Vereador debate “Projeto Plenitude da Tutela da Vida”
A reunião pública foi realizada no plenarinho da Câmara Municipal do Recife. “A minha função foi a de dar visibilidade a um projeto inovador, que vem dando certo. Por isso, trouxe para a casa do povo os dois responsáveis pelo projeto, para que eles apresentem os resultados à sociedade”, disse Rinaldo Junior. Além do juiz Abner Apolinário da Silva, também participou da reunião a promotora de Justiça da Capital, Rosemary Souto Maior de Almeida, mentora do projeto, que concorre ao Prêmio Innovare. O prêmio tem como objetivo identificar, divulgar e difundir práticas que contribuam para o aprimoramento da Justiça no Brasil. “Este projeto teve origem na necessidade de darmos uma resposta à sociedade sobre a questão da impunidade”, justificou a promotora.
O Projeto Plenitude da Tutela da Vida foi criado no ano passado e está na segunda fase de realização, com o objetivo de priorizar e acelerar o julgamento dos crimes dolosos contra a vida. Em 2017, promoveu 225 júris, considerado o maior índice do Brasil. Até o final deste ano tem como meta atingir 400 júris. “No Brasil, em 2017, foram mais de 60 mil assassinatos. Desses, 5.425 foram em Pernambuco, que hoje é um dos estados mais violentos do País. É nesse contexto que está a importância do Projeto Plenitude da Tutela da Vida, uma ação inédita e exitosa, que precisa ser amplamente discutida e difundida não apenas em nossa cidade, mas no Estado e no Brasil para combater a impunidade e reprimir a violência”, justificou o vereador Rinaldo Junior.
A promotora Rosemary Souto Maior de Almeida explicou que os crimes dolosos contra a vida são submetidos a julgamento pelo Tribunal do Júri Popular, no Recife, a 4ª Vara do Tribunal do Júri da Capital. “O projeto consiste num esforço que envolve o Ministério Público, o Tribunal de Justiça e os advogados. Quando apresentei a proposta do projeto ao juiz Abner Apolinário da Silva, ele aceitou a ideia e começamos no ano passado. Inicialmente eram dois júris por dia, duas vezes por semana. Depois, passamos a três júris por dia e atualmente chegamos a quatro”. Segunda-feira, dia 5, o grupo atingiu 270 júris desde janeiro. “Um número excelente, pois fechamos o ano passado com 225. É possível realizarmos um projeto como este quando temos abnegação e metas. Nosso objetivo é fazer justiça mais rapidamente”, afirmou.
Nessa mesma linha, o juiz Abner Apolinário da Silva afirmou que o projeto exige sacrifícios. “E eu o faço com a consciência de que vai beneficiar a comunidade, a cidade do Recife. Eu conto com um corpo de jurado que já se conscientizou de que a verdadeira cidadania implicar definir a vida do semelhante”, afirmou. Ele disse ainda que, para o Projeto Plenitude da Tutela da Vida funcionar, tem a seguinte rotina: acorda às 2h30 para aparelhar os processos que precisam estar prontos para o julgamento e começa os trabalhos no TJPE, pontualmente, às 8h. “Quando o julgamento é simples, concluímos o primeiro às 11h. Começamos o segundo imediatamente e quando esse termina, paramos 20 minutos para o almoço e voltamos. Em geral, o último julgamento termina às 21h”, garantiu. O juiz informou que, nos casos de feminicídio, ele pretende realizar a audiência seguida do júri, quando as partes não recorrerem.
Em 06.11.2018, às 12h39.