Vera Lopes debate a navegabilidade do Capibaribe

Entusiasta do projeto de navegabilidade do Rio Capibaribe, a vereadora Vera Lopes (PPS) realizou audiência pública na manhã desta sexta-feira para debater o tema e descobrir os entraves que estão levando à paralisação parcial da obra. “Vou insistir, correr atrás desse projeto com o intuito de sensibilizar as pessoas. Entendo que ele é importante para o Recife pois gerará emprego, contribuirá para melhorar a mobilidade urbana e sobretudo vai ser uma atração turística”, disse a vereadora. O projeto, que tem o nome de Rios da Gente, será de transporte público fluvial e prevê a construção de estações e a utilização de barcos para o transporte de passageiros.

De acordo com a proposta, quando ele estiver funcionando, beneficiará cerca de dez mil passageiros por dia, o que vai contribuir para desafogar o trânsito do Recife. Esta foi a segunda audiência pública realizada este ano pela vereadora para discutir a navegabilidade do rio. A proposta era focar, nesta audiência, em duas questões: a primeira, do saneamento, pois o rio continua recebendo esgotos e lixo; a segunda, a retirada das palafitas localizadas às margens do Capibaribe, no trecho que fica no bairro dos Coelhos. A localização dos casebres estaria impedido a continuidade dos serviços de dragagem.

 

Vera Lopes lembrou que, na audiência anterior, em 21 de março, a representante da Secretaria das Cidades, Ana Suassuna, garantiu que o projeto retomaria em maio e que o projeto estava dependendo de dragagem do Rio. Mas que já havia sido feio o plano de controle ambiental, os projetos de estações de passageiros e de sinalização náutica, o estudo de impacto ambiental, o relatório de impacto ambiental EIA-Rima, o modelo e o plano de gestão das águas. “Portanto, ficamos dependendo da dragagem, do saneamento e da questão das palafitas. A própria Ana Suassuna alertou para isso, em março”, cobrou a vereadora.

 

Participaram da audiência pública a gerente da Secretaria das Cidades, Paula Barros; a secretária executiva de Habitação, Renata Lucena; a gerente geral da Secretaria de Meio Ambiente, Glória Brandão; o gerente de Unidades Costeira da CPRH, Assis Lacerda; o promotor de Justiça, Ronaldo Fonseca Sampaio e a presidente da ONG Recapibaribe, Maria do Socorro Catanhede. A vereadora convocou representantes da Compesa, para falar sobre a questão do saneamento do rio, mas a empresa não mandou representante e essa discussão ficou comprometida pela ausência de uma autoridade da Companhia de Saneamento que falasse sobre a questão dos esgotos.

 

Estiveram presentes pessoas ligadas a ONGs ambientalistas, representantes de colônias de pescadores,  professores e alunos da Escola Estadual Silva Jardim, de referência do ensino médio, localizada no bairro do Monteiro. A escola fica às margens do rio e promove o debate sobre o projeto em todas as disciplinas. A gerente da Secretaria das Cidades, Paula Barros, explicou que o projeto Rios da Gente está dividido em duas etapas, a Oeste a Norte. “Na primeira, já realizamos a dragagem do rio desde a BR-101 até a altura do bairro Joana Bezerra, que é onde será erguido o galpão de manutenção. Ou seja, fizemos 90% dessa obra. Tivemos que parar porque o trabalho da balsa que faz a dragagem põe em risco a população que mora nas palafitas dos Coelhos, Vila Brasil e Roque Santeiro”, disse.

Para prosseguir a dragagem, segundo ela, é preciso relocar essa população. “Enquanto isso, está em construção a estação de Santana, que fica ao lado do Parque de Santana”, afirmou Paula Barros. Já na outra  etapa do projeto, a Norte, não foi possível começar o serviço de dragagem porque ela vai de Santo Amaro (na altura do Shopping Tacaruna) até o centro do Recife, ao lado do prédio central dos Correios. “Na estação Tacaruna, estamos dependendo da cessão da Marinha, pois a área lhe pertence. A Marinha tem planos de um projeto mais amplo para a área”, acrescentou. Paula Barros, no entanto, disse que a Secretaria das Cidades conta, nesse projeto, com excelentes parcerias com o Governo Federal, URB Recife, Secretaria de Habitação e CPRH.

 

Em relação aos moradores das palafitas da região do bairro dos Coelhos, a secretária executiva de Habitação, Renata Lucena,  disse que é uma questão complexa de se resolver. “A navegabilidade têm impactos sociais e isso não é de fácil solução. Não é uma questão simples desapropriar e relocar as cerca de 1.100 famílias. Estamos discutindo, vendo cada caso. Muitas pessoas não querem sair de lá, pois moram perto do centro e das oportunidades de trabalho. Ainda assim, teremos que construir habitacionais para levarmos todas essas pessoas. Já temos um habitacional em fase de conclusão, junto à Praça Sérgio Loreto, que vai acolher uma parte desses moradores. Mas, não absorverá todos”, disse.

 

A professora de História da Escola Estadual Silva Jardim, Cristiana Cordeiro, tem opinião contrária ao projeto. “Ele não atende às necessidades dos menos favorecidos. Em primeiro lugar, essas lanchas que serão usadas para a navegabilidade não empregará mão de obra dos mais pobres. Em segundo lugar, o transporte do rio não vai desafogar o trânsito. Quem faz o trânsito não são as pessoas independentes de carro. A classe média não deixará de usar carros. O projeto que deveria estar em discussão era o salvamento do rio, que está ameaçado pelos esgotos e lixo”, criticou.

Em 21.08.2015, às 13h07