Vera Lopes promove debate sobre vírus que assola o Recife

Para esclarecer a sociedade sobre um vírus que está assolando não só no município do Recife, mas também em toda a região Nordeste, a vereadora Vera Lopes (PPS) realizou audiência pública nesta quarta-feira, 17. “É uma epidemia que vem lotando consultórios e hospitais, mas que nem sempre os médicos conseguem saber qual o vírus. Os exames para dengue às vezes dão negativos e o Ministério da Saúde já admitiu que pode ser o Zika vírus. Assim como também pode ser o Chikungunya. Mas, nós ficamos preocupados de que seja outro, no caso o Parvovírus B19”, disse a vereadora, que também é médica.

Vera Lopes exibiu um vídeo mostrando como ficam os pacientes que chegam nas unidades de saúde. As pessoas apresentam dor de cabeça, náusea, vômito, dor de barriga, além de manchas vermelhas que coçam. Alguns têm febre, outros, não. São sintomas comuns aos vírus que estão em observação. “Os médicos usam o termo virose porque os agentes das doenças são comuns”, disse. Como nem sempre é possível identificar o vírus, os médicos apenas reduzem os sintomas com analgésicos, antitérmicos e orientações alimentares, de acordo com o que foi apresentado no vídeo.

 

O temor da médica e vereadora é que esteja assolando o Parvovírus B19. Ele se parece, de acordo com Vera Lopes, com rubéola e sarampo, pois causa erupções inicialmente no rosto, as quais se espalham por todo o corpo. Mas também tem sintomas comuns à dengue e à Zika. “O Parvovírus B19 é transmitido pelas secreções respiratórias da pessoa infectada ou ainda da mãe para o feto, durante a gravidez”, alertou a vereadora. Fizeram parte da mesa de debates a médica da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde, Denise Oliveira; a assessora de Controle de Doenças da Secretaria Estadual de Saúde, Roselene Santos; a técnica na Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde, Adriana Luna; e o médico infectologista do Hospital Osvaldo Cruz, Demétrio Montenegro.

 

Denise Oliveira disse que, nos casos investigados, até o presente, não foram registrados casos de Chikungunya ou Zika vírus no Recife, assim como também não foi registrada nenhuma ocorrência do Parvovírus B19. “Nós não temos dúvida de que essa virose é transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti. Trabalhamos com a certeza de que vivemos uma epidemia de dengue, mas não descartamos outras viroses. Mesmo que haja outros vírus, é o da dengue quem domina. Se há outra virose, ela está dentro dessa. As notificações dizem que a epidemia de dengue começou em janeiro e já estamos saindo do período epidêmico”, afirmou.

 

Este ano, segundo  Denise Oliveira, houve uma notificação de 12.576 casos no Recife dos quais, 6.303 foram comprovados. Registraram-se os quatro tipos de vírus da dengue. A incidência foi maior na região Noroeste da Cidade. Como havia dúvidas a respeito do vírus, uma investigação dos sintomas comparou alguns casos com sarampo, rubéola e Parvovírus B19. O resultado mostrou que 60% deles era, realmente, dengue. A técnica Adriana Luna confirmou os dados de Denise Oliveira e solicitou que os médicos continuem informando os registros à Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde. “É baseado nesses números que fazemos a identificação do número de casos”, disse. Ela acrescentou que a Vigilância também faz reuniões e visitas aos hospitais particulares para colher dados sobre a virose.

 

A assessora de Controle de Doenças, Roselene Santos, ratificou que o mosquito Aedes Aegypti é quem preocupa a Secretaria Estadual de Saúde. “É alto o índice de infestação do mosquito em todo o Estado. Pelas informações que temos, a epidemia é de dengue e é importante mantermos as ações de controle do vetor. É importante manter o alerta”, disse. Segundo ela, este ano houve apenas dois casos de Chikungunya em Pernambuco, no município de Iguaracy. “Mas nenhum dos casos foi infectado em Pernambuco e sim na Bahia”, observou. Quanto ao Parvovírus B19 ele foi encontrado, no ano passado, numa escola do Recife. Mesmo assim, este ano não houve registros.

 

Tanto a dengue quanto a Zika vírus são transmitidos pelo mosquito Aedes Aegypti. “Enviamos alguns casos para investigação no Laboratório Nacional. Lá será realizado o teste para o Zika vírus. Por isso, não podemos, agora descartar as duas viroses”, disse Roselene Santos. É esse laboratório quem está realizando os testes para todo o País e como vem dando reações cruzadas para os vírus da dengue e da Zika, os testes precisam ser repetidos. Roselene informou que o estado teve 60 mil casos de dengue confirmados este ano.

 

O médico infectologista do Hospital Osvaldo Cruz, Demétrio Montenegro, disse que o quadro de dengue é variado. “Na epidemia de 2002, verificou-se que há ocorrências da dengue sem febre. Também percebeu-se que há variações de transaminases. Ou seja, nesses casos da transminases, a dengue faz desenvolver sintomas de uma hepatite transinfecciosa”, disse. Da mesma forma, há outros sintomas que podem levar a confundir a dengue com a leptospirose. “Por isso, acho que é impossível a qualquer sistema de saúde, no mundo inteiro, detectar o vírus com exatidão. São vírus da mesma família e têm estruturas semelhantes. O único jeito é tratar a doença pela que se tem a maior gravidade que, no momento, é a dengue”, concluiu.

Clique abaixo e assista o vídeo da audiência pública:

 

 

Em 17.06.2015, às 13h05.