Solene comemora 25 anos da Comissão de Direitos Humanos Dom Helder Câmara da UFPE
A criação da Comissão de Direitos Humanos Dom Helder Câmara, segundo Liana Cirne, demonstra o respaldo institucional e a seriedade com que a iniciativa foi encarada desde o princípio. “A Comissão de Direitos Humanos Dom Helder Câmara tem desempenhado um papel fundamental na conscientização e promoção dos direitos humanos dentro da comunidade universitária e além dela. Seus esforços têm sido voltados não apenas para combater o desrespeito aos direitos fundamentais, mas também para educar e sensibilizar todos os envolvidos - professores, técnico-administrativos e alunos - sobre a importância de uma convivência humana, respeitosa, fraterna e igualitária em todos os aspectos da vida acadêmica e social”.
Liana Cirne disse, na tribuna, que educar para os direitos humanos representa um ato de teimosia e resistência. Ela afirmou que a universidade continua sendo um dos mais importantes pilares de resistência ao fascismo. “Por isso, a universidade é tão disputada. A quantidade de alunos que eu tive ligada à escola sem partido, que defendiam um ensino sem nenhuma formação humana, sem transversalidade de direitos, entristece. E, também, a quantidade de professores que hoje defendem que a universidade se reduza ao papel de retransmissão de conhecimentos técnicos. E sabemos que nem é isso porque não existe uma técnica imparcial. Retomamos o papel de educar para os direitos humanos e a Comissão, dentro da universidade, fazendo com que a UFPE seja a universidade que é. E com a vocação que tem”.
A parlamentar ressaltou que a Universidade Federal de Pernambuco não tem somente o objetivo de formar profissionais aptos, mas cidadãos aptos, honrando os legados de Dom Helder e Paulo Freire. “Proporcionando uma sociedade mais justa e mais igual em que os avanços tecnológicos sejam disponibilizados por todos, e não para acirrar desigualdades sociais e econômicas. Celebrar esses 25 anos da Comissão é celebrar a vitória de um projeto político e pedagógico da universidade e reafirmar a nossa vocação humanista, cidadã contra uma ideologia que tenta massacrar as universidades”. Depois de concluir o discurso, Liana Cirne entregou um certificado à Maria José, presidente da Comissão de Direitos Humanos Dom Helder Câmara. Logo após, a aluna de Direitos Humanos, Redjane Andrade, declamou um cordel.
O ex-reitor da Universidade Federal de Pernambuco, professor Anísio Brasileiro, ressaltou que a Comissão e a UFPE representavam valores que convergem no sentido de fortalecer no Brasil a democracia, a solidariedade, a cooperação e a ética. O professor também fez questão de parabenizar a Comissão. “Estou muito feliz por estar aqui, hoje, revendo muitos colegas de longa data. Parabéns à Comissão pelos seus 25 anos”.
A presidenta da Comissão, professora Maria José, pontuou que é realizado um trabalho coletivo com a participação de muitos nomes. “São pessoas fieis que trilham o caminho em defesa dos direitos humanos. Direitos humanos, a priori, são compreendidos como todos aqueles destinados à promoção da dignidade da pessoa humana, tais como educação, moradia, trabalho, religião, identidade de gênero, orientação sexual, entre outros. A educação dos direitos humanos desperta na criança, jovem, adulto e idoso o compromisso e o respeito, enquanto pessoa humana, em se sensibilizar e promover o cuidado mútuo em aceitar o outro em sua adversidade”.
Ela citou, também, atividades que são realizadas. “A comissão desenvolve vários projetos, que vão do cuidado com o idoso, passando pelo tráfico de pessoas até a educação pela paz. Já promoveu inúmeros congressos e seminários, trabalhando os mais amplos valores da cidadania e da cultura de paz, várias produções retratam esse trabalho junto com o MEC, movimentos institucionais como os Focolares, por exemplo, além de congressos nacionais e internacionais". A professora explicou , ainda, o valor da convivência entre as pessoas e enalteceu o papel da instituição. "Os seres humanos são marcados por muitas diferenças que constroem a identidade única de cada um. Essas diferenças ganham destaque no momento em que cada ser é provocado a conviver com outras pessoas. É preciso crescer com a diferença do outro. Aprender com a diferença é um caminho que lapida o jeito humano de ser para garantir que a essência individual exista afim de que ela possa brilhar ao lado das essências individuais de outras pessoas formando um ecossistema equilibrado e coletivo. Eis o papel da Comissão de Direitos Humanos Dom Hélder Câmara da Universidade Federal de Pernambuco”.
O reitor da Universidade Federal de Pernambuco, Alfredo Gomes, pontuou que ainda existe uma grande divisão na sociedade brasileira e destacou o valor da democracia. “A divisão da sociedade ainda persiste e, se nós não cuidarmos dessas pautas, poderemos ser surpreendidos com pautas retrógradas à constituição de uma sociedade solidária e que promova o bem-estar da população em geral. A universidade respira e vive bem em ambientes democráticos. Aqui fica o nosso agradecimento a todos que se dedicaram por longa data na formação da Comissão e estamos fazendo um esforço de fortalecer esse projeto. Precisamos fazer a universidade cada vez mais plural, inclusiva diversa e precisamos avançar, também, nas pautas para a constituição de uma universidade antirracista e anticapacitista. E devemos discutir isso, inclusive, com a cidade. A nossa universidade tem trabalhado para fortalecer essas pautas".
Também compuseram a Mesa de Honra da solenidade, a presidente da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Márcia Ângela e o professor Manoel Moraes, diretor cultural do Instituto Dom Helder Câmara.
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Em 17.05.2024