Secretário municipal explica Plano de Convivência com a Pandemia no Recife

O Plano de Convivência com a Pandemia, que terá como objetivo a reabertura das atividades econômicas no Recife, foi a base dos debates da reunião realizada pela Comissão Especial Interpartidária de Acompanhamento ao Coronavírus, da Câmara do Recife, com o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, Guilherme Calheiros. Ele garantiu que o plano específico do Recife será apresentado na próxima semana, depois que forem ouvidos os setores empresariais e associações, e estiverem definidos todos os protocolos de cada setor. “A flexibilização das atividades será gradual e levará em conta todas as atividades que classificamos com base nas gerações de empregos e de renda, sendo avaliado também o grau de risco de contaminação de cada uma delas”, informou. A reunião ocorreu de forma remota na tarde desta quarta-feira (3), e foi transmitida por videoconferência pelo site da Câmara.

A reunião foi conduzida pelo presidente da Comissão Especial Interpartidária de Acompanhamento ao Coronavírus, vereador Luis Eustáquio (PSB) e constou de quatro blocos. Na abertura, o vereador Chico Kiko (PP) ressaltou que, mais importante do que a reabertura imediata da economia, é salvar vidas. Guilherme Calheiros fez a apresentação das atividades de sua secretaria, os vereadores puderam tirar suas dúvidas e a população também participou, enviando perguntas através das mídias sociais. O secretário disse que o plano recifense de retomada da economia será apresentado “de forma clara, objetiva” e estará em acordo com o que já foi apresentado esta semana pelo Governo do Estado. “Nossa plano será uma forma de convivermos com o vírus da covid-19, enquanto não temos uma vacina ou remédios para combatê-lo. Nossa intenção é acertar, na maioria das vezes, mas também poderemos ter necessidade de acertos durante a execução das normas”, ressaltou.

Guilherme Calheiros começou a reunião esclarecendo que a sua secretaria vem participando da crise do coronavírus desde que os primeiros casos foram registrados porque a atividade que lhe cabe é transversal, para dar suporte tecnológico e de inovação a todas as demais pastas municipais. “Foi assim que ajudamos a criar o aplicativo Atende em Casa; participamos da parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) para realização de 2 mil testes de identificação da covid-19; demos suporte técnico nas ações de assistência social; realizamos reuniões com representantes do setor empresarial para identificar os impactos da pandemia em cada setor; e fizemos a parceria com o Porto Digital para nos auxiliar nas decisões”, disse.

A partir dessa parceria com o Porto Digital, Guilherme Calheiros disse que foi elaborado o Plano de Convivência com a Pandemia. “Nós fizemos a encomenda e o Porto participou com a coordenação técnica. Organizou os dados a partir de informações que permitiram fazer o planejamento da volta das atividades. Ou seja, analisou dados como aspectos dos bairros, isolamento social, impactos dos setores econômicos no município, situação do sistema de saúde, impactos epidemiológicos, entre outros”. A organização do plano, segundo o secretário, criou seis grupos de setores produtivos. Esses grupos é que serão abertos gradualmente e numa sequência, mas não todos de uma vez.  “Para sairmos de um grupo para o outro, vamos considerar se poderemos ou não avançar. E, também, a importância de cada um dos grupos para a economia municipal. Para isso, atenderemos inclusive a critérios não só econômicos e sociais, mas sobretudo científicos. Serão eles que nos darão embasamento sobre os riscos de contaminação daquele setor para a sociedade”.

Os negócios que constarão de cada um dos seis grupos, cuja lista o secretário não quis adiantar, foram selecionados “com base em estudos técnicos e econômicos”. Também foram levados em conta, segundo garantiu, indicadores internacionais observados na reabertura da economia de cidades de várias partes do mundo. O primeiro grupo a voltar a funcionar, possivelmente na próxima semana, será monitorado diariamente por um grupo de trabalho que terá funções de comitê de acompanhamento. O monitoramento de cada grupo será diário e as avaliações do comitê ocorrerão nas segundas e quintas-feiras, para dizer se o plano deverá avançar ou retroceder.

