Vera Lopes realiza audiência sobre acidentes de motos

A necessidade de agir em prevenção aos acidentes de trânsito com motos levou a vereadora Doutora Vera Lopes a realizar audiência pública nesta quinta-feira, 15, no plenarinho da Câmara Municipal do Recife. “Nosso objetivo é reunir autoridades das áreas de trânsito e saúde a fim de discutir esse tema que afeta cada vez mais nosso cotidiano, ceifando vidas e incapacitando pessoas”, justificou a parlamentar. Para ela, os gestores públicos precisam criar com urgência mecanismos de prevenção desses acidentes, “pois eles acabam onerando nosso sistema de saúde e ocupando os leitos das UTIS dos hospitais públicos”.

A audiência pública começou às 9h30, com apresentação de uma reportagem da jornalista Mônica Silveira, exibida em nível nacional pela Rede Globo, mostrando que na maior emergência do Nordeste, no Hospital da Restauração, 90% dos leitos do setor de traumatologia estão ocupados por vítimas de acidentes de motocicletas. A vereadora Vera Lopes, que também é medica, chamou a atenção para essa realidade, dizendo que o tratamento com pacientes desse tipo de traumatismo é longo,  de alto custo e termina por sobrecarregar a Previdência Social, pois os acidentados se aposentam precocemente.

Ainda segundo Vera Lopes há 10 acidentes por dia, com motos, no trânsito do Recife e 6% dos casos terminam em mutilação. Participaram dos debates a componente do Conselho Estadual de Trânsito, Simírames Queiroz; o diretor de Fiscalização do Detran, Sérgio Lins; o assessor da presidência da CTTU, Carlos Augusto Elias; o diretor do SAMU, médico Leonardo Gomes;  o diretor da Federação Nacional dos Médicos, Antônio Jordão; e a vereadora Priscila Krause (DEM). Estiveram presentes na audiência o vereador Luiz Eustáquio (PT); a vereadora de Jaboatão dos Guararapes, Edna Matias; a suplente de vereadora do Recife, Rute Lemos;  e a presidente do Motoclube Mulheres na Estrada, Camila Vasquez.

“É preciso que vejamos o trânsito como uma questão de segurança e de saúde pública. Isso tem que estar na consciência de todas as lideranças políticas dos três poderes. Além disso, é preciso que os motoristas tenham compromisso com as leis de trânsito”, alertou Simírames Queiroz. A sociedade e as lideranças políticas demoraram a despertar para a questão da mobilidade, segundo disse Sérgio Lins. “A demora foi tanta que hoje a questão do trânsito interfere no nosso direito de ir e vir. Mas é sempre tempo de consertar e de buscar melhorias”, afirmou. Sérgio Lins apresentou dados do Detran mostrando que a frota de motos em Pernambuco, em 2006, era de 300 mil veículos. Hoje, são 715 mil. “São matriculadas cerca de 10 mil motos por mês, sem contar com as cinquentinhas”, observou.

As motos de 50 cilindradas,conhecidas como cinquentinhas, serão objeto de um projeto de lei da vereadora Vera Lopes, que vai exigir a legalidade desses veículos no trânsito do Recife. O  assessor da presidência da CTTU, Carlos Augusto Elias, assegurou que nos últimos 10 anos o número de acidentes com morte, em acidentes de motos no Brasil, aumentou em 754%. Passou de  1.047 (em 1998) para 8.939 (em 2008). Ele atribuiu a responsabilidade dos acidentes à má formação dos condutores, à vulnerabilidade das motos, à falta de fiscalização no trânsito, à banalização dos acidentes e ao descaso para com a legislação. Entre as soluções apontadas, Carlos Augusto Elias, apresentou: “Aprimorar o processo de habilitação, implantação a educação do trânsito em todos os níveis nas escolas, realizações permanentes de campanhas educativas e aumentar o rigor na fiscalização”.

O médico Leonardo Gomes, que é dirigente do SAMU, disse que os acidentes de moto, no Recife, transformaram-se em epidemia. “Esse tipo de acidentes é o foco principal do nosso trabalho. Nossos principais clientes hoje são os motociclistas. Ocorrem cerca de 30 chamadas por plantão, para socorrer esses condutores”, alertou. O SAMU faz cerca de 3.500 atendimentos por mês no Recife e a metade é de acidentados. Dois terços dos acidentes têm a ver com motos, ou seja, cerca de 1 mil ocorrências. “Os acidentados em geral são jovens, no ápice da cedia produtiva, que usam bebidas alcoólicas e não estão usando equipamentos de proteção”, afirmou.

 

 

Em 15.09.2011, às 12h45.