Venerável Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos recebe homenagem na Câmara

A Via Crucis retrata os passos da Paixão de Cristo, da condenação de Jesus à morte até o seu sepultamento. Desde 1654, a procissão do Senhor Bom Jesus dos Passos, que alude a essa passagem bíblica, faz parte do calendário católico da capital pernambucana. Hoje, a imagem dessa invocação do Cristo é abrigada na Igreja Madre de Deus, no centro do Recife.

“O nosso maior desejo, ao celebrar esta solenidade, é contribuir com essa tradição, que é mantida pelos Irmãos dos Passos com muita luta, atravessando e vencendo muitos obstáculos com muita força de vontade, vencendo muitas batalhas travadas ao longo de todos esses anos e que são travadas, até com mais intensidade, nos dias de hoje, em que a tradição é simplesmente deixada de lado”, afirmou Felipe Alecrim em seu discurso na tribuna do plenário.

O parlamentar lembrou, ainda, que o nascimento da devoção ao Senhor dos Passos no Recife se mistura à celebração da expulsão dos holandeses do Brasil colonial, no contexto histórico da Restauração Pernambucana. “Eu faço o registro de que é uma grande alegria poder homenagear essa Irmandade que tem, exatamente, essa missão de tornar viva essa memória, essa tradição, de todos os irmãos que bravamente expulsaram os holandeses do nosso país”.

Após a entrega de um certificado honorífico ao provedor da Irmandade, Anderson Pinto Alves dos Santos, o representante dos membros da entidade religiosa, Marcos Paulo Aurélio dos Santos, ocupou a tribuna para tecer suas colocações.

Marcos Paulo dos Santos classificou a Irmandade como “o guardião da memória da Restauração Pernambucana”. “Somos um verdadeiro relicário de refinado gosto da história de bravura dos heróis de Pernambuco, que é um povo combativo, como cantamos a plenos pulmões em nosso Hino”, disse. “Não somos meramente religiosidade por religiosidade popular, e sim um tufão de glórias que reúne resistência, devoção, tradição, história, cultura e arte”.

A solenidade contou com apresentações musicais do Instituto de Música Dom da Paz, da Irmandade das Almas do Recife, e, ainda, com um discurso do provedor Anderson Pinto Alves dos Santos. Ele destacou a influência cultural da devoção ao Senhor dos Passos que se irradiou do Recife para outras partes do Brasil.

“A celebração da primeira procissão do Encerro, em 1654, não só solidificou a devoção local ao Senhor Bom Jesus dos Passos, mas, também, estabeleceu uma tradição duradoura, que ecoaria através dos séculos”, apontou. “Essa devoção se espalhou pela Região Nordeste do Brasil e, eventualmente, por todo o País, influenciando as práticas religiosas e culturais em diversas comunidades”.

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Em 23.05.2024