Ivan Moraes reapresenta requerimento sobre busto de Castelo Branco na Ponte da Caxangá

Ao reapresentar o requerimento nº 2792/2020, de sua autoria, que dirige indicação à presidente da Emlurb para que se promova a retirada do busto do marechal Castelo Branco, localizado na Ponte Marechal Humberto Castelo Branco (ponte da Caxangá), no bairro da Caxangá, o vereador Ivan Moraes (PSOL) disse que propôs a retirada porque um busto é apenas uma homenagem. “O personagem histórico a que o requerimento se refere deu início a uma ditadura que durou 20 anos, lançou bases para uma estrutura de repressão e foi quem conduziu um regime que foi responsável pela morte de milhares de pessoas. O Marechal assinou o Ato Institucional número dois, que instituiu o Estado de Sítio e aumentou o número de ministros no Superior Tribunal Militar, de seis para 11, o que favoreceu a manutenção do regime”, afirmou, em reunião realizada de forma remota, por videoconferência, na manhã desta terça-feira (30).

Durante a discussão, a votação ficou prejudicada, pois pelo Regimento Interno a matéria necessitava ter no mínimo 20 votos no total. Na ocasião, teve sete votos favoráveis, oito votos contra e duas abstenções. “Para quem estuda o patrimônio histórico e a historiografia, todo busto e todo monumento é uma homenagem. Quem diz isso não sou eu, mas os especialistas da área. O que nós vereadores do Recife devemos nos posicionar, na votação, é para dizer ao povo do nosso município se o marechal Humberto Castelo Branco merece a nossa homenagem. Durante o regime militar mais de 400 militantes políticos desapareceram. Foi o marechal quem retirou o direito de pessoas e de municípios. Portanto, o que a Câmara do Recife deve responder é se ele merece o nosso reconhecimento. Quem votar a favor da manutenção do busto na ponte, e portanto, contra o requerimento de autoria do meu mandato, estará votando a favor de um torturador, de um ditador. Quem votar a favor do requerimento, estará contra esse mesmo ditador”, afirmou o vereador.

O requerimento do vereador Ivan Moraes esteve na ordem do dia em reunião ordinária realizada na semana passada. Na ocasião, o vereador André Régis (PSDB) pediu vistas para novos debates. “Só que ele não estimulou o debate e nem trouxe o requerimento de volta à ordem do dia. Eu o trouxe de volta. Este debate sobre as homenagens dos personagens históricos, em bustos e monumentos de uma cidade, está se dando em várias partes do mundo. Em Porto Alegre (RS), por exemplo, foi retirada uma estátua de marechal Costa e Silva. Em Londres (Inglaterra), foram retiradas as estátuas de personagens ligadas ao racismo. Na França, por sua vez, se discute a importância de se homenagear os personagens da Revolução Francesa. A compreensão é de que uma estátua ou um busto exalta uma personalidade histórica. Retirá-lo do espaço público não é negar a história”, explicou.

Para Ivan Moraes, o lugar do busto do marechal Humberto Castelo Branco não é a ponte da Caxangá, mas um museu ou os livros de história. “Ele deve ser lembrado como o presidente do regime militar, para que as futuras gerações conheçam e não repitam a história”, afirmou. Ivan Moraes foi aparteado pelo vereador Augusto Carreras (PSB). “Quero dizer que concordo com o seu requerimento, mas preciso lembrar que mesmo ele sendo aprovado, a Prefeitura do Recife não será obrigada a retirar o busto da ponte. Um requerimento é um apelo, uma indicação, que a Câmara do Recife faz ao Executivo”. O vereador Rinaldo Junior (PSB) também pediu aparte e disse que “o meu apoio ao requerimento é um posicionamento político”. O vereador Luiz Eustáquio (PSB) também concordou com os argumentos de Ivan Moraes e afirmou que “os democratas votaram a favor do requerimento”.



Em 30.06.2020.