Vereadora pede campanhas sobre alienação parental

Quando alguns casais se separam, acabam usando os filhos para prejudicar o parceiro. Isso pode ser feito dificultando as visitas ou até inventando mentiras sobre o ex-companheiro. A prática é razão de muita tristeza para pais e filhos, e agora também é considerada crime, segundo a lei nº 12.318/10, sancionada em agosto deste ano pelo presidente Lula. Na Câmara do Recife, a vereadora Priscila Krause (Dem) apresentou requerimento pedindo à Secretaria Municipal de Educação que promova campanhas para divulgar os perigos da chamada alienação parental. O documento foi aprovado por unanimidade esta semana.

Na década de 80, o psiquiatra americano Richard Gardner definiu como doença a Síndrome da Alienação Parental, que se caracteriza como a interferência na formação psicológica para que o filho repudie o genitor ou cause prejuízos ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com o mesmo. Estudos recentes mostram que, em 95% dos casos de alienação parental, é a mulher quem tenta manchar a imagem do ex-marido.

“Quando a criança se vê forçada a encarar as novas informações contadas pelo pai alienador sobre o pai alienado, forma-se uma grande confusão em sua cabeça, o que gera um sentimento de abandono na criança. O cenário é considerado pelos especialistas como uma forma de abuso psicológico contra a criança, cujas consequências podem incluir até mesmo sérios distúrbios emocionais, transtornos de identidade e dependência química”, explicou a vereadora.

No Recife, existem serviços gratuitos que podem ajudar as famílias que sofrem com este mal. O Hospital das Clínicas, localizado na Cidade Universitária, é um dos espaços de atendimento, com a Clínica de Terapia Familiar, que existe há mais de dez anos e fica no primeiro andar do prédio. De acordo com a terapeuta Virgínia Guerra, entre os problemas mais comuns às crianças que sofrem com a Síndrome estão a autoestima baixa, tristeza, agressividade, isolamento social, dificuldades na escola e na saúde física. No futuro, eles podem sofrer com depressão crônica, tentar suicídio ou tornarem-se dependentes químicos.

O pai ou a mãe que se sentir vítima de alienação parental também pode entrar na Justiça contra o ex-companheiro. Para isso, o serviço gratuito é a Defensoria Pública, no bairro da Boa Vista. O processo dura em média um ano para ser concluído.

O requerimento de Priscila solicita campanhas de conscientização na Rede Municipal de Ensino para pais, professores e responsáveis sobre os efeitos e prejuízos causados pela Síndrome de Alienação Parental (SAP). A lei federal sobre a questão prevê medidas que vão desde o acompanhamento psicológico até a aplicação de multa, ou mesmo a perda da guarda da criança a pais que estiverem alienando os filhos.

Em 22.10.10, às 12h.