Guilherme Calheiros explicou que, ao serem analisados, os grupos que forem liberados dentro do plano receberão uma “bandeira”. Essa bandeira terá uma cor  que vai dizer o índice de gravidade e indicar se poderá ou não fazer novas concessões. “Essas bandeiras serão nas cores  vermelha, azul, laranja, amarela e verde. A verde é que dirá que ele está totalmente liberado”, afirmou.

A mudança de uma bandeira para a outra vai atender a um gatilho, que será “disparado” a partir de índices de contaminações da covid-19  observadas naquele grupo, óbitos que por ventura possam acontecer, a pressão que o setor venha a exercer no sistema de saúde (uso de leitos e de UTIs), isolamento social, etc. “O Plano de reabertura da economia do Recife não será linear. Nós não teremos datas definidas para sairmos de um setor para o outro. É um plano de convivência com a covid-19, o que significa que poderemos abrir determinado setor e sermos obrigados a retroceder com eles. Os dados e as análises do comitê é que vão determinar esse movimento”, afirmou.

Participaram da reunião, além de Luiz Eustáquio e Chico Kiko, os vereadores  Jayme Asfora (Cidadania), Ana Lúcia (Republicanos), Eriberto Rafael (PP), Michele Collins (PP), Gilberto Alves (Republicanos), Renato Antunes (PSC), Aline Mariano (PP) e Ivan Moraes (PSOL). Após as explanações iniciais do secretário de Desenvolvimento Econômico, os  parlamentares tiveram  oportunidade de fazer questionamentos sobre diversos assuntos: detalhes sobre o plano da  Prefeitura para reabertura da economia do Recife;  reabertura do comércio no Bairro do Recife Antigo, do centro da cidade, considerando também o comércio informal,  os shoppings e as academias de ginástica; perdas de vagas de trabalhos formais; política para geração de empregos; orçamento da secretaria, linhas de  crédito, fundos e empréstimos. Também esteve na pauta, a questão do transporte público e  a reabertura das igrejas.

O secretário respondeu a cada pergunta. Disse que não é possível definir uma data exata de abertura de cada setor, mas que a gestão está preocupada em manter a população informada sobre as análises realizadas diariamente, por isso, divulgou o site www.covid-19.recife.com.br. Ressaltou que a Prefeitura  nunca deixou de pensar, trabalhar e estruturar as saídas para as atividades econômicas da cidade. “Este é o momento da discussão. Só agora é possível discutir  estratégias para a retomada da economia”.

Quanto ao plano de retomada, reforçou que será publicado na semana que vem porque,  segundo ele, o documento está sendo refinado junto aos setores interessados, num diálogo constante. “Estamos conversando com entidades que participam do movimento Pró Pernambuco,  que reúne quase todas as associações do Estado. Na medida do possível  estamos conversando com o maior número de empresários”.

Sobre a questão do financiamento, linhas de crédito e recursos, disse que a Prefeitura não possui um fundo ou fonte pública para financiamento de atividade produtiva. “Não temos essa capacidade. Os investimentos foram feitos no sistema de saúde, apoio social e isolamento, sempre em parceria com bancos regionais e de fomento, além de instituições”. Lamentou a  dificuldade do setor privado e do governo Federal de criar  linhas e condições de crédito apropriados para o pequeno negócio.

Guilherme Calheiros  lembrou que não é possível dimensionar a perda de empregos formais, porque a publicação do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) foi suspensa desde o mês de março. “Temos a inferência de que o impacto é gigantesco. A dificuldade financeira é enorme. Teremos a noção do impacto nos próximos meses. O crédito é que pode fazer com que os meses parados possam ser restabelecidos”.

O estabelecimento de  horários diferentes nas atividades, foi pensado para minimizar o impacto no número de passageiros do transporte público, além disso, haverá um incentivo ao uso de bicicletas. Reforçou que ainda não há uma data exata para a reabertura de shoppings e de  academias de ginástica. Anotou as sugestões sobre a reabertura da igrejas e disse que o assunto será discutido, sendo  preciso considerar o retorno das atividades e os protocolos para esse retorno, a exemplo de número de lotação, horários e outras informações.



Em 03.06.2020, às 19h13.