Vera Lopes faz audiência pública sobre fechamento do CTMO
Liliane Peritore disse que era importante o apoio da Câmara Municipal
do Recife à causa da ATMO, pois é uma forma de chegar às esferas
políticas. “Precisamos desse apoio, pois queremos um centro público,
que funcione em lugar público, e que seja referencial”, disse ela. No
final do ano passado, o governo do Estado fechou o Centro de
Transplante de Medula Óssea (CTMO) do Hemope. Em nota oficial disse
que “o Centro vem apresentando baixíssima produtividade nos últimos 10
anos e impossibilidade de expansão de leitos na atual área de 245
metros quadrados”. Também alegou que o custo anual do serviço era
alto, em torno de R$ 5 milhões, o que significava R$ 700 mil por
transplante. Com o fechamento o Hospital Português passou a fazer os
procedimentos cirúrgicos de transplante de medula através do SUS.
Houve ajuizamento e RNA semana passada a justiça federal mandou
reabrir o CTMO, mas o governo ainda pode recorrer.
Por causa da transferência para o Hospital Portguês, “a Secretaria de
Saúde parece que não tem consciência do que é um transplantando de
medula óssea, um pós-transplantado e um aplasiado (pessoa com baixa
imunidade)’, acrescentou Liliane Peritore. O médico Antônio Jordão
considerou que o fechamento do CTMO e a transferência do serviço é
mais um exemplo de privatização dos serviços de saúde no Estado. “O
CTMO do Hemope era de alta qualidade e capacidade técnica. Isso foi
desmontado, foi transferido para o setor privado”, disse. Ele também
rebateu a informação sobre o custo do transplante e disse que ele
varia entre R$ 24 mil e R$ 54 mil. “O mais importante, porém, não é a
cirurgia em si. Mas o acompanhamento e tratamento das complicações que
possam surgir com o transplante. O setor privado dá alta em 24 horas
enquanto o Hemope dava assistência integral ao paciente”, observou
Antônio Jordão.
O presidente da ATMO, Gilberto de Castro, disse que o CTMO do Hemope
era um centro nde referência para o Norte e Nordeste. “Precisamos ter
esse centro de volta e da sua equipe técnica”, disse. Ele disse que o
trabalho educativo, realizado pela ATMO, para incentivar as doações de
medula, ficou sem efeito. “Nós tínhamos 500 potenciais doadores e
através da campanha subimos esse número para 60 mil”, observou. O CTMO
realizou 70 transplantes nos anos de funcionamento. “O Estado ofereceu
o Hospital Português para fazer o serviço, mas como se trata de um
hospital privado, não temos informações sobre o funcionamento do
centro. Nossa preocupação não é somente com o transplante, mas também
com o pós-transplante. Não se pode colocar um transplantado de medula
numa UTI com outros pacientes, por exemplo. Não sabemos se a estrutura
do Português atende a esse critério, por exemplo”, afirmou.
Em 01.03.2012, às 14h50