Aline Mariano se diz constrangida com a votação de projeto de lei

A vereadora Aline Mariano (PP) afirmou que era uma situação constrangedora para uma parlamentar ser obrigada a votar numa matéria legislativa que à princípio não poderia estar em pauta, a exemplo do projeto de lei do Executivo nº 25/2020, porque, segundo ela, a tramitação dele fere o Regimento Interno da Câmara Municipal e a Lei Orgânica do Recife. “É desconfortável discutir algo que tinha prazo para ser protocolado e não o foi. Não me sinto confortável de votar nesta matéria, pois ela não era para entrar na ordem do dia de forma alguma. Tanto pela questão legal quanto para os seus efeitos. Estamos numa gestão pública que vai se encerrar esta semana e, portanto, os próximos vereadores é que deveriam cumprir este papel de votar, pois o projeto de lei vai afetar a gestão futura”, disse ela, durante a reunião Extraordinária realizada nesta segunda-feira (28), por videoconferência. O projeto de lei foi votado e aprovado em primeira discussão.

O projeto de lei do Executivo número 25/2020 dispõe sobre a reestruturação administrativa dos órgãos e entidades da administração direta e indireta do Município do Recife. “Como esta reforma vai afetar a futura gestão, eu só posso entender que havia outros interesses. O que estava em jogo não era exatamente uma reforma administrativa, pois é natural que todo novo gestor faça suas mudanças e adapte a máquina administrativa ao seu estilo. Para mim, esse projeto de lei foi um disfarce para que a Câmara Municipal votasse um projeto de lei, também do Executivo, e que já foi aprovado em primeira discussão, que foi o de número 24/2020. O projeto de lei 24/2020 flexibiliza as regras das Zeis e prejudica as comunidades pobres do Recife, mas o prefeito não queria se expor. Entendo que realmente era isso que estava em jogo, foi esse o real interesse”, disse a vereadora.

Aline Mariano esclareceu que iria se abster de votar no projeto de lei da reforma administrativa porque ele feria as legislações e não porque ele propunha mudar o número de secretarias municipais e empresas da administração indireta. “Não quero que meu nome fique ligado e propagado junto do povo recifense que eu votei contra uma mera reforma administrativa, mas porque a tramitação do projeto fere princípios constitucionais. Mas, ressalto que um prefeito é quem vai prestar conta de sua gestão, da máquina que vai gerenciar. Dessa forma, vou desejar a João Campos muita sorte e espero que ele copie o que foi bom na atual gestão e que mude de forma consciente aquilo que é necessário para atender aos interesses da sociedade”, disse.

Aline Mariano acrescentou que espera de João Campos que ele não deixe o poder subir a cabeça e não se isole no poder, sem querer ouvir críticas, e querendo ouvir somente elogios. “Quero dizer a João Campos que um bom gestor tem que ouvir a todos e a todas.  Na hora que esse gestor perde a capacidade de ouvir, ele também perde a liderança e até mesmo o rumo. Foi o que ocorreu com Geraldo Julio. Eu era da base, mas ele perdeu a capacidade de ouvir os correligionários que iriam criticar coisas que consideravam erradas. Muitas lideranças se afastaram dele por esta razão e o resultado são as avaliações do governo”, disse.


Em 28.12.2020.