Vereadores lembram 50 anos do Golpe Militar

Para lembrar os 50 anos do Golpe Militar, que submeteu o país a uma das mais longas ditaduras da história recente, os vereadores manifestaram seu pesar por aqueles acontecimentos. Jurandir Liberal (PT) leu um manifesto que circula pelo Brasil colhendo subscrições de apoio e a vereadora Aline Mariano (PSDB) convidou a todos para uma reunião solene na Câmara do Recife para homenagear vítimas e parentes de vítimas e desaparecidos do Regime Militar, em data a ser marcada.

Jurandir lembrou que o manifesto para não esquecer o Golpe, conta um pouco da história recente do país e traz números da violência. Relata que mais de 70 mil pessoas foram presas e perseguidas e 437 foram mortas, de acordo com levantamento de parentes das vítimas. Outro trecho lido pelo parlamentar diz que, para combater o esquecimento e desmontar a estrutura autoritária que o país herdou, é preciso que sejam identificados e punidos exemplarmente todos os torturadores, seus mandantes e financiadores.

Aline Mariano ressaltou que a reunião de hoje (ontem) era especial, mas não era para homenagerar e sim para lembrar de acontecimentos que não podem se repetir. Ela disse que as comissões que investigam crimes da ditadura estimam que mais de 20 mil pessoas foram presas e torturadas, das quais 437 sucubiram à violência praticada. “O Brasil ainda sangra e famílias lutam para saber aonde estão corpos de seus familiares desaparecidos. A reunião que vamos fazer é um momento de reflexão e todos os vereadores poderão indicar seus homenageados”.

Jayme Asfora (PMDB) frisou que o Golpe foi ilegal, violento e ilegítimo e que não trouxe nada de bom para o país. “A corrupção grassou em todo o Brasil, com a imprensa amordaçada pela repressão. Não havia transparência”. Gilberto Alves (PTN) lembrou a coragem de muitos dos que lutaram. “Devemos muito a essas pessoas que lutaram para que hoje a gente tenha liberdade. Quero subscrever esse manifesto e lembrar ainda a coragem de Miguel Arraes que não negociou com as forças da ditadura. É triste, mas temos de lembrar”. Marco Aurélio (Solidariedade) ressaltou que a lembrança é muito bem-vinda para não esquecer daqueles que no passado deram suas vidas pela democracia. “Lembro que a democracia alcançada é política, mas não aparece na mesa do trabalhador, dos aposentados, dos que ficam em filas esperando pelo atendimento médico. A luta deles não pode ter sido em vão”.

André Régis (PSDB) alertou que o objetivo da humanidade deve ser sempre a democracia, mas a história dela nunca foi fácil. “O Brasil se inseriu nas três ondas democráticas (I Guerra, II Guerra e a Revolução dos Cravos, em Portugal). A luta pela democracia é incessante, mas nem todos que lutaram contra a Ditadura eram democratas. Muitos queriam ditaduras de esquerda”. Raul Jungmann (PPS) relembrou os tempos de ocupação do Recife, quando ainda era criança. “Lembro do medo das pessoas de sairem às ruas. Tive parentes presos e passamos a conviver com o medo e a insegurança. Minhas opções de vida e políticas foram fundadas naqueles acontecimentos”.

 

Em 31/03/2014 às 18h17