Liana Cirne critica moção de repúdio
“Uma moção de repúdio que tem muitos erros históricos e eu acho importante nós tratarmos da matéria que se refere a uma declaração que o presidente Lula fez em defesa do povo palestino. Se essa declaração tivesse sido desastrosa, nós não teríamos hoje, depois da fala de Lula, 26 dos 27 países da União Européia, União esta que é aliada de Israel, pedindo pausa humanitária na guerra. A oposição a Lula é uma coisa. E fazer oposição à declaração humanitária do presidente Lula, em defesa do povo que está sendo vítima de um genocídio étnico, é outra coisa”.
Ela pediu atenção aos parlamentares de oposição e mostrou imagens de adultos e crianças mortos na Palestina. “Nós estamos falando de um estado que exerce uma política sionista que tem atacado o povo palestino e usado como desculpa, e como mentira, o exercício do direito de defesa. Direito de defesa não compreende crimes de guerra nem bombardeios contra escolas, hospitais, mesquitas, igrejas e residências de civis desarmados. Não tem mais cabimento falar que Israel está se defendendo. Israel tem inteligência e usa o Hamas como desculpa para matar um povo desarmado. Por isso, eu gostaria de pedir aos meus colegas que vão votar essa moção de repúdio que vissem essas imagens. É um bebê que morreu pela ação de uma bomba em uma área civil onde as pessoas não têm armas. Isso aqui, vereadores e vereadoras, é um pedaço de mãe agarrada num pedaço de filho. A bomba despedaçou a mãe agarrada no filho”.
Liana Cirne ressaltou a frase do presidente Lula e afirmou que não poderia deixar de falar sobre o que está acontecendo com o povo palestino. “Vocês lembram da vala comum que existia em Auschwitz? Isso aqui (mostrando fotos) é a vala comum onde o povo palestino está sendo enterrado. Qual é a impropriedade de comparar o genocídio étnico contra judeus e o genocídio étnico contra os palestinos? A gente não pode deixar de dizer o que está acontecendo contra o povo palestino. É um genocídio étnico. Então, ou você concorda com Lula ou você concorda com a matança do povo palestino. Lula tem razão”.
Direitos das mulheres – A passagem do Dia Internacional das Mulheres, na última sexta-feira (8), motivou outro discurso da vereadora Liana Cirne nesta segunda-feira. Ao retornar à tribuna, a parlamentar refletiu sobre a falta de representação de gênero nos espaços de poder e sobre a persistência dos casos de violência contra mulheres em Pernambuco.
Em seu discurso, Cirne lembrou que o número de mulheres na Câmara do Recife – isto é, sete vereadoras – alcança apenas 15% do total de parlamentares da Casa, atualmente em 39. Mas o problema, acrescentou, é generalizado no Brasil e nas demais esferas de poder. Na ocasião, ela defendeu a implementação de uma política de cotas mínimas em espaços como as casas legislativas do País.
“Isso é uma realidade em todas as câmara municipais do Brasil, é uma realidade em todas as assembleias legislativas do Brasil, é uma realidade na Câmara Federal em Brasília, é uma realidade no Senado, é uma realidade nos Executivos”, disse. “Nós precisamos avançar nas políticas para que haja mulheres nos espaços de representação. E a gente tem que discutir cota não mais de saída, como nós temos, mas cota de chegada. Nós não podemos ser apenas 30% das candidatas. Nós precisamos ser 30% das eleitas. E só vamos conseguir isso com uma política de cotas, até que a justiça de gênero seja uma realidade social”.
Ao se dirigir ao plenário, Liana Cirne repercutiu propostas suas que visam a coibir práticas de violência contra mulheres no Recife, como o projeto de lei nº 188/2023, que pretende criar mecanismos de punição administrativa para combate à violência contra a mulher no âmbito do município. A vereadora também se mostrou preocupada com a incidência crescente desses crimes no Estado.
“Somente em Pernambuco, nós tivemos, em 2022, 44.341 casos de violência contra a mulher. Em 2023, nós tivemos um aumento de mais 17% dessa violência. Os casos de violência contra a mulher no nosso Estado dispararam para mais de 52 mil, lamentou. “Somente em janeiro e fevereiro deste ano, nós tivemos 8.642 casos de violência contra a mulher. E em 2023, nós tivemos no nosso Estado 2.825 casos de estupro notificados”.
Em aparte, a vereadora Aline Mariano (PP) também mostrou preocupação com a situação de baixa representatividade de gênero e com os dados da violência de gênero em Pernambuco. Ela ainda teceu críticas à política de gênero da gestão estadual, chefiada pela governadora Raquel Lyra (PSDB) e pela vice-governadora Priscila Krause (Cidadania). “De fato, nós somos a maioria do eleitorado e a minoria em representatividade em todas as instâncias dos poderes Legislativo e Executivo no país. Por incrível que possa parecer, esta é a legislatura [municipal] que elegeu o maior número de mulheres – sete, que representa 15%. Mas, em toda a história do Recife, não passaram mais de 20 mulheres”, apontou. “O que me deixa muito triste é que o Estado de Pernambuco é governado por duas mulheres. E está aí a Secretaria da Mulher: nada avançou. Vossa Excelência está aqui dando números reais”.
O vereador Ivan Moraes (PSOL) foi outro parlamentar a defender mudanças eleitorais que diminuam a desigualdade de representação, como a proposta de voto lista fechada com alternância de gênero. Ele lembrou que decidiu não concorrer às próximas eleições para o cargo de vereador para apoiar candidaturas de mulheres. “Se juntar todas as mulheres que um dia, na história do Recife, já foram vereadoras, talvez não desse quórum para a gente votar uma matéria [de maioria] qualificada aqui nesta Casa. Isso é muito grave, isso não é bobagem”, argumentou. “Eu me alio à plataforma pela reforma política que há alguns anos foi elaborada por diversas organizações sociais e demandava que houvesse, de fato, listas fechadas para eleição do Legislativo e com alternância de gênero. É uma medida relativamente simples, factível, possível, e que na primeira eleição faria com que aproximadamente 50% das pessoas eleitas para o parlamento fossem mulheres”.
Clique aqui e assista a matéria do TV Câmara do Recife sobre moção de repúdio ao presidente Lula.
Clique aqui e assista a matéria do TV Câmara do Recife sobre necessidade de participação feminina na política.
Em 11.03.2024