Morte de Marielle Franco revela conexões entre política, crime organizado e interesses econômicos, diz Elaine Cristina

Um assassinato que ilustra “as profundas conexões entre a política, o crime organizado e os interesses econômicos escusos que permeiam a sociedade brasileira”. Foi essa a análise que a vereadora Elaine Cristina (PSOL) fez nesta segunda-feira (25) ao repercutir as prisões cautelares dos suspeitos de idealizarem o assassinato da vereadora do Rio de Janeiro (RJ) Marielle Franco. A operação da Polícia Federal que prendeu Chiquinho Brazão, Domingos Brazão e Rivaldo Barbosa ocorreu no último domingo (24), seis anos após a morte da parlamentar e de seu motorista, Anderson Gomes, em março de 2018.

Domingos Brazão é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), enquanto o seu irmão Chiquinho Brazão (União Brasil), atualmente deputado federal, ocupava o cargo de vereador na Câmara Municipal do Rio de Janeiro na mesma legislatura de Marielle Franco à época de sua morte. Ambos são apontados pela Polícia Federal como idealizadores do assassinato da vereadora, enquanto o delegado Rivaldo Barbosa teria se ocupado do planejamento do crime e da obstrução das investigações.

Em seu discurso, Elaine Cristina ressaltou que os irmãos Brazão possuem ligações com a política institucional, com as milícias e com a grilagem de terras. As investigações indicam que o crime ocorreu por conta de posicionamentos de Marielle Franco contra um projeto de lei de Chiquinho Brazão que facilitaria a especulação imobiliária em áreas do Rio de Janeiro controladas pela milícia. “Segundo relatos, o motivo do crime estaria relacionado aos conflitos políticos e aos interesses financeiros dos envolvidos, que entraram em divergência no campo político sobre questões de regularização fundiária e defesa do direito de moradia, como apontado pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski”.

Para a vereadora do Recife, o racismo e a misoginia também foram elementos importantes para que o assassinato fosse executado. “O fato de Marielle ser uma parlamentar mulher e negra, lutando pelas causas da população da cidade do Rio de Janeiro, desafiava diretamente a visão antiquada e discriminatória que muitos ainda mantêm em relação às mulheres e às pessoas negras. Seu assassinato brutal foi um ato de covardia e intolerância, perpetrado por aqueles que se sentiam ameaçados pela sua coragem e determinação em defender os direitos humanos e sociais de todos os cidadãos, especialmente os mais marginalizados”.

Enfrentamento ao racismo e ao capacitismo – Ainda na tribuna da Câmara do Recife, Elaine Cristina repercutiu a passagem dos dias internacionais da Síndrome de Down e Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, ambos celebrados em 21 de março.

“Estima-se que no Brasil ocorra 1 em cada 700 nascimentos, o que totaliza em torno de 270 mil pessoas com Síndrome de Down, e eu, como uma mãe atípica, entendo profundamente os desafios enfrentados por pessoas com alguma atipicidade e suas famílias”, disse a vereadora na ocasião. “Assim, é importante negritar nesta Casa que a Síndrome de Down não é uma doença, e sim, uma condição que constitui uma pessoa, portanto, não se deve falar em tratamento ou cura”.

A respeito do enfrentamento à discriminação racial, Elaine Cristina lembrou que o problema do racismo é uma constante no Brasil. “Como mulher negra, sei que a luta contra a discriminação racial é uma batalha constante. Vivemos em uma sociedade que ainda enfrenta profundas disparidades e injustiças, onde o racismo persiste em muitas formas insidiosas. Como representante desta cidade diversa e vibrante, estou comprometida em combater todas as formas de discriminação racial e em trabalhar incansavelmente pela igualdade de oportunidades para todos os cidadãos, independentemente de sua cor de pele”.

Clique aqui e assista a matéria do TV Câmara do Recife.

Em 25.03.2024