Solene comemora 25 anos da Comissão de Direitos Humanos Dom Helder Câmara da UFPE

Uma reunião solene em homenagem ao 25º aniversário da Comissão de Direitos Humanos Dom Helder Câmara da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) foi realizada, na manhã desta sexta-feira (17), no plenário da Casa de José Mariano, por iniciativa da vereadora Liana Cirne (PT). “Essa iniciativa merece ser celebrada e a Comissão reconhecida pela sua história, impacto e compromisso com os valores fundamentais dos direitos humanos”. O vereador Ivan Moraes (PSOL) presidiu o evento.

A criação da Comissão de Direitos Humanos Dom Helder Câmara, segundo Liana Cirne, demonstra o respaldo institucional e a seriedade com que a iniciativa foi encarada desde o princípio. “A Comissão de Direitos Humanos Dom Helder Câmara tem desempenhado um papel fundamental na conscientização e promoção dos direitos humanos dentro da comunidade universitária e além dela. Seus esforços têm sido voltados não apenas para combater o desrespeito aos direitos fundamentais, mas também para educar e sensibilizar todos os envolvidos - professores, técnico-administrativos e alunos - sobre a importância de uma convivência humana, respeitosa, fraterna e igualitária em todos os aspectos da vida acadêmica e social”.

Liana Cirne disse, na tribuna, que educar para os direitos humanos representa um ato de teimosia e resistência. Ela afirmou que a universidade continua sendo um dos mais importantes pilares de resistência ao fascismo. “Por isso, a universidade é tão disputada. A quantidade de alunos que eu tive ligada à escola sem partido, que defendiam um ensino sem nenhuma formação humana, sem transversalidade de direitos, entristece. E, também, a quantidade de professores que hoje defendem que a universidade se reduza ao papel de retransmissão de conhecimentos técnicos. E sabemos que nem é isso porque não existe uma técnica imparcial. Retomamos o papel de educar para os direitos humanos e a Comissão, dentro da universidade, fazendo com que a UFPE seja a universidade que é. E com a vocação que tem”.

A parlamentar ressaltou que a Universidade Federal de Pernambuco não tem somente o objetivo de formar profissionais aptos, mas  cidadãos aptos, honrando os legados de Dom Helder e Paulo Freire. “Proporcionando uma sociedade mais justa e mais igual em que os avanços tecnológicos sejam disponibilizados por todos, e não para acirrar desigualdades sociais e econômicas. Celebrar esses 25 anos da Comissão é celebrar a vitória de um projeto político e pedagógico da universidade e reafirmar a nossa vocação humanista, cidadã contra uma ideologia que tenta massacrar as universidades”.  Depois de concluir o discurso, Liana Cirne entregou um certificado à Maria José, presidente da Comissão de Direitos Humanos Dom Helder Câmara. Logo após, a aluna de Direitos Humanos, Redjane Andrade, declamou um cordel.

O ex-reitor da Universidade Federal de Pernambuco, professor Anísio Brasileiro, ressaltou que a Comissão e a UFPE representavam valores que convergem no sentido de fortalecer no Brasil a democracia, a solidariedade, a cooperação e a ética. O professor também fez questão de parabenizar a Comissão. “Estou muito feliz por estar aqui, hoje, revendo muitos colegas de longa data. Parabéns à Comissão pelos seus 25 anos”.

A presidenta da Comissão, professora Maria José, pontuou que é realizado um trabalho coletivo com a participação de muitos nomes. “São pessoas fieis que trilham o caminho em defesa dos direitos humanos. Direitos humanos, a priori, são compreendidos como todos aqueles destinados à promoção da dignidade da pessoa humana, tais como educação, moradia, trabalho, religião, identidade de gênero, orientação sexual, entre outros. A educação dos direitos humanos desperta na criança, jovem, adulto e idoso o compromisso e o respeito, enquanto pessoa humana, em se sensibilizar e promover o cuidado mútuo em aceitar o outro em sua adversidade”.

Ela citou, também, atividades que são realizadas. “A comissão desenvolve vários projetos, que vão do cuidado com o idoso, passando pelo tráfico de pessoas até a educação pela paz. Já promoveu inúmeros congressos e seminários, trabalhando os mais amplos valores da cidadania e da cultura de paz, várias produções retratam esse trabalho junto com o MEC, movimentos institucionais como os Focolares, por exemplo, além de congressos nacionais e internacionais".  A professora explicou , ainda, o valor da convivência entre as pessoas e enalteceu o papel da instituição. "Os seres humanos são marcados por muitas diferenças que constroem a identidade única de cada um. Essas diferenças ganham destaque no momento em que cada ser é provocado a conviver com outras pessoas. É preciso crescer com a diferença do outro. Aprender com a diferença é um caminho que lapida o jeito humano de ser para garantir que a essência individual exista afim de que ela possa brilhar ao lado das essências individuais de outras pessoas formando um ecossistema equilibrado e coletivo. Eis o papel da Comissão de Direitos Humanos Dom Hélder Câmara da Universidade Federal de Pernambuco”.

O reitor da Universidade Federal de Pernambuco, Alfredo Gomes, pontuou que ainda existe uma grande divisão na sociedade brasileira e destacou o valor da democracia. “A divisão da sociedade ainda persiste e, se nós não cuidarmos dessas pautas, poderemos ser surpreendidos com pautas retrógradas à constituição de uma sociedade solidária e que promova o bem-estar da população em geral. A universidade respira e vive bem em ambientes democráticos. Aqui fica o nosso agradecimento a todos que se dedicaram por longa data na formação da Comissão e estamos fazendo um esforço de fortalecer esse projeto. Precisamos fazer a universidade cada vez mais plural, inclusiva diversa e precisamos avançar, também, nas pautas para a constituição de uma universidade antirracista e anticapacitista. E devemos discutir isso, inclusive, com a cidade. A nossa universidade tem trabalhado para fortalecer essas pautas".

Também compuseram a Mesa de Honra da solenidade, a presidente da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Márcia Ângela e o professor Manoel Moraes, diretor cultural do Instituto Dom Helder Câmara.  

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Em 17.05.2024