Audiência pública debate a readequação viária no bairro Ipsep

Com o objetivo de debater o andamento das “Obras de Readequação Viária no bairro do Ipsep”, na Zona sul, que foram iniciadas em 2022 e até o presente estão inconclusas, o vereador Felipe Alecrim (Novo) realizou audiência pública, na tarde desta quarta-feira (22), com a justificativa de que os serviços de engenharia estão causando transtornos à população. De acordo com o parlamentar, a situação tem afetado a mobilidade, prejudicado a economia do bairro e causado problemas para “a maioria dos residentes, que convivem com grande quantidade de resíduos sólidos advindos das obras, bem como poeira, ruídos e fuligens acima do recomendado, o que, consequentemente, prejudica a saúde física e mental da população”.

Com cerca de 25 mil habitantes, o bairro do Ipsep é considerado, pela gestão de trânsito, como uma localidade estratégica para o sistema viário da Zona Sul. Ele é passagem e ligação com a Zona Oeste, assim como para alguns bairros da Zona Sul, como o Ibura. No início de 2022, foram iniciadas as obras no bairro, que passaram pela infraestrutura urbana de diversas vias, desapropriação de imóveis, e abertura de vias alternativas para criar um binário. As obras, no final, vão permitir a readequação viária do Ipsep, sob responsabilidade da Prefeitura do Recife. Participaram dos debates a representante dos Comerciantes do IPSEP, Flávia Maria da Silva; o diretor regional Metropolitano da Compesa, Flávio Coutinho; o deputado estadual Renato Antunes; e o gerente geral de Obras Planas, representante da Autarquia de Urbanização (URB), Wlademir Souza.

De acordo com explicações apresentadas pelo vereador Felipe Alecrim, foram feitos bloqueios e desvios nas principais vias da localidade, como nas avenidas Jean Émile Favre e Raimundo Diniz; e nas ruas Rio Maranhão, Blumenau, Potengy, Saldanha Marinho, Marechal Craveiro Lopes, entre outras. A situação das ruas, disse ele, tem causado transtornos e prejuízos financeiros ao comércio local. Ele também alegou que “a comunidade tem poucas opções de deslocamentos, com poucas saídas viárias para veículos e pedestres”. Outros problemas apontados pelo vereador são: muitos buracos nas ruas, valas abertas, bueiros sem tampas, asfaltos inacabados, ondulações na via, como na Avenida Jean Émile Favre; ruas com muita terra e barro; vazamentos de água potável e de esgoto; entre outros problemas que são observados no cotidiano.

O vereador ressaltou que “os transtornos que são registrados tornam caótica a mobilidade no bairro” e acrescentou que o grande propósito da audiência pública “é obter respostas do poder público” e buscar encaminhamentos. Entre os convidados da audiência pública, o  primeiro a falar foi o deputado estadual Renato Antunes. Ele disse que, na condição de morador do Ipsep e deputado, procurou o mandato do vereador Felipe Alecrim para ele abordar o assunto numa audiência pública na Câmara do Recife. “De imediato ele se mostrou sensível ao que está acontecendo no bairro e que está afetando negativamente a vida dos moradores. Pedimos que fosse realizada uma audiência pública construtiva, pois a ideia não é um debate entre governo e oposição. Nossa intenção não é queimar pneu, mas buscar soluções práticas”, disse.

O deputado afirmou que “há uma inércia do poder público”, pois a obra “está se arrastando como tartaruga”. Em seguida, falou a representante dos comerciantes do IPSEP, Flávia Maria da Silva. Ela focou nas perdas do comércio local e nas dificuldades que a população enfrenta com a mobilidade precária. “Estamos vivendo um caos na avenida Jean Emile Favre, que é o coração do Ipsep. Nada está funcionando”. Ela reforçou que os moradores do bairro não “sabem qual o objetivo do projeto”, pois nenhum técnico apareceu por lá para “explicar nada. Nós não fomos escutados”.  Flávia Maria da Silva disse que, além de não saber qual é a obra que estará em execução, ninguém sabe quando será concluída. “Não houve transparência”.

