Ivan Moraes enaltece agremiações vencedoras do desfile do Carnaval do Recife 2024

Durante a reunião plenária da Câmara Municipal do Recife nesta terça-feira (27), o vereador Ivan Moraes (PSOL) fez questão de destacar 38 requerimentos, de sua autoria, concedendo votos de aplausos a agremiações carnavalescas vencedoras do desfile do Carnaval do Recife 2024. O parlamentar também fez uma análise da política cultural do município e deu sugestões ao Poder Executivo.

“Após o Carnaval, eu subi à tribuna, fiz críticas à forma com que as agremiações da cultura popular são tratadas no escopo do Carnaval do Recife. Eu elogiei a volta do desfile para a Avenida Dantas Barreto, critiquei a arquibancada que não comporta o público e a falta de um som específico. No entanto, ressaltei a importância dessas agremiações porque são justamente essas linguagens que fazem o Carnaval do Recife ser o Carnaval do Recife. E não poderia deixar de trazer a essa tribuna, hoje, a necessidade de aplaudi-las. Foram 38 vencedoras e saúdo cada uma delas, por meio dos votos de aplausos”.

Ivan Moraes citou cada uma das 38 vencedoras e afirmou a importância de cada uma para o Carnaval do Recife. O parlamentar também fez sugestões à festividade em 2025. “Sem nossas escolas de samba, clubes de frevo, afoxés, ursos e maracatus não haveria o Carnaval. Nosso enaltecimento e o nosso grande salve para cada uma que hoje, às portas de março, já começam a se organizar para o Carnaval do ano que vem em todos os bairros. Há avanços que precisam ser ressaltados, mas foram tímidos diante do tamanho da nossa cultura popular. Queremos que em 2025 a gente tenha um desfile com som de qualidade, telão para todo mundo poder acompanhar as evoluções e colocar as apresentações num horário mais adequado. Que tenhamos a oportunidade de vivenciar a nossa cultura que nos traz representação, emprego e renda”.

Análise da política cultural do Recife – No grande expediente, período da reunião plenária voltado para pronunciamentos mais longos e debates, Ivan Moraes retornou à tribuna da Câmara para fazer uma análise da política cultural do município e dar sugestões ao Poder Executivo. O parlamentar afirmou que as críticas e recomendações foram geradas pela iniciativa Recife Arretado, de seu mandato, que reúne consultas à população e a mais de 20 organizações da sociedade civil.

De acordo com Moraes, as gestões municipais do Partido Socialista Brasileiro (PSB) não foram capazes de criar uma “política pública sustentável de cultura que abranja toda a cadeia produtiva”. Na tribuna, ele afirmou que os recursos executados na área se mantiveram mais ou menos estáveis desde 2017, mas sem atualizações inflacionárias no período, isto é, principalmente com execuções entre os R$ 93 milhões e os R$ 110 milhões. Segundo o vereador, houve queda significativa em 2021, com a execução de R$ 64 milhões, e um aporte maior em 2023, de R$ 220 milhões – que, para ele, seria atribuído a injeções financeiras do Governo Federal eleito em 2022.

Mas o problema maior, segundo Ivan Moraes, é a falta de estruturação de uma política cultural que garanta investimentos em editais, a sobrevivência dos fazedores de cultura o ano inteiro, e a manutenção dos espaços físicos de cultura da cidade. Na sua análise, ele indicou que a Prefeitura tem se limitado a apenas produzir eventos, sem se aprofundar na sustentabilidade da cultura municipal e nas suas oportunidades econômicas. Isso seria representado pelos baixos recursos da própria Secretaria de Cultura, que dominaria apenas 10% dos valores executados na área, muito abaixo do setor que realiza os eventos municipais.

“Estamos precisando de uma política integrada que, primeiro, fomente a cultura o ano inteiro. Nós não podemos acreditar que a política de cultura que nós desejamos, merecemos e precisamos, é apenas a de uma Prefeitura que se comporta, muitas vezes e muito mais, como uma produtora de eventos do que como uma gestora de uma política cultural”, avaliou. “Não temos muitos recursos, mas temos bastante recurso para a execução de atividades culturais; não temos recursos, por exemplo, para a manutenção de nossos equipamentos, para a manutenção das nossas agremiações e grupos culturais ao longo do ano”.

Ainda no discurso, Moraes salientou três propostas suas para a política cultural do Recife. A primeira é o fortalecimento da política de editais, com mais investimentos no Sistema de Incentivo à Cultura e com uma distribuição de oportunidades que chegue a todos os territórios. A segunda é o fomento à estrutura física da cultura, com uma política de melhores cuidados a espaços como teatros e cinema e a criação de uma passarela da cultura popular. Por fim, a terceira proposta é o incentivo financeiro às agremiações da cultura popular – clubes de frevo, afoxés, maracatus, escolas de samba, quadrilhas, dentre outros – o ano inteiro, e não apenas nos ciclos festivos, com o estabelecimento de contrapartidas como a realização de apresentações frequentes.

“Nós temos Recife como uma das principais produtoras de audiovisual do país. Nós temos, aqui, expoentes da moda, da música, do teatro, da gastronomia, da cultura popular, da dança, da fotografia”, comentou. “Não é possível que nós não tenhamos a capacidade de aproveitar toda essa expertise histórica que temos para fazer do Recife a capital nacional da cultura, em que as pessoas vivam das suas atividades”.

Em aparte, o vice-líder do governo na Câmara, vereador Rinaldo Junior (PSB), salientou o crescimento do Carnaval deste ano e demonstrou apoio à criação de uma política de apoio permanente à cultura. “É possível, sim, manter um ciclo anual de festividades e, principalmente, de apoio”, disse. “A prioridade, na gestão pública, tem que ter recurso. Não existe prioridade na administração pública sem recurso. Dito isso, é importante também informar: a gente viu que o Carnaval aumentou, o Carnaval foi maior, atraiu mais pessoas. O Carnaval gerou mais recursos, mais emprego”.

Já a vereadora Liana Cirne (PT) convidou os parlamentares a participar de uma audiência pública de iniciativa de seu mandato que deve avaliar o Carnaval de 2024 no dia 8 de abril, no plenarinho da Câmara. No aparte, ela demonstrou preocupação com o tratamento dado à cultura popular no festejo. “Nós tivemos muitos avanços neste Carnaval, mas também alguns retrocessos. Um deles foi a ausência do camarim da cultura popular, que nós tínhamos tido, inclusive com minha emenda parlamentar, em 2023, e não tivemos no Carnaval de 2024”, afirmou. “É preciso dizer que a cultura popular não se sentiu respeitada neste Carnaval. Há muitas denúncias de humilhação, menosprezo, gente que não tinha onde trocar de roupa”.

Clique aqui e assista a matéria do TV Câmara do Recife sobre agremiações carnavalescas.

Clique aqui e assista a matéria do TV Câmara do Recife sobre política integrada para manutenção da cadeia cultural.

Em 27.02.2024