Comissão de Acompanhamento ao Coronavírus discute saneamento e água

A descoberta de traços do novo coronavírus no sistema de saneamento em diversas cidades do mundo provocou uma reunião, nesta quarta-feira (15), da Comissão Especial Interpartidária de Acompanhamento ao Coronavírus da Câmara do Recife. Presidido pelo vereador Luiz Eustáquio (PSB), o grupo debateu o tema com gestores da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) e da Secretaria de Saneamento da capital. O abastecimento de água, necessário para a prevenção à covid-19, também foi discutido na ocasião.

 “Temos acompanhado os dados da covid-19 e o que tem acontecido na nossa cidade. A gente quer mais água à disposição da sociedade”, disse Luiz Eustáquio. De acordo com ele, as desigualdades do Brasil se refletem na distribuição do acesso ao saneamento básico – e, por consequência, na capacidade de cada setor da população se proteger do vírus. “Existe um acúmulo de riquezas na mão de poucas pessoas e uma multidão morando confinada em barracos. Isso tem feito o vírus atacar muito mais os menos favorecidos”.

Durante a reunião, diversos vereadores expuseram suas reclamações, opiniões e solicitações. Antes dos discursos dos gestores, Almir Fernando (PCdoB) e André Régis (PSDB) destacaram pontos críticos da situação do Recife em relação à administração das águas. Aline Mariano (PP), Jayme Asfora (Cidadania) e Rinaldo Junior (PSB) também fizeram questão de se pronunciar.

A presidente da Compesa, Manuela Marinho, fez uma explanação sobre o plano de contingência lançado pela Companhia em março deste ano, no começo da pandemia do coronavírus. “Criamos um comitê de combate à covid-19, com várias ações para levar mais água e esgotamento para as pessoas. A água é um direito de todos e nunca  foi tão ligada à sáude. Essa pandemia nos fez procurar trabalhar ainda mais, e incessantemente. Estamos levando água até mesmo para quem não é usuário da Compesa”.

O plano suspendeu a cobrança de conta para 120 mil usuários enquadrados na tarifa social. Além disso, ampliou a produção do Sistema Tapacurá e reforçou o trabalho com carros-pipa na Região Metropolitana (RMR) e no interior. Só na RMR, foram executadas 17 obras emergenciais, ao custo de R$ 4,6 milhões.

A Compesa instalou pias em 22 terminais integrados do transporte público da capital e região, além de 51 lavatórios em todo o Estado – no Recife, foram 15. Por meio de uma parceria com empresas privadas, devem ser distribuídas 900 caixas d’água para a população.

A diretora regional metropolitana da Compesa, Nyadja Menezes, detalhou algumas das obras realizadas na RMR. Além das obras emergenciais, ela falou sobre empreendimentos estruturantes que estão sendo feitos na área para melhorar o saneamento básico do Recife, como a ampliação e adequação da Estação de Tratamento de Esgoto Cabanga. O chefe de gabinete da Companhia, Aldo Santos, também participou da reunião para tratar de requerimentos enviados à entidade por vereadores do Recife.

O secretário de Saneamento da capital, Oscar Barreto, explicou à Comissão o papel cumprido pela pasta. “A Secretaria compartilha com a Compesa e com a [empresa] BRK Ambiental todo o saneamento do Recife. Ela não cuida de águas ou manutenção de canais, mas do saneamento básico, com metas colocadas no plano municipal”.

Segundo ele, a Secretaria lida com duas grandes obras atualmente: a Estação de Tratamento do Cordeiro, que deve servir cerca de 7% da cidade e tem conclusão prevista para junho de 2021, e o sistema Beberibe, que deve dar conta de 12% do saneamento municipal quando estiver pronto, no fim do ano que vem. Em seguida, disse o secretário, a atenção da Prefeitura será voltada para as Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS).

“Temos, hoje, uma planta com dois sistemas importantes. O plano municipal estabelece nossa prioridade, que é a ação nas zonas de interesse social. Resolvendo esses dois problemas, Beberibe e Cordeiro, vamos focar nas ZEIS”, afirmou.

Em 15.07.2020, às 16h54