Vereador realiza audiência pública para debater situação de rios e canais

Preocupado com a situação de rios, afluentes e canais localizados do município do Recife, o vereador Samuel Salazar, atualmente sem partido, realizou audiência pública na manhã desta quinta-feira (27) para explanar a situação de descaso em que eles se encontram. “Resíduos flutuantes, lixos domésticos e materiais constantemente descartados irregularmente são alguns dos elementos encontrados. De olho na sustentabilidade dos rios e na necessidade de se produzir normas de caráter protetivo e preservativo, promovemos este encontro para que possamos discutir sobre a recuperação de rios, afluentes e canais”, disse.

Jovens que participam de Organizações Não Governamentais e que são ativistas da sustentabilidade, além de estudantes da Escola Municipal Elizabeth Sales (do Torreão) estiveram presentes no plenarinho da Câmara Municipal do Recife. Fizeram parte da mesa de debates a representante da ONG Xô Lixo, biblioteconomista Laísa Araújo; a dirigente da ONG Recapibaribe, Socorro Cantanhede; e o assessor da presidência da Empresa de Manutenção de Limpeza Urbana do Recife (Emlurb), Antônio Valdo. “É preciso debater sobre a despoluição, limpeza, recuperação dos rios, assim como a necessidade de se fortalecer a educação ambiental, seja nas escolas, nas universidades e nos lares”, defendeu o vereador Samuel Salazar.

Ele lembrou que o potencial ambiental do Recife precisa ser “sustentavelmente manejado” e que, consciente disso, desenvolveu o projeto de lei número 104/2019, que propõe a criação do Programa de Recuperação de rios, afluente e canais da cidade. “O objetivo deste projeto de lei é promover e recuperar essas águas da cidade de toda a forma de lançamento de dejetos líquidos ou sólidos, como esgotos domésticos, industriais e hospitalares, lixo doméstico e industrial, pneus, material plástico, produtos tóxicos e químicos, bem como quaisquer outros materiais não devidamente tratados”, acrescentou o vereador.

O projeto de lei 104/2019 também busca incentivar a despoluição e limpeza de córregos. “É fundamental que discutamos sobre isso, diante das tragédias ocasionadas com a invasão de água de canais em casas, nos tempos de chuva. Pensar em ações sobre o tema não é só um ato de preservação e conservação ambiental, mas também social”, reforçou Samuel Salazar. Um dos pontos de destaque do projeto de lei também é o incentivo à recuperação e organização de todo o acervo disponível sobre córregos, rios e afluentes, com informações referentes à série histórica das grandes enchentes e pontos de alagamento.

A educação ambiental é a preocupação básica da ONG Recapibaribe, cuja dirigente, Socorro Cantanhede, alertou para essa necessidade nas escolas. “Há 25 anos insistimos que a educação ambiental precisa ser pensada em suas diversas formas para atingir os objetivos. Acreditamos que a questão ambiental depende de cada cidadão. Todos nós devemos pensar no nosso próprio lixo, o que nos obriga a diminuir o consumo de produtos em nossas casas”, afirmou.

Uma das fundadoras da Xô Lixo, Laísa Aarújo, (a outra é a irmã dela, a bióloga Laís), disse que a ONG realiza ações mensais nas margens do rio Capibaribe ou de canais que cortam o Recife. “Chegamos a recolher meia tonelada de lixo, por mês, de cada área onde realizamos as ações”, afirmou. A organização, que não tem sede própria, mobiliza os voluntários a partir das redes sociais (Instagran e Facebook da XoLixo). “Reunimos entre 50 e 60 pessoas em cada ação de final e semana. Depois de cada coleta, analisamos o que vimos e a conclusão é esta: se continuar nesse ritmo, a biodiversidade do rio Capibaribe será extinta”, disse Laísa.

O assessor da presidência da Emlurb, Antônio Valdo, reconheceu que a situação dos rios é grave. “A cidade é descuidada de seus rios desde a época de Maurício de Nassau, quando começaram os aterramentos de terrenos. O responsável por esta situação é o descontrole na ocupação do espaço urbano, sobretudo nas regiões das margens dos rios. A solução para esta questão não passa, apenas, pelas propostas de engenharia, mas também sociais”, afirmou.

Antônio Valdo, que também coordenou a proposta de revisão do Plano Diretor do Recife (especificamente na área de drenagem),  disse que o projeto de lei do Executivo, atualmente em tramitação na Câmara Municipal do Recife, resume a preocupação com os rios, afluentes e canais. “A proposta de drenagem é uma das peças que compõem a proposta do Plano Diretor. A ideia é criar parques lineares nas margens de rios e canais, o que requer uma intervenção muito grande e recursos na ordem de R$ 1,5 bilhão”, afirmou. Apesar do alto custo do projeto, ele disse que as ações podem ser particionadas, o que não exige um investimento total, mas programações a médio e longo prazos.


Em 27.06.2019, às 12h20.