Dani Portela recebe Medalha de Mérito Olegária Mariano

A advogada, historiadora, professora, ex-vereadora do Recife e deputada estadual de Pernambuco Danielle Gondim Portela (PSOL) recebeu na tarde desta quinta-feira (4) a Medalha de Mérito Olegária Mariano, honraria concedida pela Câmara do Recife a pessoas consagradas por serviços prestados à humanidade e à paz universal. Mais conhecida como Dani Portela, a deputada recebeu a comenda em cerimônia realizada no plenário do Poder Legislativo municipal por iniciativa da vereadora Elaine Cristina (PSOL). O vereador Ivan Moraes (PSOL) presidiu a reunião solene.

No discurso que proferiu na tribuna do plenário, Elaine Cristina descreveu a homenageada como uma “filha da redemocratização do Brasil, mulher negra, mãe de Alice e Jorge e filha por adoção de um ex-preso político da Ditadura Militar brasileira”. “Segundo ela, é importante se apresentar dessa forma porque a sua história se confunde com as consequências que a Ditadura Militar trouxe para a vida de diversas pessoas”, completou.

Segundo a vereadora, o trabalho como alfabetizadora foi outro ponto de partida para a ligação de Dani Portela com a luta política por direitos. “Começou a ensinar adultos a ler quando ainda tinha 14 anos de idade, e, segundo ela, todas as suas demais funções, seja como advogada, professora, vereadora ou deputada, partiram desse papel que desempenhou ainda na fase da adolescência. Assim, constrói a partir de sua atuação, um processo de alfabetização para a política, tornando-se referência para diversas outras mulheres negras que, assim como eu, passaram a crer na possibilidade de ocupação de espaços políticos no Recife e no estado de Pernambuco”.

Após a entrega da Medalha e do respectivo diploma, Dani Portela assumiu a tribuna do plenário da Casa de José Mariano para tecer suas considerações. No púlpito, a ex-vereadora refletiu sobre Olegária Mariano, a figura histórica do abolicionismo pernambucano que dá nome à homenagem e que, muitas vezes, é mais fortemente associada a seu marido, o também abolicionista – e patrono da Câmara do Recife – José Mariano.

“Se você pesquisar, toda referência sobre ela está nele: ela era a esposa; foi a mulher de um grande abolicionista”, observou. “[Mas] se a gente olha para a trajetória de quem foi Olegária Mariano, ela não foi apenas a esposa de José Mariano. Como muitas mulheres ainda são referenciadas ou referendadas pelos seus companheiros ou até pelos seus pais, porque isso é fruto justamente de uma sociedade que é androcêntrica, sobretudo uma sociedade patriarcal, machista e misógina mesmo”.

Para Dani Portela, também é um problema conceder a pessoas brancas da classe dominante da época – como José Mariano e Olegária Mariano – o protagonismo pela abolição da escravatura no Brasil, quando há registros de uma história de resistência da população negra escravizada no país. Segundo a deputada, a honraria concedida a ela é um lembrete de que mais pessoas negras devem ocupar os espaços políticos de decisão.

“Nós sabemos que a abolição da escravatura não começou com o movimento abolicionista. A abolição da escravatura começou com os quilombos. Foi justamente quando a população negra vinda de África em diáspora, escravizada no nosso país, começou a se rebelar de diversas formas”, afirmou. “Esta homenagem é para dizer que nós precisamos, ainda mais, ocupar lugares de decisão, lugares que são ditos de poder”.

Além da homenageada, da vereadora Elaine Cristina e do vereador Ivan Moraes, também compôs a mesa de honra da cerimônia o presidente do diretório pernambucano do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Samuel Herculano.

Ao final do evento, o vereador Ivan Moraes recordou a chegada de Dani Portela à Câmara do Recife, quando o parlamentar havia sido reeleito para o segundo mandato, e falou dois esforços do seu partido para tornar a política brasileira mais plural. “A formação desta mesa é um retrato que eu vou carregar no meu peito por muito tempo”.

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Em 04.07.2024