Sepultamento do corpo de Liberato será nesta manhã

O sepultamento do corpo do ex-vereador Liberato Costa Júnior, 99 anos, está previsto para às 10h da manhã desta quinta-feira, no cemitério de Santo Amaro. No momento, o velório ocorre no plenário da Câmara Municipal do Recife, onde parentes, amigos e autoridades se revezam no adeus a um dos mais respeitados homens públicos que a Cidade conheceu. Sua vasta biografia, que inclui dez mandatos como vereador, mandatos como prefeito e deputado estadual, pode ser acompanhada na matéria.

O ex-prefeito do Recife João Paulo (PT) recordou que Liberato fez parte da sua  trajetória política. “Com o velho Liba, como o chamávamos aqui, eu tive a oportunidade de ser o primeiro vereador do PT no Recife.  Nós, já naquela época, tivemos uma atuação muito importante na mesa diretora da Casa, onde  vimos o compromisso dele com a cidade. Ele era um vereador muito atento às questões da cidade. Não só por amar o Recife, mas por conhecer profundamente sua história, a história de luta do povo.  Criamos uma relação de amizade e quando me elegi prefeito, mesmo em lados diferenciados Liberato nos apoiou muitas vezes, na defesa da cidade.  A partir daí se ampliou ainda mais a nossa amizade e conversamos em muitos momentos importantes sobre a conjuntura política.  O que ficou  foi esse espírito de fraternidade, de amizade e de construção e amor pelo cidade do Recife”.

Emocionado, o ex-vereador João Arraes (PSB) também lembrou Liberato ao prestar seu último adeus. “Falar sobre Liberato em tese seria fácil, ele tem uma bela história. Mas no momento é difícil. Talvez eu tenha sido hoje, em vida, uma das pessoas mais ligadas a Liberato. Ele me chamava de ‘meu crítico’, usava meu celular. Tinha uma intimidade e um respeito comigo e eu também tinha com ele. Liberato teve uma vida exemplar. Ele amava esta cidade e sua gente. Fez um trabalho fantástico e vai fazer falta a todos nós, muita falta. Era um amigo e sempre que podia eu ia conversar e aprender com ele. Ele me cativou muito pelo respeito e pelo carinho que ele tinha para comigo e com meus familiares”.

O ex-vereador e ex-presidente da Câmara do Recife Josenildo Sinésio (PTB) enalteceu as lições políticas deixadas por Liberato. “Ele foi professor de todos nós que passamos por esta Casa, dos que estão aqui e dos que virão. Eu acho que a cidade do Recife perde um grande amigo e o céu ganha um santo da política. Liba sempre foi uma pessoa muito séria, muito ética e trabalhadora. Eu só tenho que agradecer a ele porque as lembranças que tenho vou guardar no peito e levar comigo para sempre”.

O deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco Guilherme Uchoa (PDT) também ressaltou as lições que Liberato Costa Júnior legou à política pernambucana. “O exemplo de Liberato, não somente para a nova geração da política mas para nós que somos da mesma geração, é um exemplo de altivez, de bom relacionamento, de respeito às adversidades e de dedicação. Sempre foi um homem de partido, esteve no PMDB até a sua morte. Sempre viveu em Campo Grande, no Hipódromo, mantendo ali na sua casa um verdadeiro comitê político-eleitoral permanente. Esse é o exemplo que todos os políticos que iniciam na vida pública devem seguir”.

O secretário Geral de Justiça, Aguinaldo Fenelón de Barros veio ao velório pela manhã e deu um depoimento emocionado sobre o amigo. “Liberato será inesquecível. É um político exemplo para esse país. Eu tive a felicidade de ter sido recebido por Liberato no Recife aos 20 anos quando cheguei aqui. Trabalhei com ele, dirigi um carro para ele. Até hoje é um grande amigo. O chamo de meu padrinho, amigo Liberato. Há pouco tempo estive na casa dele, ele me deu um licor de canela de presente. Este licor, jamais vou abrir. Eu perco um grande amigo, um homem do povo, um homem bom. As pessoas boas estão se acabando. Liberato é um exemplo de bondade, amizade, lealdade e inteligência. E foi quem me ensinou meus primeiros passos na vida pública. Eternamente, amo Liberato”.

