Comissão Especial debate com setor de eventos cenário deixado pelo coronavírus

Após reunir-se com as autoridades da área de abastecimento de água e saneamento básico, na manhã desta quarta-feira (15), a Comissão Especial Interpartidária de Acompanhamento ao Coronavírus realizou um debate com representantes de empresas que atuam no mercado de eventos do Recife. O setor autoproclama-se como um dos que mais sofreram desde que foi decretado o isolamento social como medida preventiva para conter a aglomeração de pessoas, evitando a proliferação do covid-19. “Algumas empresas desse setor já fecharam as portas, pois ficaram sem condições de se manter em funcionamento”, informou o vereador Luiz Eustáquio (PSB), que presidiu a reunião, e que ocorreu no final da tarde, de forma remota, por videoconferência. O grande anseio dos profissionais e representantes do setor, durante o encontro, foi saber uma data para se planejar e realizar eventos sociais considerados menores como as festas de casamento, batizado e formatura que reúnem no máximo 200 pessoas.

Na abertura da reunião, o vereador Luiz Eustáquio explicou aos participantes sobre a importância da Comissão Especial Interpartidária de Acompanhamento ao Coronavírus e disse que ela vem funcionando desde o começo da pandemia, em março. “No começo, acompanhamos a instalação dos hospitais de campanha, depois as fases do distanciamento social e agora, a retomada da economia nos setores da sociedade. É dentro deste contexto que esta reunião se realiza. Hoje, temos oportunidade de conversar com o setor de eventos”, afirmou. A reunião contou com a presença da secretária de Turismo, Esportes e Lazer da Prefeitura do Recife, Ana Paula Vilaça; e com o presidente da Empresa Pernambucana de Turismo (Empetur), Antônio Neves.

A reunião contou com a participação do vereador Romerinho Jatobá (PSB), que reforçou os anseios dos profissionais e empresários do setor. O vereador afirmou que “este segmento econômico está bastante sofrido” e os empresários do setor estão sendo duplamente prejudicados. “Em primeiro lugar, estão prejudicados com os eventos deste ano, que não sabem se serão realizados; e depois, com os de 2021, que também não podem ser planejados. Já tive oportunidade de conversar sobre isso com representantes do setor e levei o pleito deles para a secretária Ana Paula Vilaça. É importante a definição dessa data de retorno das atividades”, afirmou. Quem primeiro falou, representando o setor de eventos, foi a publicitária especializada em marketing de serviço, Fabiana Santos. Ela sublinhou a necessidade de se definir uma data de volta das atividades do setor. “O setor está parado há meses e nossos clientes estão inseguros. Se alguns já adiaram suas datas, outros já cancelaram, e o setor tem que arcar com o prejuízo. Nós trabalhamos com reserva de datas e, como não há uma previsão de volta dos nossos trabalhos, não podemos fazer reservas. E nossos fornecedores são muito pulverizados”, resumiu.

Trata-se de um setor muito amplo, que envolve prestadores de serviços de organizações de feiras, congressos, exposições e festas. Absorve profissionais os mais diversos, desde os que alugam estruturas como palcos e estandes, passando por iluminação, serviços de filmagens, bufê de festas, decorações, assessoria cerimonial, entre outros. A empresária Ana Paula Goes, do Buffet Ana Goes, que também participou da reunião, explicou: “Queremos uma data para permitir que realizemos os eventos no futuro. Ninguém faz festas sociais de uma hora para outra, mas se programam a longo prazo” afirmou.  Ela disse que, para manter a casa de eventos que dirige, em funcionamento, vem fazendo entregas em regime delivery , como forma de manter os funcionários e não demiti-los. Já a representante da empresa Locmóveis, Renata Jardim, afirmou que o setor está passando por sérios problemas financeiros. “As contas precisam ser pagas e muitas empresas estão sem dinheiro, tendo que renegociar o parcelamento de cartões de crédito. Para pagar a conta da luz, a Celpe vem cobrando uma média de consumo das casas que estão fechadas”, afirmou.

Outro participante da reunião, o empresário Julio César Salgado, do ramo de locação de móveis para eventos, questionou os critérios utilizados para definição dos protocolos que estão permitindo a reabertura dos setores. “Se as igrejas abrem, e os noivos querem fazer uma festa de casamento, por que não podem?  Outra coisa, se os bares abrem, que são mais escancarados, por que as casas de festas, que são mais seguras também não podem?”, perguntou.

A secretária de Turismo, Esportes e Lazer da Prefeitura do Recife, Ana Paula Vilaça, disse que o setor de eventos não está sendo esquecido pelo prefeito Geraldo Julio, mas que a definição dos protocolos de abertura seguem regras rígidas. “Os protocolos são decididos por diversos representantes das secretarias de Saúde do Recife e do Governo do Estado, e ainda contam com consultoria do Porto Digital. Também estamos em sintonia com as definições dos protocolos em outros países e estados”. Ela afirmou que na próxima semana poderá dizer ao setor, depois de ouvir as autoridades sanitárias, qual uma data provável para reabertura do setor de eventos sociais. Não os eventos grandes, como shows e feiras, mas os pequenos, como casamentos e festas de formatura. “Infelizmente, agora, não podemos dizer uma data com segurança. Levarei o pleito e vamos avaliar a pauta de vocês”.

Já o presidente da Empresa Pernambucana de Turismo (Empetur), Antônio Neves, disse que a reabertura do setor de eventos vem sendo “amplamente discutida pelo Governo do Estado com as entidades deste setor, como a Associação Brasileira de Empresas de Organizações de Eventos; a União Brasileira de Feiras e Eventos; e União Brasileira dos Promotores de Eventos”. O presidente da Empetur recomendou aos participantes da reunião que “se associem a esses órgãos de classe, que estão trabalhando pela volta das atividades. Com eles, nós já fizemos numerosas reuniões e apresentamos modelos de protocolos para serem adotados aqui”. O último desses modelos de protocolos, segundo Antônio Neves, já estava em fase de aprovação quando teve que ser revisto, pois a decisão da volta do setor é uma decisão nacional. “Mas, houve um retrocesso nas questões de São Paulo e agora temos que esperar”, informou. Antônio Neves explicou que tanto os empresários do setor quanto o Governo do Estado “estamos preocupados com a situação, pois todos queremos gerar emprego e renda. Mas, qualquer decisão tem que ser abraçada com a ciência”.



Em 15.07.2020

 

 

 

15.07.2020.