Carência de serviços públicos no Passarinho é tema de audiência pública
Ao dar início à audiência, Elaine Cristina explicou que o evento decorre da organização das mulheres do bairro e da ação Ocupe Passarinho, que acontece desde 2015 e acaba de lançar a sua sexta carta política. No documento, a comunidade relata a existência de problemas estruturais no local. Além de saúde, educação e mobilidade, há dificuldades envolvendo segurança, meio ambiente, lazer, desenvolvimento econômico e infraestrutura.
“Este é um momento oportuno para aprofundarmos a nossa compreensão sobre como esses desafios se apresentam e pensar estratégias”, disse a parlamentar. “Através da carta política do ano sexto, foi possível entendermos de forma mais precisa como esses problemas estruturais se apresentam na comunidade”.
A representante do movimento Ocupe Passarinho, Ediclea Santos, leu a carta política e detalhou cada necessidade do bairro. As demandas, que explicitam a extensão da precariedade na oferta de serviços públicos e na garantia de direitos para os moradores do Passarinho, vão da necessidade de deslocar-se para outro bairro para obter atendimento em saúde à falta de regularidade no oferecimento de medicamentos essenciais; da necessidade de revitalizar a única praça do local e da ausência de unidades de ensino fundamental II e ensino médio; da desorganização do transporte público ao desabastecimento de água.
Para a moradora do Passarinho, a falta de respostas do poder público ao longo do tempo levaram à urgência de fazer a comunidade ser atendida. “Desde 2015, fazemos um trabalho construído a muitas mãos, vivências, acolhimentos e dedicação das mulheres que formam essa ação de incidência política”, afirmou. “A gente quer ser ouvida. A gente não quer mais ser número nesta cidade. Desde 2015, a gente luta por uma cidade melhor, por uma comunidade melhor, para que as mulheres, as crianças e os jovens sejam atendidos dentro de Passarinho”.
Participaram da mesa de debates da audiência a representante do gabinete da deputada estadual Dani Portela (PSOL), Mônica Oliveira, a representante do Conselho Municipal de Saúde, Carmela Alencar, e a representante da Secretaria de Saúde do Recife, Karla Gouveia.
Segundo Alencar, a situação relatada pela comunidade em relação à saúde é preocupante. Ela se comprometeu a levar a carta do Ocupe Passarinho ao Conselho e sugeriu que fossem adotadas outras medidas, como pressionar o Ministério Público a tomar providências. “É um caso para o Ministério Público se posicionar. Não é só uma questão política. É uma questão da Justiça. Quando os direitos fundamentais da pessoa humana são infringidos, é hora do Ministério Público se fazer presente”.
Já Gouveia se colocou à disposição para ouvir as demandas da população e prestou algumas explicações sobre o atendimento em saúde no local. “Hoje eu venho aqui mais no sentido de escutar, dar algumas respostas que a gente tenha para dar e levar isso para a Secretaria de Saúde”, disse.
A representante da Prefeitura apontou que, atualmente, os habitantes das áreas sem cobertura em saúde da comunidade precisam, de fato, se deslocar para uma unidade instalada em outro bairro. Mas há outras medidas sendo adotadas, como a realização de mutirões em saúde por meio da estratégia Recife Cuida. “Tem uma área muito grande descoberta em Passarinho. Realmente, a gente tem duas unidades que têm a equipe de saúde da família e tem uma grande área que é descoberta. Essa área que é descoberta a gente encaminha para a Policlínica Clementino Fraga [no Vasco da Gama]. Lá tem tanto os médicos clínicos quanto os especialistas”.
Moradores do bairro presentes no plenarinho da Câmara Municipal puderam se manifestar e expressar suas opiniões durante a audiência. Ao final do evento, com base na carta do Ocupe Passarinho, a vereadora Elaine Cristina divulgou, como encaminhamento, que vai apresentar ao Poder Legislativo cerca de 30 requerimentos indicando às autoridades as necessidades do local.
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Em 13.06.2024