Liana Cirne aprova voto de aplausos pela memória do Padre Jaime e discute 24 requerimentos

A vereadora Liana Cirne (PT) discutiu o requerimento número 3705/2024, de sua autoria, concedendo voto de aplausos e louvor pela memória do Padre James Kohmetscher, mais conhecido como Padre Jaime, “em reconhecimento ao seu notável período de sacerdócio, destacando-se a luta pela melhoria das condições de vida do povo de Brasília Teimosa”. De acordo com a parlamentar, o sacerdote foi um homem que fez história no Recife e até o nome da comunidade, na Zona Sul, tem correlação com a atuação do religioso. A parlamentar também discutiu outros 24 requerimentos na reunião plenária realizada pela Câmara Municipal do Recife, na manhã desta segunda-feira (29).

O requerimento 3705/2024 foi aprovado após a discussão.  “A luta do padre Jaime vive em nós, a teimosia dele vive em nós. Através da luta dele, o Recife se destacou nos anos 1960 e 1970 como uma das cidades mais importantes pela luta de moradia. Lemos a luta de Padre Jaime nos livros de Joaquim Falcão, mais precisamente na disciplina de Sociologia do Direito, que é estudada em qualquer lugar do Brasil. Lá, nos textos de Joaquim Falcão, lemos a sua luta porque ela foi escrita como exemplo de história da resistência e da justiça social”, afirmou a vereadora.

De acordo com Liana Cirne, o padre chegou a Brasília Teimosa em 1963, quando os moradores locais ainda estavam instalados em palafitas, antes da urbanização que atualmente existe. “Quando ele chegou, a Associação de Moradores e o Conselho de Moradores funcionavam em barracos e o padre abria a igreja para as reuniões dessas entidades. À noite, o padre ajudava a construir os casebres, juntamente com os moradores. No dia seguinte, a polícia vinha e os destruía. Mas o padre voltava a fazer a mesma coisa à noite. Assim, ele ficou conhecido como o ‘padre teimoso’. Por causa dele a comunidade ganhou o nome de Brasília Teimosa”, contou

Liana Cirne disse ainda que a ligação dos moradores de Brasília Teimosa com o padre foi tão grande que, quando inaugurada a Avenida Brasília Formosa, a população local discordou da denominação, pois queria que ela fosse Avenida Padre Jaime. “Pretendo apresentar um novo projeto de lei para denominar a avenida com o nome do Padre Jaime. Ele foi um homem que não se acomodava diante da injustiça e chegou a ser preso por agitação. Ao ser preso, quando entrou no camburão, disse que o camburão estava condenado por descumprir a lei de Deus, porque a Lei de deus é fazer a justiça. Não a justiça dos homens, mas a lei da fraternidade”, afirmou.

Em bloco - A vereadora Liana Cirne voltou ao plenário para discutir outros requerimentos. Ela discutiu em bloco 24 propostas de sua autoria que foram divididas em quatro grupos: os requerimentos que falam de ciclofaixas e a sua transformação em ciclovias; o da participação da sociedade civil na implantação de ciclofaixas; reformas que precisam ser feitas na malha urbana para implantação das ciclofaixas; e a questão da rede elétrica das escolas municipais que precisam ser requalificadas para instalação de sistema de climatização.

Os requerimentos debatidos em bloco pela vereadora foram os de número 3571/2024, 3572/2024, 3573/2024, 3574/2024, 3575/2024, 3576/2024, 3577/2024, 3579/2024, 3598/2024, 3615/2024, 3702/2024, 3703/2024,  3704/2024, 3707/2024, 3710/2024, 3711/2024, 3712/2024, 3713/2024, 3714/2024, 3715/2024, 3716/2024, 3717/2024, 3718/2024 e 3719/2024. “Esses requerimentos nasceram de nossa audiência pública sobre os 10 anos do Plano Cicloviário”, disse.

A vereadora debateu os requerimentos por grupo. “O primeiro que discuto é o que propõe a transformar ciclofaixas em ciclovias. É uma série de requerimentos destinados ao prefeito, para que as ciclofaixas que são pintadas com tinta vermelha, no chão, passem a ser ciclovias. Para isso, precisam ter separação fixa, entre a faixas de rolamento de automóveis e a das bicicletas”, disse. Liana Cirne acrescentou que é por falta de iniciativas como essa, no trânsito, “que estão ocorrendo acidente graves e até óbitos nas ciclofaixas”.

Ela afirmou em seguida que “a ciclo rota é o melhor modelo que existe, para que a bicicleta e os carros coexistiam com respeito”, mas acrescentou que isso parece impossível no Recife devido à falta de educação no trânsito. “Não temos educação no trânsito. Um carro, quanto maior, quer ter prioridade sobre o veículo menor”, observou.

O vereador Victor André Gomes (PV) pediu aparte a elogiou a vereadora por ter abordado o tema da educação no trânsito e também por tratar das dificuldades de se implantar ciclovias, ciclofaixae e ciclo rotas. “A malha cicloviária do Recife não é debatida com profundidade desde o ano 2000”, informou. O vereador lembrou que é autor do projeto de lei Ordinária (PLO) número 231/2023, que propõe que a população  “adote uma ciclofaixa”.

O segundo grupo de requerimentos debatidos ela vereadora está dentro do tema da participação da sociedade civil na implantação de ciclofaixas. “O direito à mobilidade está dentro do direito à cidade. Nesse sentido, é fundamental a participação da sociedade civil na implantação de ciclofaixas. Esse direito precisa ser cumprido. A decisão da implantação das ciclofaixas não pode ser feita em meras decisões de técnicos, em gabinetes. A participação popular pode ser feita através de audiências públicas”.

O vereador Rodrigo Coutinho (Republicanos) pediu aparte e disse que a discussão apresentada pela vereadora “é pertinente” e reconheceu que na atual gestão municipal “houve avanços” e citou como exemplo a ciclofaixa que faz a ligação da Zona Sul com a Zona Norte e com a zona central. Os problemas do trânsito, segundo ele, passam pela educação dos condutores.

No tema seguinte, Liana Cirne pediu que seja feita a instalação de grades de proteção em toda a ciclovia da Avenida Agamenon Magalhães. E em seguida, fez um apelo para que os vereadores e vereadoras apoiem a reabertura da Câmara Técnica de Trânsito e Mobilidade do Recife. “Uma cidade como a nossa precisa dessa câmara técnica em funcionamento, para que haja disciplina no trânsito’. Ela aproveitou para dizer que a Prefeitura do Recife precisa cumprir o artigo 46, da portaria 175, do Ministério da Cidade, que exige a realização da Conferência.

O último grupo de requerimentos debatidos pela vereadora não faz referência à questão de trânsito e transporte público, mas à climatização das escolas da rede pública municipal. Ela lembrou que na semana passada, o tema foi discutido em plenário, quando se constatou que muitas escolas ainda não foram climatizadas por culpa da empresa de eletrificação em Pernambuco, a Neoenergia.

A Prefeitura do Recife já deixou as escolas prontas para receber o ar-condicionado geral, mas a Neoenergia ainda não fez a adaptação externa. “Recebi denúncias de que há escolas que foram beneficiadas pela climatização, mas a rede elétrica das escolas não suportou a climatização. Não suportou a carga. Há um jogo de empurra-empurra entre Prefeitura do Recife e Neoenergia”.

Clique aqui e assista a matéria do TV Câmara do Recife sobre voto de aplausos pela memória do Padre Jaime.

Clique aqui e assista a matéria do TV Câmara do Recife sobre requerimentos voltados ao incentivo do uso da bicicleta.

Em 29.04.2024.