Ela disse que tem um salão de beleza na Avenida Jean Emile Favre e que o movimento de sua loja caiu, pois na área não há mais estacionamento. “Meu faturamento caiu em mais de 60%. Fui obrigada a dispensar oito empregados”. Segundo ela, outras 20 lojas que também funcionavam na avenida já fecharam suas portas. As linhas de ônibus, afirmou, praticamente desapareceram do bairro, pois é impossível transitar. “A Prefeitura do Recife está fazendo o que quer com a gente. E o Ipsep grita socorro”, afirmou.

O gerente geral de Obras Planas, representante da Autarquia de Urbanização (URB), Vladimir de Souza, que é o responsável pela obra, confirmou que está sendo construído o binário do bairro. Ele afirmou que antes da ordem de serviço, o projeto de engenharia, com todo o planejamento, foi apresentado aos moradores e comerciantes, numa reunião realizada na Escola Lauro Diniz. “Inclusive abrimos para perguntas e esclarecimento de dúvidas”, disse. As obras foram iniciadas em 18 de abril de 2022, mas enfrentaram uma intercorrência na altura do pontilhão da Rua Pampulha, o que gerou um atraso. “Mas até o final de agosto ela estará concluída”.

Dentro do planejamento da obra, disse Vladimir de Souza, estava prevista a liberação de uma via alternativa para fazer a ligação da Avenida Recife com a Avenida Mascarenhas de Moraes. Essa ligação passaria, segundo ele, pela Avenida Raimundo Diniz, requalificação da Rua Rio Maranhão, a interligação dessa via através de desapropriação na Rua Beberibe e a ligação da Rua Pampulha até a Mascarenhas de Moraes. “Tudo isso foi feito. Realizamos o trabalho de drenagem, implantação de rede de telecomunicações, meio fio e calçadas. Oito meses após o início das obras, começamos a drenagem da Jean Emile Favre. Fizemos mais de 500 metros de drenagem, ligamos com as ruas Cruz e Souza e Craveiro Lopes. Foi feita toda requalificação da Raimundo Diniz e da Rio Maranhão”.

Vladimir de Souza acrescentou que o grande gargalho foi o pontilhão da Rua Pampulha, que exigiu uma reelaboração do projeto naquele ponto. “Isso criou dificuldades para os comerciantes. É uma dificuldade real. Mas estamos correndo para agilizar as ações da obra do pontilhão. As demais áreas da obra já estão prontas. Cerca de 90% da obra está executada. Precisamos terminar o trecho do pontilhão, além de fazer a limpeza e o resto da pavimentação. As obras são recursos da Caixa e desde o início elas vêm sendo acompanhadas e fiscalizada pela Caixa”. O final das obras será em agosto.

O diretor Regional Metropolitano da Compesa, Flávio Coutinho, disse que a Companhia de Abastecimento vem atuando na obra, paralelamente à URB. Ele lembrou que em 2021 houve reuniões sobre as vias onde seriam realizados os serviços e as intervenções, inclusive os possíveis remanejamentos de tubulações para fazer ramais e ligações da rua para as casas. No andamento das obras, houve uma série de questões com estouro de tubulações e vazamentos de esgotos. “Mas, sempre atuamos para sanar os problemas de infraestrutura que surgiram. Foram muitos os problemas de esgotamento sanitário. Foram 136 serviços só na Jean Emile Favre”, afirmou.

Após as críticas dos participantes da audiência pública, sugestões e perguntas para tirar dúvidas, o vereador Felipe Alecrim fez os encaminhamentos. Ele afirmou que, através do seu gabinete, serão construídos vários requerimentos resultantes dos debates para votar em plenário. “Vamos dar encaminhamento, fazer os pedidos de informações à Prefeitura”, disse. Ele colocou o mandato à disposição dos moradores do Ipsep e disse que irá ao bairro para acompanhar e fiscalizar a obra.

Clique aqui e assista a matéria do TV Câmara do Recife.

Em 22.05.2024.