Wanderson Florêncio debate problemas de moradores da Avenida Beira Rio
“Estamos, sim, diante de um cenário que envolve vários fatores que são a segurança, a saúde pública, a assistência social, combate ao uso de drogas, a educação e a causa animal. Todas elas exigem uma solução”, apontou Wanderson Florêncio no início da audiência pública. Dezenas de moradores da Avenida Beira Rio e interessados nos temas lotaram o plenarinho. “Precisamos de soluções concretas e por isso reunimos autoridades de diversas secretarias”, observou. Dias antes da audiência pública, o vereador recebeu os moradores da área por onde se estende a Avenida Beira Rio e depois visitou o local. “Ouvi as demandas e constatei as denúncias”, disse.
A mesa dos debates foi composta pelo escritor Sidney Nicéas, militante da causa de proteção aos animais; Yeda Aragão, representante da Rede de Solidariedade e Sustentabilidade Animal; o gerente geral de Gestão da Secretaria Executiva de Direito dos Animais do Recife, João Marcelo Figueiredo; o secretário Executivo de Políticas sobre Drogas do Recife, André Sena; a delegada de Meio Ambiente, Maria Elizabete Barreto; a assessora socioambiental da Emlurb, Jane Cristina Gonçalves e o coronel Adalberto Freitas, secretário de Gestão e Segurança Urbana do Recife. Esteve presente o vereador Ricardo Cruz (PPS).
A audiência pública começou às 10h30 e se estendeu até o final da manhã. A primeira a falar foi Yeda Aragão, que apresentou um vídeo com uma reportagem de televisão em que mostra a avenida, com a pista de cooper, que deveria ser um espaço de lazer e de exercício físico. Mas, está ocupado por uma superpopulação de gatos, impedindo o uso do equipamento urabano. Há animais em todos os lugares. A maioria doente e desnutrida. À noite, os usuários de crack e outras drogas ocupam bancos e troncos de árvores. “Tem sido difícil para nós. Estamos nos sentindo órfãos do poder público. Não queremos prioridade para nossos problemas, mas inclusão”, criticou Yeda.
Ela relatou casos dramáticos: em 2014, cerca de 30 gatos foram mortos envenenados; é comum, atualmente, encontrar na pista animais mortos, com cabeças decepadas; no ano passado, a Academia da Cidade foi arrombada. “Para tentar conter a população de gatos com castração e fazer tratamentos veterinários em animais feridos, nós realizamos bazares para conseguir fundos financeiros”, lamenta. O escritor Sidney Nicéas disse somente uma ação permanente para adoção e castração dos animais pode ajudar a reduzir a quantidade de gatos na área. Há também muitos animais que são abandonados, dentro de caixas de papelão, pelos donos, no local.
A jornalista Goretti Queiroz, defensora da causa animal, afirmou que o cenário da Avenida Beira Rio “é o que se repete em todo o Recife: lá é ponto de desova de animais e isso exige uma ação efetiva da Prefeitura do Recife. Não se pode deixar que somente os protetores da causa animal cuidem do assunto”. Ela também defendeu uma campanha constante de esterilização. “O hospital veterinário faz apenas 40 ou 50 castrações por semana. É insuficiente”, afirmou. O gerente geral de Gestão da Secretaria Executiva de Direito dos Animais do Recife, João Marcelo Figueiredo, disse que há uma ação em conjunto com a Secretaria de Saúde para castrar os animais. “Mas a demanda aumenta por causa do abandono por parte dos donos. Isso ocorre com muita frequência. Se não fizéssemos a castração, seria bem pior. A questão é multifatorial e envolve inclusive a fiscalização”, disse. Ele prometeu que haverá uma ação específica e preventiva para reduzir os problemas da Beira Rio.
A questão dos gatos é apenas a mais dramática enfrentada pelos frequentadores da Avenida Beira Rio. Membro do Centro de Apoio aos Moradores de Rua (C.Amor), Mariana Barros, que também mora na Torre e participou da audiência pública, relatou que se observa uma grande quantidade de pessoas de rua que “estão praticamente morando” na área e de usuários de drogas que se aproveitam da má iluminação à noite. “Essas pessoas precisam ser tratadas com dignidade. Precisam ter um ponto de apoio para resgate da cidadania e de inserção social. Somente ações integradas de assistência social, saúde e educação podem ajudar”, disse. A C.Amor, porém, não tem um levantamento de quantas pessoas estão nessa situação de vulnerabilidade.
O secretário Executivo de Políticas sobre Drogas do Recife, André Sena, disse que a secretaria está realizando visitas pontuais na área. “Nós temos um projeto social que vai fazer a prevenção e a desmobilização da cena de uso em todo o Recife, o que inclui aquela área. Fazemos escutas qualificadas para encaminhar à rede, com psicólogos e assistentes sociais. Através de emenda federal, estamos tentando conseguir recursos federais para comprar uma unidade móvel, que é uma carreta, com médicos e material de saúde, para atender a essa pessoas nos locais onde elas estão”, disse. Segundo ele, o perfil dos usuários de drogas que frequentam a Avenida Beira Rio é formado por jovens de 17 a 25 anos, a maioria cheira cola e usa crack.
A representante da Rede de Solidariedade e Sustentabilidade Animal, Yeda Aragão, propôs algumas medidas para ajudar a resolver os problemas apontados no cenário da Beira Rio: aumentar a iluminação noturna na extensão da avenida; promover a poda de árvores (pois os usuários de drogas se escondem nesses locais); instalar câmara de segurança com cartazes indicando que há vigilância; promoção de eventos de adoção de gatos; realização de campanha ostensiva para evitar os maus-tratos a animais; atuação eficaz de apoio aos moradores de rua e usuários de drogas.
Em 13.03.2018, às 13h.