Solene homenageia primeira vereadora de Recife
O presidente da Casa, vereador Eduardo Marques (PSB), ressaltou em seu discurso que Júlia Santiago se destacou nas lutas sindical e política, tendo sido a primeira mulher a ocupar assento nesta Câmara de Vereadores, como uma das mais votadas em 1947, sendo por isso credora de homenagens e reconhecimento. “Era uma mulher à frente de seu tempo. Defendia, já naquela época, que homens e mulheres deveriam ter tempo de serviço diferentes para aposentadoria, alegando que mulheres faziam jornada dupla com serviços domésticos”. O presidente ressaltou ainda que pelos posicionamentos sempre contundentes e progressistas, Júlia Santiago foi diversas vezes questionada pelas autoridades, mas prevaleceu a sua combatividade e engajamento nas questões sociais. “Falecida em 1988, empresta a todos e todas seu exemplo de luta e comprometimento para com as causas democráticas e por um Recife mais justo e melhor”.
André Resende lembrou que a tia-avó, Júlia Santiago, defendia que toda mulher deveria trabalhar para ter independência e se manter, mas dizia às mulheres do PCdoB que não era simplesmente o trabalho que engrandecia as mulheres, pois sem elevar o nível de educação não havia como inseri-las.
Silvia Cordeiro, secretária da Mulher de Pernambuco, relatou que o presidente da Casa tinha sido muito sensível à pauta proposta para reconhecer a grandeza dessa mulher incomum. “Só um estado e município que têm secretárias mulheres podem dar visibilidade à causa e criar políticas públicas que trabalhem por elas. As mulheres do Recife fazem história e Júlia fez história. Por isso, devemos admirar aquelas que assumem a representação política”.
Cida Pedrosa, secretária da Mulher do Recife, frisou que é preciso homenagear as mulheres que ousam se candidatar a cargos políticos. “Acredito na política, mas lembro que apenas 16 vereadoras e ex-vereadoras passaram por esta Casa. Depois de 40 anos de Júlia é que foi eleita uma nova vereadora para a Casa de José Mariano. É preciso mudar a lei de cotas para mulheres a fim de garantir que seja de exercício real não só a candidatura mas a ocupação do cargo”. Cida Pedrosa lembrou ainda que as mulheres não são educadas, desde crianças, para atuar em espaços públicos. “Às meninas se dão bonecas para que aprendam a cuidar dos filhos. Aos homens se dão carros para que aprendam a ir às ruas”.
Aline Mariano relembrou que só 16 mulheres ocuparam espaços nesta casa legislativa, mas que existem aqui duas líderes, Marília Arraes (PT), que responde pela liderança da oposição; e ela mesma, respondendo pela liderança do governo. “É um avanço. É importante abrir diálogo das mulheres no poder. Daí a importância dessa homenagem solene”.
Em 08.11.2017 às 20h55.