Comissão Especial do Coronavírus debate ampliar isolamento

A Comissão Especial Interpartidária de Acompanhamento ao Coronavírus, da Câmara Municipal do Recife, presidida pelo vereador Luiz Eustáquio (PSB), debateu, por videoconferência, a possibilidade de fechamento rigoroso de todas as atividades, ampliando o isolamento social, mundialmente conhecido como lockdown. Apesar de não haver consenso sobre o fechamento total das atividades sociais e econômicas, todos os membros do grupo foram unânimes, na manhã desta sexta-feira (08), em apontar maior rigor e fiscalização nas comunidades periféricas, para coibir a expansão dos casos de infecção, bem como a urgente necessidade de se iniciar o debate para uma volta gradual e planejada dessas atividades, com risco controlado. Também ficou acertado o convite para secretários das áreas de finanças, saúde, educação e cultura para que divulguem as ações de suas pastas.

O vereador Luiz Eustáquio ponderou sobre a necessidade de ampliar o debate sobre um fechamento mais rigoroso, por entender que seria prematuro, mas concorda com a necessidade de uma maior fiscalização e controle das atividades de isolamento e econômicas nos bairros da periferia onde os casos estão explodindo. “Não se pode pensar em voltar as atividades sem um rigoroso planejamento. Vamos convocar diversos secretários para prestarem contas e esclarecimentos sobre as ações e investimentos realizados em virtude da pandemia”.

Renato Antunes (PSC), se posicionou contrário ao fechamento total de atividades por entender que as pessoas precisam trabalhar para sobreviver, especialmente os mais pobres, no entanto, ponderou que é preciso começar a planejar a reabertura  econômica. Para ele, não se trata de uma queda de braço entre economia versus saúde, mas de planejamento, como ele, aliás vem insistindo. “A construção civil em obras públicas está trabalhando de forma organizada, através de protocolos de segurança. O mesmo pode ser feito com outros setores”. Ele também chamou a atenção para outras categorias que precisam voltar como os trabalhadores de saúde bucal, corretores de imóveis e tantas outras.

 Ana Lúcia (Republicanos) achar que falar em lockdown agora é tardio. Segundo ela, o momento para fechar de forma mais radical, passou e que agora é preciso se deter em uma volta planejada. “As pessoas vendem almoço para comprarem o jantar. O controle precisa ser feito nas comunidades que estão nas ruas e a curva explosiva vem disso. Pensar em parar é aprofundar a crise”.  Ela alertou que há setores críticos como turismo, entre outros, e que precisam retomar gradativamente e com segurança.

 Rinaldo Júnior (PSB) disse que tem escutado os médicos e que no sindicato onde atua, são mais de 12 mil pessoas atendidas e estes médicos dizem que o lockdown é necessário para conter a curva de infectados. Para ele, enquanto houver disputa entre economia e saúde, ele ficaria com a vida das pessoas, mas entende que a Comissão Interpartidária deve  e pode planejar a volta com segurança. O vereador sugeriu que todos participem da reunião do quadrimestre da Comissão de Finanças e Orçamento da Casa  (no próximo dia 28, às 15h) para tomarem conhecimento do emprego das verbas e ações realizadas. 

Eriberto Rafael (PP) acredita que, para flexibilizar as atividades e o isolamento social, é preciso planejamento e criação de critérios por setor. “Não dá para isolar as pessoas sem dar a elas condições de sobrevivência. Mas é necessário ter cuidados para não sobrecarregar o sistema de saúde mais ainda”.  Ele disse ainda que o impacto financeiro causado pela pandemia, segundo a Prefeitura chegam a R$ 890 milhões e, no entanto, com o aporte de investimentos -  graças a Medidas Provisórias, repasses do Ministério da Saúde, e suspensão de pagamento de dívidas -  o Recife recebará  recursos na ordem de R$ 317 milhões até dezembro. Muito aquém das necessidades. Alertou também para queda de arrecadação de impostos em virtude da baixa atividade econômica.

Logo no início da reunião, a vereadora Ana Lucia refletiu sobre a situação da educação. Relatou sobre a dificuldade dos gestores das escolas na distribuição de kits de higiene que não são montados, demandando equipamentos de segurança, diferentemente das cestas básicas que chegam prontas. “As gestoras relataram a falta de comunicação entre o Comitê Gestor das Escolas e o Comitê da Crise. As pessoas sentem falta de informação sobre as ações da PCR”. Também relatou a dispensa de merendeiras, porteiros e serviços gerais dificultando cada vez mais o trabalho, sem contar com o desemprego.

Benjamim da  Saúde (PSB) relatou dificuldades dos profissionais de saúde e a falta de equipamento. Sugeriu que os distritos se espelhassem no Segundo Distrito, na Zona Norte, que está fazendo rodízio entre os profissionais para diminuir o risco de cada um deles. “Preocupa a segurança dos profissionais de saúde, que estão na ponta do processo e mais sujeitos a riscos de contaminação”. Segundo ele, existem os equipamentos de segurança mas a distribuição é falha, e que nos distritos 6 e 8 faltam profissionais para o trabalho.

Ivan Moraes (PSOL) alertou sobre a situação dos profissionais da cultura que estão sem trabalhar e sem ter de onde tirar o sustento. Ele sugeriu que seja realizada uma audiência pública sobre o tema para que sejam encaminhadas soluções. “A Prefeitura não tem dado respostas ao convite que fizemos para debater o assunto. Não vejo preocupação do município com o tema. Acho que os secretários não devem mais ser convidados e sim convocados por esta Casa”.

Chico kiko (PP) manifestou preocupação com informações veiculadas na imprensa acerca da falta de leitos em UTIs.  Segundo relatos que chegaram ao vereador haveria mais de 200 pessoas infectadas à espera de leitos nesses equipamentos. Por isso, ele concorda com os colegas com a necessidade da presença dos secretários na reunião da Comissão Interpartidária, por videoconferência, para que esses pontos sejam esclarecidos.

 

Em 08.05.20220 às 14h.31.