O deputado federal Mendonça Filho classificou Liberato como uma figura sagaz, inteligente e bastante humana. “Liberato sempre foi uma pessoa muito cordial e que se caracterizava por ser um amante do Recife e um estudioso da política pernambucana como um todo, especialmente daqui da capital. Ele entendia muito bem como as forças políticas se organizavam. Conseguia ter uma previsibilidade daquilo que ia acontecer com os resultados eleitorais como poucos políticos na historia de Pernambuco. Pode ser dito que era a cara do Recife. Liberato vai deixar grandes saudades para todos nós”.

“Liberato foi um exemplo de vida pública como a sociedade brasileira hoje mais espera, se dedicando ao coletivo, representando com muito vigor os interesses do recifense. Num momento tão conturbado da vida pública, Liberato deixa para as gerações que ficaram um legado de que a política brasileira produziu homens públicos que sabem qual a missão de quem abraça esse sacerdócio”, declarou o deputado federal, Bruno Araújo.

A deputada estadual  Priscila Krause, visivelmente emocionada, lembrou  dos momentos em que exerceu mandatos de vereadora da cidade e partilhou dos conhecimentos  de Liberato. “É uma perda irreparável. Uma sensação estranha não contar com a presença física dele no Recife. Liberato faz parte da nossa história. Somos de gerações distintas, mas nesta Casa, o que poderia ser uma barreira, acabou nos aproximando.  Eu aprendi muito com ele. Ao mesmo tempo que me estimulava, fazia ponderações. Hoje o Recife chora,  mas ele entrou para a história. Não se pode falar do Recife e da Casa de José Mariano sem contar  a história de Liberato Costa Júnior”.

Amigo de Liberato, o vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira disse que a cidade perde um dos seus grandes defensores. “É um reconhecimento geral de que Liberato dedicou toda sua vida ao Recife. Como político, no exercício de mandatos ou até mesmo quando esteve cassado pelo regime militar. Ele nunca deixou de se vincular aos problemas e à história da cidade. Independentemente de conotações partidárias ele manteve uma coerência política e uma coerência de vida até seus 99 anos de idade”.

Luciano Siqueira lembrou do último encontro que teve com Liberato, no aniversário de 99 anos do ex-vereador. “Ele me disse que já se sentia cumprimentado pelos cem anos, contava dias e meses para completar o centenário. Como sempre, instigante, aproveitou para levantar questionamentos sobre a eleição deste ano, as alianças, as diversas composições. Ele respirava política sempre. De domingo a domingo ia à rua visitar as pessoas, conversar sobre os problemas. Um homem dedicado ao que sempre gostou de fazer e vai deixar muitas saudades”.

A secretária municipal de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas, Aline Mariano, destacou os ensinamentos  recebidos pelo ex-parlamentar. “Liberato foi um grande mestre, admirado e respeitado por todos. Amava o Recife e esse amor era recíproco, tanto que  obteve, com o voto do povo, dez mandatos. Foi um municipalista convicto. Todos os vereadores quando chegavam aqui tinham que ter um momento  com ele. O Recife deve  muito a este homem. Hoje a cidade se emociona em perder esse filho tão amado. Eu tive a honra de conviver em meus mandatos de vereadora com Liberato e ouvir muitas das suas histórias. Ele deixa um legado de trabalho que  desenvolveu com muito amor e apreço.”

O amigo e ex-vereador Romildo Gomes também veio despedir-se de Liberato. “Quero incorporar à família minhas condolências e meus pêsames. Recife hoje está de luto porque perdeu uma figura viva, um homem que trabalhou e contribuiu muito para o desenvolvimento da cidade. Deixou um legado, foi bom esposo, pai, amigo e profissional. Exerceu com destaque e galhardia todos os cargos eletivos. O povo está em peso perdendo uma figura ilustre, que amava o Recife e também deu muito apoio a políticos renomados no nosso estado e nossa cidade. Descanse em paz, Liberato. Vá para a casa do Senhor. De lá você poderá olhar para sempre para a nossa cidade e para o povo do Recife”.

Colega de Liberato na Câmara, o ex-vereador José Antonio não deixou de comparecer ao velório. "Eu convivi com Liberato quando cheguei aqui nesta honrada Casa em 1993 e fui recebido por ele, que passou para mim algumas instruções. Por sua história de honradez, esta é uma perda não só para a Câmara mas para Pernambuco e para o Brasil pela sua historia de honradez. Era um homem sério, íntegro e voltado para a democracia".

Atualizado em 14.01.2016, às 12h.