Vereadores debatem chuvas na cidade

O vereador Raul Jungmann (MD) propôs a criação de uma comissão suprapartidária para acompanhar e apurar se houve ou não falta de comunicação entre o executivo municipal e a Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC), em relação ao boletim emitido com alerta de chuva, na quinta-feira 16. O parlamentar disse que prefeitos da Região Metropolitana, incluindo Jaboatão dos Guararapes, não foram avisados da possibilidade de chuvas fortes. Também recolheu, ontem na Câmara do Recife, assinaturas para um projeto de lei de sua autoria para que seja obrigatório o aviso à população e autoridades, através de SMS, quando houver possibilidades de chuvas intensas. “Nas regiões serranas do Rio de Janeiro o aviso já é feito e isso tem evitado tragédias maiores”.

Raul Jungmann disse que nenhuma cidade do mundo seria capaz de suportar o volume de chuvas que caiu na sexta-feira 17, atingindo mais de 150 milimetros em menos de 6 horas. Mas lembrou que essa água encontrou uma cidade que já tem dificuldade histórica e geográfica de aguentar água. Cerca  de 63% da cidade é composta por morros densamente habitados, e o restante é de córregos, cenário perfeito para tragédias que se anunciam e se repetem. “A APAC emitiu boletim na quinta-feira informando que haveria chuvas fortes e não houve nenhuma informação à população”.

Marco Aurélio (PTC) lembrou que a oposição tem compromisso com o povo da cidade e o debate tem de ser cuidadoso. Segundo ele, o documento emitido pela APAC fala de possibilidade de precipitação acima de 30 milimetros. Ele rebateu as criticas da oposição à viagem administrativa que o prefeito fez ao Rio de Janeiro na sexta-feira, afirmando que ele deixou 7 secretários e mais de 1.290 funcionários de prontidão para atender as necessidades. “O trabalho preventivo vem sendo feito desde janeiro com a faxina geral nos 60 dos 67 canais do Recife, colocação de lonas nos morros, vistorias nas áreas de risco, 3 equipes de emergência, 17 ambulâncias do Samu e muito mais”.

O líder do governo, Gilberto Alves (PTN), ressaltou que as primeiras ações do executivo foram fundamentais para evitar uma tragédia. Ele disse que desde janeiro vem sendo feita a faxina geral visando às chuvas. Foram tomadas providências fundamentais para minimizar efeitos e não foi pior porque 60 canais já estão limpos, as galerias desentupidas, microdrenagens realizadas. “Não adianta tentar imputar responsabilidades pela ausência do prefeito, que cumpria agenda administrativa. Ele viajou mais deixou equipes prontas e preparadas para atender população”.

Carlos Gueiros (PTB) frisou que os prefeitos não foram avisados porque é papel da municipalidade ter equipes que busquem essas informações nas agências técnicas que emitem boletins climáticos. Disse ainda que o boletim emitido dava conta de que a chuva entraria por Alagoas e poderia atingir mata sul e região metropolitana com mais intensidade. Pior ainda. A forte intensidade de chuva coincidiu com a maré alta. Para ele, não se pode aproveitar o ocorrido para politizar o debate.

Priscila Krause (DEM) lembrou que o volume de chuva foi muito forte e nenhuma cidade estaria preparada para tanto, mas lamentou a ausência do prefeito em um momento tão difícil para a população. Segundo ela, chama a atenção que vereadores da bancada do governo  achem que discutir o assunto na Casa é politizar o tema. “Nós fazemos política e não há como não politizar debates. Não se admite a ausência do prefeito e o silêncio absoluto do vice- prefeito. Todos os prefeitos trabalham olhando para os morros e não se pode apagar a história nem mudar o debate de uma Casa política”.

Henrique Leite (PT) lembrou que quando foi secretário na gestão do PT, a Codecir emitia boletins com informações em tempo de se tomar providências. Ele disse que o governo fazia a prevenção com base nos pontos de risco e que o PT diminuiu de 10 mil para 2 mil esses pontos. Jairo Britto (PT) frisou que é preciso tomar medidas para que isso não aconteça, lembrado que o foi o governo do PT quem diminuiu os pontos de risco existentes nos morros, com trabalho preventivo. Almir Fernando (PCdoB) alertou que se o governo soubesse que iria chover tanto teria feito simulações como já foram realizadas em locais de risco. “As lideranças fizeram treinamentos para isso”. Amaro Cipriano Maguari (PSB) disse que falta fiscalização e campanhas para alertar a população a não colocar lixo nos canais e construir em áreas de encostas.

 

Em 21.05.2013, às 14h20.