Irmã Jucilene de Souza é a nova cidadã recifense

A Câmara Municipal entregou o Título de Cidadã do Recife para a diretora do Oratório da Divina Providência, Jucilene de Souza, em reunião solene realizada na manhã desta quinta-feira (4). A iniciativa da honraria partiu do vereador Felipe Alecrim (Novo), que destacou a missão de fé e amor ao próximo desenvolvida pela religiosa na capital pernambucana. Ela nasceu em Porto da Folha (SE) e chegou ao Recife em 1992. O plenário ficou repleto de fiéis católicos, parentes e amigos da homenageada. A solenidade foi presidida pelo vereador Eriberto Rafael (PSB).

Ao subir à tribuna para fazer o seu pronunciamento, o vereador Felipe Alecrim contou um pouco da vida da homenageada. Disse que é a penúltima, entre os dez filhos de José Luiz de Souza e Terezinha de Souza.  “Além de vir de uma família cristã, a irmã Jucilene de Souza contou com o exemplo e o testemunho do padre Isaías Carlos Nascimento, do frei Angelino, entre outros, os quais a impulsionaram a escutar a voz de Deus”. O parlamentar afirmou ainda que “com apenas 17 anos, ela resolveu sair de sua residência para viver nas mãos da Divina Providência e se instalou no Bairro do Jordão [no Recife], onde sentiu o chamado à sua vocação mais fortemente”.

Ele contou também que aqui, na capital pernambucana, “no dia 2 de fevereiro de 1996, com a aprovação das irmãs de sua congregação e da Igreja, realizou sua primeira profissão religiosa”. Cinco anos depois, conta o vereador, “esse mesmo compromisso foi firmado, perpetuamente, na profissão solene. Ambas as profissões foram realizadas no Oratório da Divina Providência”. Desde o ano de 2010, a irmã Jucilene de Souza assumiu a direção da entidade.

O Oratório da Divina Providência fica em Campina do Barreto, no Recife, e atua na promoção dos direitos, no combate e prevenção à violência doméstica e sexual contra crianças, adolescentes e jovens. Oferece atendimento especializado e técnico em psicologia e assistência social, cursos profissionalizantes, seguridade alimentar, acompanhamento educacional, esportivo e tecnológico.

"Eu não tenho a menor dificuldade em dizer que a reunião solene de hoje não é apenas para homenagear a senhora, irmã, mas para homenagear o Recife também, que ganhou a senhora como cidadã”, ressaltou Felipe Alecrim. Ao finalizar o discurso, ele fez uma oração em conjunto com os presentes e pediu uma salva de palmas à homenageada. Em seguida, o vereador fez a entrega do Título de Cidadã do Recife para a irmã Jucilene de Souza.

A solenidade contou com a exibição de um vídeo com imagens de momentos da vida da irmã Jucilene de Souza e depoimentos de parentes e religiosos. Além disso, também ocorreu a apresentação do Coral do Oratório, junto com o músico Carlos Mauro e sob a regência do maestro Lúcio Sócrates, que executaram as músicas "Fica Sempre" e "Vida, o Sonho de Deus".

Numa quebra de protocolo da solenidade, três pessoas discursaram na tribuna da Câmara Municipal do Recife para homenagear a irmã Jucilene de Souza. Primeiro, foi a superiora das Servas Franciscanas da Divina Providência, irmã Fátima Carneiro. Ela pontuou que a presença dos amigos e familiares na solenidade demonstrava a importância e o merecimento do reconhecimento do Título de Cidadã do Recife para a irmã Cilene, como chamou carinhosamente. “Sempre muito habilidosa, delicada, simples, terna nesse seu jeito. Ela sempre viveu dessa forma imbuída pelos valores cristãos que advém das Servas Franciscanas da Divina Providência que tem como meta 'onde está o pobre, lá deve estar a serva'”.

O sobrinho da homenageada, Denisson Souza, falou em nome da família e agradeceu a honraria. "São mais de 30 anos nessa missão e sabemos da sua capacidade, bondade e paciência em cuidar daqueles que mais precisam. Nós, familiares aqui presentes e os demais que não puderam vir, estamos muito orgulhosos de você”, afirmou. “Que esse Título seja um lembrete constante do impacto positivo que você tem na vida das pessoas ao seu redor e do amor incondicional que compartilha por esta cidade incrível".

O coordenador de projetos do Oratório da Divina Providência, João Victor Leite, salientou o papel da fé em Deus nos caminhos escolhidos e trilhados pela irmã Jucilene. "A sua chegada e a sua permanência até hoje no Recife têm um motivo que, para muitos, pode ser até loucura”, disse o religioso. Afinal, salientou ele, a irmã chegou à cidade com 17 anos, deixando a sua família e a terra natal. Ele salientou que para aqueles que não conhecem o processo da fé em Deus, tal trajetória não é fácil de se compreender, mas a resposta está em “uma pessoa: Jesus Cristo. Foi Ele e é Ele que lhe faz permanecer, lhe sustenta e enxugou os seus olhos quando as lágrimas de saudade caiam”.

Em seguida, foi a vez da irmã Jucilene de Souza ocupar a tribuna e tecer as suas considerações. "Ser cidadã recifense é comprometer-se ainda mais a trabalhar pela união de todos, em torno de princípios que levem a população ao desenvolvimento humano e justo, sendo capazes de trazer não somente pão e trabalho para todos, mas sobretudo dignidade, e aqui entra a fé em Deus”, salientou. “É preciso pautar o desenvolvimento com a fé e resgatar as bem-aventuranças que Jesus nos ensinou como normas de vida. Isto não somente nos trará a paz, mas também o progresso, porque nos ajudará a combater o egoísmo e a inveja".

Ela disse que foi o sonho de mudar o mundo que a encorajou a sair de Sergipe para seguir a missão que vive hoje no Recife. "Não nos conformamos passivamente com a realidade que nos cerca, no mais profundo do coração dos que sonham, há uma força que os impulsiona, que nos deixa inconformados e nos torna capazes de dar a vida para a construção de um mundo melhor”, afirmou.

“Eu cheguei no Recife no dia 27 de janeiro de 1992, há exatamente 32 anos. Era uma noite de chuva e quem é de Recife sabe o tamanho dos alagamentos, mas no meu coração e nos meus olhos, havia mais enchentes do que mesmo a cidade. Se tratava da saudade de ter deixado a minha família e, em especial, os sobrinhos, por quem sou apaixonada”, destacou.

Aqui no Recife, disse que encontrou crianças em situação de extrema pobreza e um cenário dominado pela violência e pelo tráfico de drogas. Aos poucos o amor a Deus e às crianças pobres do Recife foram preenchendo a falta da sua família. Falou também do alento quando conheceu o Morro da Conceição. “Esse Título me faz tomar consciência que o que Deus plantou no meu coração nesta cidade, eu preciso fazer germinar, e isso eu não faço sozinha – mas com a ajuda de todos”.

Em meio a aplausos dos presentes no plenário da Câmara Municipal do Recife, ela disse também: “obrigada por me acolher e, agora, de papel passado. Acolhendo a mim, acolhem também a missão do Oratório”.

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Em 04.07.2024