou que nos anos iniciais são os pedagogos que trabalham o conteúdo da educação física. “Eles trabalham a educação física enquanto componente da carga horária, mas não dão aulas práticas”. Ele reconhece que esse debate “é antigo e passa por uma questão nacional”. Acrescentou que a “Prefeitura está aberta a discutir essa questão, que é interessante, pois exige debater o currículo, espaços e futuros concursos públicos”.
Em 29.03.2019, às 12h50.